Acordei com o Luan me botando deitada em um sofá, olhei em volta, estávamos em uma casa grande e com uma televisão enorme.
— Onde estamos? — perguntei me sentando
— Em Búzios — ele respondeu ligando a TV — Como esperado — ele riu olhando a reportagem sobre a operação na TV.
Relaxei no sofá assistindo a reportagem onde falavam que meu pai estava morto e minha mãe presa, falavam que a Tuane havia sido liberada e tudo que tinha acontecido.
— Minha mãe está por aqui? — perguntei sentindo minha barriga doer de fome
— Bem longe daqui — Luan falou se levantando
— Tô com fome, tem alguma coisa pra comer? — ele balançou o ombro indiferente
— Acho que não, mas podemos dar um rolê pra ver se achamos alguma coisa — Falou subindo as escadas, levanto e vou atrás dele já que não conheço a casa.
Entrei na única porta que estava aberta e o Luan estava tirando a camisa, senti vontade de voltar pra trás mas continuei ali parada
— Aonde estão minhas coisas? — perguntei, ele se virou para mim e seu olhar percorreu todo meu corpo me deixando sem graça
— No quarto do lado — concordei me virando pra sair — Vê se não demora muito, tá meio tarde já e eu não conheço a cidade — sai andando e ele ficou falando mais algumas coisas que eu não liguei.
O quarto é lindo e tem uma vista bonita do mar, tava de noite e resolvi deixar a janela aberta pra entrar um pouquinho do cheiro da maresia.
Tomei um banho e me permiti chorar um pouco, estou me sentindo sobrecarregada com tudo que estava acontecendo, parece que toda adrenalina foi embora e o turbilhão de sentimentos por tudo que aconteceu me atormenta.
Não estou afim de me arrumar e só fiz um toque no cabelo, quando desci o Luan estava falando com alguém no celular e parecia bem tranquilo, tava de boné cobrindo o rosto e tinha tirado a barba, continue encostada na escada esperando ele terminar a conversinha dele e ele se virou me olhando.
— Escutando conversa alheia, Milena? — brincou me fazendo rir, terminei de descer as escadas e ele olhou na minha direção, me analisando dos pés à cabeça — Vamos? — concordei sem graça
Estávamos em uma parte altíssima da cidade e descemos andando, parecia ser bem movimentado à noite, já era umas 23h30 e tinha bastante pessoas nas ruas.
— Não é perigoso pra você aqui? — perguntei baixo enquanto nos sentávamos em uma lanchonete
— Olha pra essas pessoas ao seu redor — olhei — Tu acha mesmo que elas sabem quem eu sou? — balancei o ombro indiferente — Ninguém aqui tá ligado em noticiário não, galera ta aqui pra distrair a mente, se divertir — concordei, é a mais pura verdade — Fora que 80% aqui é gringo, então — fez cara de indiferente
— Verdade, queria que minha mãe estivesse aqui — falei nostálgica, lembrando da vez em que minha mãe quase pegou eu e ele dormindo juntos
— Fica assim não, logo logo ela tá aí contigo po — acendeu um cigarro
Fomos atendidos e pedimos hambúrguer artesanal e nem preciso falar que o Luan odiou.
— Bagulho sem graça, tem nem batata palha, prefiro os x-tudão lá da favela, duas carnes 10 conto — falou puto me fazendo rir
— Para de reclamar, esse molho é uma delícia — ele negou
— Tô cheio de fome ainda, bagulho é um ovo com pão e tá suave — voltou a atenção pro celular
— Eu tô satisfeita — bocejei
— Tá com sono né? — perguntou mansinho fazendo meu coração acelerar — Bora pedir a conta e vazar pra tu poder descansar — concordei
Pagamos e fizemos uma caminhada boa até em casa, não tínhamos assunto, o cheiro de maresia me acalmava de uma forma gostosa.
— Po, tu pode ficar no quarto que tem banheiro, eu fico em qualquer outro — falou abrindo a porta
— Beleza — respondi subindo
Eu não conseguia dormir, saber que o Luan tava ali no quarto ao lado do meu me deixava inquieta.
Minha mente foi até o dia em que nós pegamos pela primeira vez, eu nunca estive com alguém tão bom e experiente assim, o Luan tem tudo de bom, quando eu digo tudo, eu falo do coração, do sexo, do jeito de agir, sei lá.
Levantei na intenção de tomar uma água e cacei meu chinelo naquela escuridão, abri a porta e segui o corredor escuro dando de cara com ele no corredor, trombando em meu ombro.
Me segurou pela cintura com o impacto, foi como se fosse o nosso primeiro contato, seus olhos percorrendo meu rosto e meu coração batendo forte no peito, eu mal me lembro da última vez em que estivemos tão próximos assim.
*Não esqueça seu fav e seu comentário.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Olhares - Livro 1.
Teen Fictionrespirar olhares, eu vi em você o amor e a felicidade em mim. A história de Luan e Milena. Por Cris 💎 Fev/2019. Revisada Maio/2020.