Capítulo 08

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CAPÍTULO OITO

— Hum! Pra mim?! — Ivana exclamou enquanto o embrulho bonito, que estava nas mãos da Pâmela, brilhava aos seus olhos. — Adoro surpresas, senhorita!

A pele morena da enfermeira estava visivelmente avermelhada, condenando seu embaraço. Calmamente, embora estivesse trêmula, pois não esperava tal gesto vindo da garota, a médica recolheu o embrulho bem feito.

Quando seus dedos pensaram em desatar o laço vermelho, Pâmela arregalou os olhos e a segurou, impedindo que ela abrisse o embrulho.

— Não! — exclamou com a voz enérgica, como se houvesse impedido a mulher de acionar uma bomba. — Por favor! Aqui, não! — seus olhos castanhos buscaram os da Antônia, que gargalhava gostosamente em seu leito.

Ivana levantou as sobrancelhas e deixou os lábios entreabertos, exibindo uma gigantesca interrogação em seu semblante. Não estava entendendo nada.

— Ok, tudo bem... — ela suspirou, entregando o embrulho para a garota, ajeitando estetoscópio em seu pescoço. — Mas o que tem aqui de tão extraordinário? — provocou, mordiscando o lábio inferior cuidadosamente. Pâmela adorava vê-la fazer aquilo.

Os lábios da jovem estremeceram-se e a médica percebeu que quanto mais ela buscava uma explicação, mais seu rosto se enrubescia.

— Ah, Ivana! — levou as mãos ao rosto, tampando-o. Gargalhou.

— Estou brincando — deu uma piscadela para Antônia. — Sei que é surpresa, assim como sei que vou amar! — e lá estava aquele sorriso fodidamente sexy que mexia com o imaginário da moça.

Ivana despediu-se da paciente e foi seguida por Pâmela para fora do quarto.

— Espero que você goste — a garota a olhou com profundidade. Um lapso invadiu sua mente ao imaginar a doutora usando a peça que havia escolhido. Sorriu.

— Gosto de tudo vindo de você! — deu uma risada melódica antes de seguir para o próximo leito.

*.*.*

A curiosidade remoía o interior de Ivana a cada segundo, enquanto estava ali, realizando a evolução diária de seus pacientes, com o embrulho bonito sobre a bancada.

Por vezes, surpreendeu-se gargalhando, recordando-se da reação de sua garota: os olhos esbugalhados, o sorrisinho carregado de malícia, as mãos trêmulas... Mais uma vez, mordeu o lábio inferior, dessa vez com mais intensidade, ao lembrar-se de Pâmela Campos.

Balançando as pernas repetidas vezes, acelerou seus afazeres naquela manhã e correu para a sala de descanso dos médicos. Aquele horário, agradeceu por estar vazio e em silêncio, com passos apressados, quase correndo dentro do recinto, foi para o pequeno quarto que havia no local. Era tão minúsculo que havia apenas uma cama e um banheirinho com um chuveiro.

Colocou o embrulho sobre a cama e tratou de trancar a porta. Não queria ser surpreendida por ninguém naquele momento tão particular.

Com o coração batendo forte em seu peito, respirou fundo e desatou o nó do laço, abrindo, finalmente, o embrulho. Dentro, encontrou um pacote com algo vermelho dentro e o retirou.

Impaciente e trêmula rasgou o pacote e um conjunto de lingerie. O tecido era delicado, composto por uma renda vermelha, fina e parecia ter sido feita a mão, de tamanha perfeição.

Mordeu o lábio inferior mais uma vez e fechou os olhos com força, ao ponto de franzir levemente o nariz afilado e em seguida, sorriu, sentindo uma tremenda euforia lhe preencher.

Acasos Da Vida (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora