Capítulo 05

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CAPÍTULO CINCO

A noite estava quente, embora uma brisa fresca soprasse vez ou outra, esvoaçando os cabelos negros de Pâmela, enquanto o garçom a guiava até uma mesa disponível no bar.

Passavam das nove horas da noite de sábado e apesar de ter trabalhado durante todo o dia, sentia-se eufórica para as surpresas que a noite poderia lhe apresentar.

Logo que se sentou, retirou o celular da bolsa e decidiu enviar uma mensagem para Ivana. Notou que balançava as pernas constantemente, evidenciando sua ansiedade. Mandou a mensagem, porém não foi visualizada pela médica, mas não a culpou, afinal, conseguiu chegar ao estabelecimento muito antes do horário que tinham combinado.

Enquanto saboreava uma latinha de refrigerante, tentando curtir as músicas que o cover tocava em um canto do bar, visualizou Ivana conversando com um garçom logo na entrada. Ela sorriu, seus olhos brilharam e claro, seu coração disparou.

Mesmo com a sensação de que suas pernas pesavam mais do que qualquer parte de seu corpo, Pâmela caminhou em direção a médica e houve uma troca de sorrisos.

— Ah, olhe ela aí! — Ivana exclamou reluzente para o garçom.

A enfermeira inclinou-se, envolvendo a médica em um abraço apertado e uma troca rápida de beijos nas bochechas.

— Você está linda, Ivana! — a garota comentou, analisando como o vestido de comprimento mediano demarcava a cintura fina da mulher.

— Também gostei do seu 'tubinho' — deu uma piscadela, analisando o vestido justo e escuro da moça. — Ficou bem em você.

De mãos dadas, mesmo que inconscientemente, seguiram até a mesa onde a jovem se encontrava minutos antes. Fizeram seus pedidos e seguiram conversando, apesar da pequena dose de tensão que as envolviam.

— E como foi o trabalho hoje? Antônia ficou bem?

— Ah, sim, ficou — a garota passou as mãos pelos cabelos, jogando-os para o lado e Ivana apreciou aquele gesto achando-o estupidamente sexy. — Mas é aquele esquema, tivemos que aspirar secreção umas duas vezes. Quando acho que ela vai conseguir sair do respirador, tudo piora — sua feição estava entristecida.

— Ainda mais que é algo que depende mais dela do que nós... — ela elevou as sobrancelhas, apresentando uma feição séria. — Você deve estar cansada, não é?! Tem hora pra voltar pra casa?

— Se eu deitar, com certeza eu durmo, mas, Ivana, estive ansiosa durante todo o dia apenas para encontrar você logo — as duas se observaram intensamente. — Acho que até a dona Antônia percebeu, pois fiquei inquieta o dia todo — as duas deram uma gargalhada.

Enquanto pressionava os lábios, pensando em algo para dizer, o garçom aproximou-se com uma torre de chopp, servindo-as.

— Um brinde a nossa amizade? — Pâmela sugeriu, erguendo a taça.

— A nossa amizade, Pam! — Ivana concordou, tintilando os copos. — O Vinicius já te falou alguma coisa sobre mim?

Sentindo o gosto gelado e levemente amargo da cerveja impregnando seu paladar, a enfermeira respirou fundo e falou:

— Tipo o quê exatamente?

— Ah... — Ivana se desconcertou. Esperava que a garota revelasse tudo sem questionamentos. — E-eu sei lá... Não sei... Talvez sobre o meu estado civil — deu um risinho, provando a bebida alcoólica.

— Hum... — franziu os lábios. — Apenas me disse o que você mesma me contou... Que você é viúva e tal...

— E ele sabe dessa nossa aproximação, Pâmela?

Acasos Da Vida (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora