Capítulo 4: As Provações

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Os esquadrões classificados desceram as escadas da grande fortaleza escavada sob a montanha, a próxima prova seria "O labirinto".

O grande e escuro labirinto esculpido e criado no coração da montanha estava frio e úmido quando Karsten e o esquadrão entraram na pequena sala que antecedia o lugar.

Os esquadrões restantes esperavam quietos as instruções de Movrahlk, que abriu a grande porta de ferro e sorriu ao dizer:

- Nesta prova terão que se mover no escuro junto com seu time, precisam chegar ao outro lado, na base das escadas. Os dois primeiros grupos que chegarem estão classificados para a final. - o chefe dos assassinos olhou para o breu e sorriu - tomem cuidado, lobos enxergam melhor no escuro que os humanos.

Karsten olhou com indignação para o pai. Movrahlk era um sádico, colocar os próprios assassinos para atravessar um labirinto cheio de lobos vorazes que o próprio Movrahlk tinha caçado e colocado ali.

- Tenham todos uma boa sorte - disse o chefe dos assassinos ao se afastar da grande porta de ferro. - vocês precisarão.

Os grupos de assassinos entraram no grande labirinto. A porta de ferro foi fechada atrás deles.

A prova havia começado. Cada grupo seguiu um caminho desde então, Karsten e o esquadrão seguiam, encostados sob as grandes paredes de pedra, algumas cobertas de musgo pela umidade do lugar frio e ausente de luz.

Luanna encostou em Karsten e sussurrou na escuridão:

- Tenho uma vela. Provavelmente Movrahlk deixou alguns itens que podem nos ajudar. Só precisamos encontra-los.

Karsten encostou em uma parede que indicava um caminho sem saída.

- Concordo, será impossível percorrer este labirinto às cegas, precisamos de algo para acender a vela, provavelmente está jogado em algum lugar por aqui uma pederneira ou uma tocha aleatoriamente acesa. - Karsten olhou para frente, apenas escuridão fria e úmida era o que via, porém, era acolhedor. Karsten gostava da escuridão, achava confortável que as pessoas não o pudessem ver, adorava se esgueirar e deslizar pelas sombras da noite para cumprir seus trabalhos. - Mas temos que tomar cuidado, uma luz neste lugar gritaria nossa localização para os lobos, então ficaremos alertas. - como se para dar ênfase, os lobos uivaram e latiram de algum lugar do labirinto.

Assim que o silêncio caiu, o esquadrão voltou a prosseguir. O escuro do labirinto perturbava e se impregnava no local, os olhos não podiam se adaptar àquela escuridão, os passos iam ficando cada vez mais lentos e cuidadosos até que, em uma esquina, Iounnes esbarrou em uma porta.

- Pode ser uma armadilha. - relatou o assassino aos sussurros qualquer ruído sonoro no labirinto podia significar uma sentença de morte. - Se afastem, vou empurrar.

A velha porta de madeira se abriu com um ruído estridente. Karsten trincou os dentes com o barulho. Os assassinos notaram uma luz fraca, vindo de uma tocha dentro da sala. O esquadrão parou por um minuto, esperando, ouvindo os sons que podiam indicar armadilhas. Ou lobos.

Havia uma pedra no chão. Zohinj a pegou e jogou na sala. Não houve reação, estava seguro. Os assassinos entraram na sala, as armas em punho, se dirigiram até a tocha. Estava quase se apagando. Como se estivesse ali a muitas horas.

- Podemos levar a tocha e acender a vela quando estiver quase se apagando. Desta forma, certamente teríamos mais luz. Provavelmente poderíamos percorrer uma área muito maior deste lugar com luz.

Karsten assentiu e, em silêncio, a grupo de assassinos caminharam por entre os inúmeros caminhos, evitando o uivo dos lobos e os ruídos dos outros assassinos. Qualquer deslize podia significar a morte de alguém.

