Capítulo 15

454 17 8
                                    

PAULA

Já fazia quase 2 meses do acidente do Breno, graças a Deus a recuperação estava sendo ótima, os ferros da perna dele já tinham sido removidos e a fisio tinha começado. Ele xingava toda vez que o porteiro interfonava avisando que a fisioterapeuta estava subindo porque ele dizia que sentia muita dor e devia ser verdade porque quase sempre ele chorava.

Nós tinhamos procurado muitas indicações antes de contratar um profissional pra cuidar da perna do Breno porque ele queria ficar bom o quanto antes e precisava ser algo realmente eficiente. Decidimos pela Fernanda porque todo mundo falava muito bem dela e na nossa primeira conversa ela me passou muita segurança. Resolvemos os horários, valores e fechamos o pacote, ela viria 3 vezes por semana, sempre as 15:00. Era a segunda semana de exercícios, quarta feira e enquanto o Breno sofria eu resolvia algumas coisas de trabalho pelo telefone.

Paula: - Ta, então as 14:00 eu to ai... nada, eu que agradeço. Tchau!

Breno: - e ai mor, resolveu?

Paula: - eles só podem me atender na sexta a tarde, não tem jeito. Fernanda, será que teria como você trocar o horário do Breno sexta feira? Tipo vim de manhã ou a noite?

Eu não gostava de deixar o Breno sozinho com a Fernanda porque ela olhava pra ele de um jeito diferente, eu tinha percebido isso desde a nossa primeira conversa. Sempre durante as sessões eu ficava no quarto, mesmo que sem fazer nada, só pra monitorar. O Breno sabia do meu desconforto, mas dava risada sempre que eu comentava dizendo que era coisa da minha cabeça.

Fernanda: - infelizmente não Paula, minha agenda está lotada e esse horário já foi um encaixe. Nós podemos pular essa sessão, mas qualquer dia a menos pode retardar os resultados.

Paula: - ok então, vocês não terão minha companhia durante a próxima sessão infelizmente. - eu contei até dez antes de responder e fui o mais elevada possível porque não queria atrapalhar o tratamento do Breno.

Ela terminou o trabalho, se despediu e assim que passou pela porta do apartamento eu ouvi o Breno gargalhar do quarto.

Paula: - o que foi, senhor engraçadinho? Ta rindo do que? - voltei pro quarto com cara de brava.

Breno: - mor, você é hilária! Qual o problema de eu ficar sozinho com a Fernanda aqui?

Paula: - todos, eu não confio nela!

Breno: - e em mim, você confia?

Paula: - em você eu confio, até porque seria horrível ficar ruim da outra perna ne? Imagina ter uma parte do corpo arrancada? - ele fez cara de assustado porque sabia exatamente do que eu estava falando.

Breno: - noooossa mor, você não seria capaz! - ele falou já colocando as mãos sobre a bermuda.

Paula: - vai testando pra ver!

A sexta chegou, eu deixei tudo pronto no quarto e fui resolver o que precisava na rua, queria demorar o mínimo possível.
Graças a Deus eu fui atendida pontualmente as 14:00, ainda passei no shopping para pegar umas coisas e as 15:00 já estava no Uber a caminho de casa.
Cheguei fazendo o mínimo de barulho possível, queria ver o tamanho do profissionalismo da Dra. Fernanda e assim que abri a porta pude ouvir um papo que não me agradou muito.

Breno: - você tem noção do que ta tentando fazer? Eu sou noivo, Fernanda!

Eu parei onde estava, minhas pernas tremiam e minha vontade era entrar naquele quarto já gritando, mas eu queria ouvir até onde a conversa ia.

Fernanda: - não tem problema, eu não sou ciumenta e a Paula não precisa saber.

Breno: - eu não me importo de você não ser ciumenta, eu amo minha noiva e sou fiel a ela, não preciso de outra mulher!

Fernanda: - nossa Breno, pelo que eu vi no BBB você era mais soltinho.

Breno: - eu posso até ser soltinho, mas se eu tiver solteiro, o que não é o caso e eu espero que nunca mais seja. Você me causou um problema porque agora eu vou ter que ir atrás de outro fisioterapeuta e isso pode atrasar meu tratamento.

Fernanda: - calma, não precisa disso! Eu já entendi que não vai rolar nada entre a gente, posso continuar cuidando da sua perna sem nenhum problema.

Estava na hora de eu ter uma conversinha com a Dra. Fernanda, o Breno já tinha falado e eu ouvido demais.

Paula: - não tem a menor chance de você continuar tocando no meu noivo depois dessa palhaçada! - a fisioterapeuta ficou sem cor quando me viu entrar no quarto. O Breno também se assustou, mas ele não tinha o que temer.

Fernanda: - você ta ai a muito tempo?

Paula: - o suficiente pra ouvir a conversa de vocês. Agora você vai sair de perto do meu noivo, levantar da minha cama e ir embora da minha casa de preferência ser dar mais um piu porque eu não quero ter que ouvir a sua voz. Amanhã pode passar na portaria que o seu pagamento vai estar lá, agora some da minha frente!

Ela levantou, passou do meu lado e eu pude mer o medo nos seus olhos. Minha vontade era arrancar cada mecha daquele mega que ela usava, mas tinha que ser superior a ela. Meio mimuto depois vi a porta de entrada bater, sai do quarto pra olhar e ela não estava mais lá.

Paula: - viu? Eu sabia que ela não prestava!

Breno: - desculpa mor, eu não tinha percebido nada e você ouviu que eu dei um fora nela ne?

Paula: - pra sua sorte eu ouvi! Mas não vi o que ela fez.

Breno: - nada demais, ela só subiu a mão um pouco demais...

Paula: - O QUE? EU NÃO TO ACREDITANDO NISSO! Eu devia ter acabado com aquela vagabunda!

Breno: - amor, calma! Já passou, ela já foi embora e não aconteceu nada. Vem cá!

Eu subi na cama e deitei do lado do Breno, estava muito nervosa.

Breno: - eu não ia fazer nada com ela, você sabe que eu te amo!

Paula: - eu sei, eu confio totalmente eu você, mas é foda pensar em algo assim. Imagina se fosse o contrário?

Breno: - Deus me livre! Agora chega, vem cá que eu to morrendo de saudade.

Eu levantei o rosto e o Breno me beijou, deixando todo o estresse causado pela fisioterapeuta sem noção de lado.

Estava escritoOnde histórias criam vida. Descubra agora