Capítulo 03

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CAPÍTULO TRÊS

Assim que Pâmela entrou no carro, Ivana reduziu o volume da música. Respirou fundo, olhando-a rapidamente e trocaram sorrisos. Em seguida, sentindo uma sensação esquisita em seu corpo, deu partida no veículo.

— Então — a médica iniciou o assunto logo que pararam no semáforo. — Tem muito tempo que você se formou?

— Mais ou menos — Pâmela respondeu abraçada a sua mochila. Olhou para a mulher ao seu lado e balançou sutilmente a cabeça, concordando com a beleza dela. — Fez dois anos no início desse ano.

— Ah, isso é muito bom! E pensa em se especializar em alguma área?

— Na verdade, iniciei uma especialização há poucos meses. Na área de dermatologia. Amo cuidar de feridas e lesões! — os olhos castanhos da menina faiscaram e a mulher fez uma careta engraçada. — Ah, qual foi, Ivana? Você tem nojo?

— Não é exatamente nojo. Mas sinto um pouco de 'gastura' quando vejo — ambas deram um risinho. — Não sei exatamente como explicar. Mas é uma área bem interessante. Ali no hospital mesmo precisa de gente capacitada pra isso...

As mulheres seguiram o trajeto conversando animadamente sobre assuntos profissionais.

— Você quer ficar por aqui? Ou quer me acompanhar pra pegar o livro? — Ivana perguntou a moça, assim que se aproximaram da entrada da universidade. — É bem rapidinho.

— Vamos, sim — Pâmela concordou. — Não tenho nada melhor pra fazer em casa...

— Você mora com seus pais? — a mulher indagou após abaixar o vidro do carro para passar na guarita.

— Ah, não, moro com a Nina, minha cadelinha de estimação — rapidamente, mostrou a foto do animal em seu celular. A médica olhou rapidamente. — E você?

— Bem, acho que moro com minhas filhas — deu um sorriso.

— Como assim 'acha'? — a jovem franziu as sobrancelhas.

— É que elas estão estudando em outro estado...

Um breve silêncio reinou entre as duas, enquanto Ivana manobrava o carro no estacionamento da universidade.

Pensativa, Pâmela mordeu o lábio inferior cuidadosamente e lembrou-se do que havia visto na rede social da médica: ela era viúva. Resolveu fingir demência e comentou:

— Mas e o seu marido?

Enviando uma mensagem para a amiga, comunicando que já a aguardava, Ivana sentiu um leve calor na face. Não falava sobre seu casamento com quase ninguém, ainda mais com uma pessoa na qual havia acabado de conhecer.

Por fim, percebendo o olhar curioso de Pâmela, a mulher inspirou de modo profundo e a olhou com seriedade:

— Sou viúva há cinco anos — revelou.

Mesmo já estando ciente de tal, foi visível o embaraço estampado na feição da enfermeira.

— Ah... Nossa! Foi mal! — arqueou as sobrancelhas e remexeu-se no banco.

— Sem problemas. Não teria como você saber disso — Ivana sorriu de modo acolhedor.

Elas dariam continuidade a conversa, quando uma moça surgiu, batendo ao vidro, segurando um livro grosso nas mãos. Ivana e a mulher trocaram sorrisos e apertos de mãos, algumas dúzias de palavras e então, a garota se foi.

— Então, não estou a fim de ir pra casa agora, Pâmela... O que acha de irmos comer alguma coisa? — o sorriso amigável estampava o rosto da médica.

Acasos Da Vida (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora