Capítulo 06

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Música do capítulo: Lagum e Ana Gabriela - Deixa

CAPÍTULO SEIS

Havia se passado alguns dias desde a intensa aproximação de Pâmela e Ivana. As mulheres conversavam muitas vezes por aplicativo de mensagens de celular e se viam quase que diariamente no hospital. O sentimento entre elas era recíproco e gostoso. Aquilo fez com que uma nova chama de esperança ardesse dentro de ambas, proporcionou uma nova visão de vida que faltava nelas.

Já haviam se passado alguns minutos desde que Pâmela havia assumido plantão naquela manhã. O quarto estava silencioso, a paciente dormia serenamente, mesmo com a bomba de infusão de dieta e o respirador ligado. Na penumbra aconchegante, a menina estava acomodada na poltrona, olhando para o teto, pensando na médica. Ouviu baterem a porta e logo em seguida, ela se abriu, apresentando a silhueta delicada de Ivana.

A enfermeira aprumou o corpo e um sorriso perolado iluminou seu rosto moreno, assim como o sorriso cintilante nos lábios da mulher.

— E aí? Como você está? — Ivana perguntou em um sussurro, enquanto se aproximavam.

— Estou bem — Pâmela afagou os cabelos macios da mulher. Sentiu uma imensa vontade de beijá-la, porém se conteve.

— E a nossa amiga? Passou bem à noite? — referiu-se a Antônia.

— Sim, por incrível que pareça, a moça que fica aqui à noite me contou que antes das onze ela já estava dormindo e seguiu tranquila a noite toda. Nem precisou aspirar — o tom de voz da garota era suave. Falava baixinho para não interromper o sono da paciente.

Em seguida, a enfermeira e a médica conversaram sobre a saúde da paciente, sobre pedidos e resultados de exames, além das medicações. Ao fim, não se aguentando, Pâmela segurou Ivana pelo pulso e a abraçou, beijando seu rosto inúmeras vezes, fazendo com que a médica se contorcesse e gargalhasse baixinho.

— Aí, Pâmela! Pare com isso! — falou aos risos, retribuindo os beijos carinhosos da garota. — Se alguém nos pega...

— Ninguém vai entrar aqui por agora e, além do mais, a Antônia está dormindo, Ivana — a jovem justificou acariciando o rosto da médica. — Não resisto á você! — inclinou-se mais uma vez, roçando seus lábios nos dela.

Iam iniciar um beijo, porém bateram a porta e rapidamente, afastaram-se, iniciando um assunto qualquer sobre o quadro de saúde da paciente. Era a moça que passava toda a manhã, levando café aos quartos. Em seguida, Ivana retirou-se junto com a moça.

Com um largo sorriso no rosto, Pâmela serviu-se de um pouquinho de café e quando ia se sentar, foi surpreendida pelo gesto de Antônia.

Rapidamente, a jovem colocou seu copo sobre o móvel e aproximou-se da mulher, que apresentava um sorrisinho malicioso no rosto. Aquilo provocou um leve rubor em Pâmela.

— Precisa de alguma coisa, Antônia? — ela tocou nas mãos da paciente.

Antônia sorriu e semicerrou os olhos castanhos claros. Mesmo sem conseguir emitir nenhum som, falou com a garota:

— Estou de olho em você.

— Em mim? — as bochechas de Pâmela coraram violentamente. — Ué, por quê?

— Você e a doutora Ivana — semicerrou os olhos novamente, porém continuou sorrindo.

— Oh! O que a senhora está insinuando, dona Antônia? — o coração de Pâmela palpitava forte e teve vontade de enfiar a cabeça em um buraco.

— Está achando que sou besta, Pâmela? Estou percebendo isso há dias, menina — balançou a cabeça e franziu os lábios.

Meneando a cabeça em negação, Pâmela gargalhava descontroladamente, sentindo um misto de sensação que iam desde a vergonha, alcançando um nível extremo de euforia.

Acasos Da Vida (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora