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Capítulo 5

São neste momento dez e vinte e cinco e o professor deixou-nos sair mais cedo. Homem horrível este que subiu apenas um pouquinho na minha consideração. Ele não sabe explicar, ponto. Está sempre virado para o quadro, escreve demasiado rápido e deixa-me no vácuo, o que fazer? não sei. Pois é, eu não sei o que fazer quanto a isto. Provavelmente falar com alguém do segundo ano. Se encontrar alguém no corredor, ainda troco algumas palavras. Já previamente rezando para não me engasgar, nunca se sabe. Eu ando ultimamente a surpreender-me a mim mesma pela negativa, para ser honesta.
Arrumo os meus materiais escolares dentro da minha pequena mochila e coloco a mesma nos meus ombros. Saio da sala de aula dirigindo-me para a saída do estabelecimento.

Espero sinceramente que o Sr. Caniff ainda não esteja lá fora.

Honestamente, prefiro que eu espere por ele enquanto está toda a gente a ir-se, do que seja ele a esperar por mim.
Já tenho razões para que cheguem (exemplo, ele distrai-me muito), mas neste momento tenho uma particular.
A minha querida amiga de coração  (sintam a ironia) decidiu mudar também o horário das aulas dela, pois é.

Ela tem um vício que toda a gente odeia e não suporta: meter-se na vida dos outros (particularmente na minha).
Fico com vontade de lhe fazer crueldades do tipo junção do género terror com acção.

Mas não quero que ela saiba que o taylor me vem buscar porque: vai afastá-lo; vai atirar-se a ele; vai inventar histórias sobre o motivo de ele me vir buscar; vai contar a alguém que vai contar aos meus pais que eu ando a sair com um rapaz; vai mandar boquinhas depois de conseguir exatamente o que quis.

Isto tudo para me atiçar.
Não sei onde ela arranja tempo, paciência e vontade para cuidar de uma vida que não é a dela. E com cuidar não me refiro ao ato carinhoso, refiro-me a fazer merda mesmo.

As minhas esperanças morrem quando o vejo encostado ao seu carro branco e caríssimo a observar o telemóvel com um gorro na cabeça.

Nem quando está no sítio errado na hora errada, é simplesmente irresistível. Quando achava que não podia ficar mais atraída por ele, engano-me. 

Olho à volta à procura da "minha queridinha"  encontrando-a a olhar para ele. Desejo escorre-lhe pelos olhos.

Volto a olhar para o meu chefe, o estupidamente sensual chefe, quero dizer.
Ele sobe o olhar e encontra o meu olhar. Solta um sorriso atrevido, provocando-me (e conseguindo, como não?)

Baixo a cabeça para ele não se aperceber que teve efeito em mim e que gostei. Caminho até ele.
Ele pega na minha mão provocando choques no interior de mim e abre a porta do lugar de pendura do seu carro e ajuda-me a entrar.
Cavalheiro.
Solto um pequeno sorriso tímido para ele.
Ele já deve ter feito isto com milhões de raparigas.

Ele entra para o lugar do condutor e liga o carro.

Observo-o atentamente.

Ele é simplesmente lindo. Ele tem um sorriso adorável. Tem uns olhos cativantes e brilhantes, mesmo que a cor não seja aquele anormal verde ou azul, os olhos dele são fascinantes por todas as outras razões sem ser a cor deles. E isso faz-me corar porque ele claramente se apercebeu e soltou um sorriso de canto (atrevido). Desvio o olhar.

"Então, já tem um relatório acerca da minha pessoa fisicamente, ou necessita de mais tempo de observação?" diz divertido.

"Tenho uma única observação a fazer" decido entrar na brincadeira dele. Ele acena afirmativamente não tirando os olhos da estrada. "Está a usar gorro" solto um pequeno sorriso.
Soltando também um pequeno sorriso de canto, ele tira o gorro.

Quase que parecendo propositado, paramos num sinal vermelho.

Ele aproveita e remexe o cabelo deixando o mesmo selvagem, o que me atrai a tocar-lhe no cabelo. Quando a mão está já em seu meio caminho eu paro apercebendo-me do que ia fazer. Meto as duas mãos no meu colo como estavam anteriormente e baixei a cabeça disfarçando o embaraço.

Após uns minutos de silêncio ouvi um risinho repentino. Confusa, dirigi o meu olhar a ele, que logo me esclareceu. "Héstia, adoro vê-la com essas roupas casuais. Dá uma ideia totalmente diferente de si." Pelo o que ele disse, eu tomaria como um elogio (ou não) mas, pela maneira como ele proferiu estas palavras, ele falava de uma maneira sexual.

Analisando a situação, ele comparativamente a mim é o deus do sexo.

"Não sei se estou a achar piada ao facto de não me responder. Héstia quando estou consigo eu quero falar consigo, interagir consigo. Está constantemente a ignorar-me. E isso deixa-me meio que furioso" ele diz apertando o volante um pouco. "não precisa de se enervar" digo de voz baixa encarando as minhas mãos.

Eu estou totalmente frágil para ele. Pareço uma total idiota. Não estou a achar piada nenhuma à situação. Suspiro e mentalizo-me que tenho que ser mais firme com este rapaz.

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Revisto.

Avocation - TC.Onde histórias criam vida. Descubra agora