45 - Milena.

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Acordei com o Luan me botando deitada em um sofá, olhei em volta, estávamos em uma casa grande e com uma televisão enorme.

— Onde estamos? — perguntei me sentando

— Em Búzios — ele respondeu ligando a TV — Como esperado — ele riu olhando a reportagem sobre a operação na TV.

Relaxei no sofá assistindo a reportagem onde falavam que meu pai estava morto e minha mãe presa, falavam que a Tuane havia sido liberada e tudo que tinha acontecido.

— Minha mãe está por aqui? — perguntei sentindo minha barriga doer de fome

— Bem longe daqui — Luan falou se levantando

— Tô com fome, tem alguma coisa pra comer? — ele balançou o ombro indiferente

— Acho que não, mas podemos dar um rolê pra ver se achamos alguma coisa — Falou subindo as escadas, levanto e vou atrás dele já que não conheço a casa.

Entrei na única porta que estava aberta e o Luan estava tirando a camisa, senti vontade de voltar pra trás mas continuei ali parada

— Aonde estão minhas coisas? — perguntei, ele se virou para mim e seu olhar percorreu todo meu corpo me deixando sem graça

— No quarto do lado — concordei me virando pra sair — Vê se não demora muito, tá meio tarde já e eu não conheço a cidade — sai andando e ele ficou falando mais algumas coisas que eu não liguei.

O quarto é lindo e tem uma vista bonita do mar, tava de noite e resolvi deixar a janela aberta pra entrar um pouquinho do cheiro da maresia.

Tomei um banho e me permiti chorar um pouco, estou me sentindo sobrecarregada com tudo que estava acontecendo, parece que toda adrenalina foi embora e o turbilhão de sentimentos por tudo que aconteceu me atormenta.

Não estou afim de me arrumar e só fiz um toque no cabelo, quando desci o Luan estava falando com alguém no celular e parecia bem tranquilo, tava de boné cobrindo o rosto e tinha tirado a barba, continue encostada na escada esperando ele terminar a conversinha dele e ele se virou me olhando.

— Escutando conversa alheia, Milena? — brincou me fazendo rir, terminei de descer as escadas e ele olhou na minha direção, me analisando dos pés à cabeça — Vamos? — concordei sem graça

Estávamos em uma parte altíssima da cidade e descemos andando, parecia ser bem movimentado à noite, já era umas 23h30 e tinha bastante pessoas nas ruas.

— Não é perigoso pra você aqui? — perguntei baixo enquanto nos sentávamos em uma lanchonete

— Olha pra essas pessoas ao seu redor — olhei — Tu acha mesmo que elas sabem quem eu sou? — balancei o ombro indiferente — Ninguém aqui tá ligado em noticiário não, galera ta aqui pra distrair a mente, se divertir — concordei, é a mais pura verdade — Fora que 80% aqui é gringo, então — fez cara de indiferente

— Verdade, queria que minha mãe estivesse aqui — falei nostálgica, lembrando da vez em que minha mãe quase pegou eu e ele dormindo juntos

— Fica assim não, logo logo ela tá aí contigo po — acendeu um cigarro

Fomos atendidos e pedimos hambúrguer artesanal e nem preciso falar que o Luan odiou.

— Bagulho sem graça, tem nem batata palha, prefiro os x-tudão lá da favela, duas carnes 10 conto — falou puto me fazendo rir

— Para de reclamar, esse molho é uma delícia — ele negou

— Tô cheio de fome ainda, bagulho é um ovo com pão e tá suave — voltou a atenção pro celular

— Eu tô satisfeita — bocejei

— Tá com sono né? — perguntou mansinho fazendo meu coração acelerar — Bora pedir a conta e vazar pra tu poder descansar — concordei

Pagamos e fizemos uma caminhada boa até em casa, não tínhamos assunto, o cheiro de maresia me acalmava de uma forma gostosa.

— Po, tu pode ficar no quarto que tem banheiro, eu fico em qualquer outro — falou abrindo a porta

— Beleza — respondi subindo

Eu não conseguia dormir, saber que o Luan tava ali no quarto ao lado do meu me deixava inquieta.

Minha mente foi até o dia em que nós pegamos pela primeira vez, eu nunca estive com alguém tão bom e experiente assim, o Luan tem tudo de bom, quando eu digo tudo, eu falo do coração, do sexo, do jeito de agir, sei lá.

Levantei na intenção de tomar uma água e cacei meu chinelo naquela escuridão, abri a porta e segui o corredor escuro dando de cara com ele no corredor, trombando em meu ombro.

Me segurou pela cintura com o impacto, foi como se fosse o nosso primeiro contato, seus olhos percorrendo meu rosto e meu coração batendo forte no peito, eu mal me lembro da última vez em que estivemos tão próximos assim.

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Olhares - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora