Acasos Da Vida (COMPLETO)

Capítulo 09

CAPÍTULO NOVE

Assim que Pâmela estacionou sua moto em frente ao condomínio residencial em que Ivana morava, a jovem sentiu o vento frio daquela noite de domingo esvoaçar seus cabelos.

Aquele era o seu dia de folga, na qual usou para ajeitar a casa e trocar mensagens com a médica, tendo em vista que Ivana estava de plantão naquele dia. Porém, fazia alguns minutos que havia recebido uma ligação da mulher, solicitando para que ela viesse buscar uma encomenda que deveria ser entregue a Vinicius a manhã seguinte e com seria folga dela, contava com a gentileza de sua garota para tal.

Por ser tarde da noite, passando das dez horas, Pâmela previu que a visita seria rápida e não se empenhou tanto em se arrumar: usava uma regata preta, um short jeans e um par de tênis coturno.

Segundos antes de o elevador se abrir no andar em que Ivana morava, a garota pode ouvir uma música gostosamente agitada e em um volume considerável. Assim que andou pelo corredor, constatou que a música vinha do interior da casa da mulher, embora a porta estivesse fechada.

Antes de tocar a campainha, Pâmela inspirou de modo profundo, aprumou os ombros e passou as mãos pelos cabelos, jogando-os para o lado. Ivana atendeu a porta usando um vestido curto, sem decote e de mangas curtas, fazendo com que a fantasia que pairava nos pensamentos da enfermeira, ao qual imaginou vindo atendê-la com o famoso lingerie vermelho, se dissipou.

— Entre! — a mulher apresentou o sorriso alvo e acolhedor, no qual tanto aquecia e acalentava a alma de Pâmela nos últimos dias. —, pensei que não fosse vir.

Logo que a jovem adentrou a casa da mulher, as duas trocaram um beijo rápido.

— Precisava ficar um pouco apresentável pra você, né?! — brincou.

— Você é linda de qualquer jeito, minha princesa! — Ivana exclamou encarando a enfermeira. Eram notáveis os olhares cintilantes. — E como foi o seu dia?

— Hã... Nada de mais. Ajeitei a casa, pois estava uma zona — explicou enquanto riam juntas. — E você?

A moça colocou o capacete sobre a mesa de jantar e seguiu Ivana até o quarto.

— Aí, nem me fale! — rolou os olhos e suspirou, evidenciando sua exaustão. — Tivemos duas PCR*. Então, já imagina o tumulto, né?!

— Consigo imaginar... — Pâmela deu um risinho, enquanto observava o quarto da namorada. Era espaçoso e a cama de casal aparentava ser macia.

Ivana abriu a porta de correr de seu closet e ficou por breves instantes lá dentro, como se estivesse procurando por algo e logo em seguida, entregou um pequeno pacote para Pâmela.

— Então você não vai mesmo trabalhar amanhã, né?! — a enfermeira franziu os lábios, formando um beicinho.

— Felizmente, não — Ivana fechou os olhos e juntou às mãos, como se fizesse um agradecimento rápido a alguma força maior. — Justamente por causa da troca de plantões que fiz com o Vinicius, lembra-se?

— Ah, que peninha... — Pâmela deu um risinho analisando o embrulho que segurava. — Pensei que me daria à honra da sua ilustre presença amanhã...

Ivana riu. Aquela gargalhada gostosa, melódica que contagiava facilmente quem quer que estivesse por perto e Pâmela percebeu que a pele clara da doutora tornava-se suavemente rubra, condenando parte da tensão que a envolvia naquele instante.

— Mas se você quiser, posso compensar a minha ausência, dona Pâmela... — sua voz tornou-se mais aveludada e apesar do semblante sério, seus olhos encaravam a jovem profundamente.