Luanna passou a mão em uma superfície lisa e a empurrou. Zohinj era quem levava a tocha, se aproximou e indicou para que os outros vissem aquilo.

A porta era de feita de aço puro, Karsten roçou a mão na superfície metálica e antiga, havia muito musgo nas paredes em volta e, na parte inferior da porta ele notou um detalhe. Velhas marcas e símbolos sem sentido estavam escritas no lugar, com uma tinta escura, possivelmente sangue velho e seco. Estavam desenhadas em uma ordem completamente estranha e sobrenatural.

- Alguém tem ideia do que pelos deuses, é isso? - indagou o líder do grupo.

- Achei que Movrahlk tinha mandado construir este lugar... - Iounnes respondeu - mas provavelmente isto tenha milhares de anos, considerando estes escritos. Li em um livro uma vez que os deuses utilizavam símbolos parecidos com estes na antiguidade, quando caminhavam entre nós.

Não podia ser verdade. Seria aquele lugar um templo? Karsten empurrou a porta, que rangeu ao abrir, revelando um lugar empoeirado e seco. A grande sala estava repleta de poeira e teia de aranha livros velhos e devorados por traças estavam organizados em uma estante ao fundo da sala. Grandes taças douradas, gastas com o tempo estavam posicionadas em cima de uma mesa de madeira com um tecido em cima.

Quadros empoeirados marcavam todo o lugar, fazendo com que tudo aquilo parecesse macabro, cadeiras estavam posicionadas em fileiras como se algum culto a algum deus misterioso acontecesse ali.

Um esqueleto se encontrava recostado contra a parede, joias contornavam e adornavam seu pescoço e braços. Um grande livro se encontrava apoiado em sua mão direita, como se o estivesse segurando quando morreu.

Provavelmente era a sacerdotisa do templo.

Karsten tirou cuidadosamente o livro velho e empoeirado debaixo da mão da sacerdotisa morta. O jovem assassino limpou a capa do livro com a mão e viu os antigos símbolos que representavam a língua antiga dos deuses, virou uma página, o papel estava manchado e gasto pelo tempo, mas as palavras mantinham se intactas por um milagre.

"O jogo das sombras" era o que estava escrito na contracapa do livro, na língua comum, o livro poderia ser útil, Karsten podia lê-lo e guarda-lo como relíquia.

- O que, pelos deuses é este lugar? - perguntou Zohinj ao se aproximar dos quadros na parede. As figuras divinas retratadas eram sempre de maneira sombria com a noite em destaque na imagem.

- Pelas figuras, provavelmente é um antigo templo do deus das sombras e da noite, não sabia que era venerado. Achava que as pessoas tinham medo dele - respondeu Karsten quando se lembrou da descrição dos deuses que havia lido em seu livro favorito. - este lugar foi criado apenas para os corajosos e os inteligentes.

Apenas quem conseguia chegar lá sem se perder e conseguir voltar era digno de participar do culto do deus da noite. Ele não era do tipo bom e misericordioso...

O grupo dos jovens assassinos saíram do pequeno templo e voltaram ao labirinto escuro, frio e úmido. O fogo brilhante da tocha acesa não parecia ser efetivo contra aquela escuridão poderosa e milenar.

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Karsten virou mais uma esquina. Estavam completamente perdidos e não escutavam os sons dos outros grupos mais. Talvez eles tivessem perdido, talvez nunca encontrassem o caminho. O pai não viria para busca-lo. Talvez Movrahlk Wannis ficasse satisfeito por saber que nunca mais o filho o traria problemas ou o humilharia novamente.

O jovem assassino estava tão perdido em seus pensamentos tristes e deprimentes que mal percebeu o sinal de alerta de Iounnes e de Zohinj, que andavam a frente do grupo com a iluminação. Luanna o tocou e segurou seu braço em sinal de alerta, não estavam sozinhos...

O grupo não respirava, o som foi quase imperceptível, mas Karsten o ouviu.

Lobos...

FelipeTheWriter

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