Capítulo 1

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Fecho os olhos e os cubro com a mão esquerda. Faz um minuto que abri a página da Faculdade de Medicina em que fiz a prova. Respiro fundo. O resultado já saiu e os nomes já estão lá.

O medo de ver a lista é muito grande. Imagina se meu nome não estiver lá? O que vou fazer? E os meus planos, como vão ficar? E o meu futuro? E Adam?

Tem muita coisa em jogo nesse momento. Muita coisa.

Hoje me arrependo por essa ter sido a única faculdade que fiz a prova para ingressar.

Vai, encare logo a realidade, Emma!

Tenho que parar de lamentar antes da hora. Esse realmente é meu problema. Tomar conclusões precipitadas sobre o que ainda está por vir.

Abro meus olhos e procuro o meu nome de baixo para cima.

Subo meus olhos pela tela e nada do meu nome. A cada nome que passo sinto um arrepio correr minha espinha.

Eu preciso passar. É a única coisa que consigo pensar.

Minha barriga enrola e eu sinto um enjoo subindo. Ah, não...As mãos suadas deslizam pelo mouse passando de nome por nome. Já estou chegando no topo e nada do meu nome.

Até que...

20º: Emma Caroline Collins.

É como se algo explodisse dentro de mim. Abro a boca, incrédula e sorrio.

Meu Deus! Consegui ficar em vigésimo lugar? Não esperava nem passar!

Dou um grito de felicidade, ainda incrédula. Grito e rio como se tivesse ganhado na loteria.

- Eu consegui! Eu consegui! – Falo mais baixinho da segunda vez, mais para mim mesma e coloco a mão no coração que bate loucamente e respiro fundo, ofegante.

Meu pai aparece no quarto como um furacão.

Meu pai não é nada parecido comigo. Tem a pele e os cabelos escuros. Todos falam que eu sempre fui a cópia da minha mãe. Cabelos ruivos e pele branquinha. Pálida ao extremo. No primário recebi até o apelido de "Fantasma".

Sinto tanta falta dela. Gostaria que ela estivesse aqui nesse momento tão especial.

- O que aconteceu? Porque diabos está gritando?

Rio descontroladamente. Coitado, deve estar achando que aconteceu alguma coisa.

Moro sozinha com papai. Mamãe morreu quando eu tinha seis anos atropelada. Foi um choque, na época. Eu não entendi o que tinha acontecido. Entrei em um trauma emocional por muito tempo. Não conseguia falar direito com as pessoas, nem comer. Essa época foi muito complicada.

- Nada, papai – Levanto-me da cadeira – Eu consegui! Eu passei na faculdade. Eu vou pra faculdade! – Grito para ele e o mesmo me abraça sorrindo.

Seu sorriso é reconfortante. Ele me diz que está muito orgulhoso, mas que nunca duvidou da minha capacidade. Sei que ele também sofreu bastante com a morte de mamãe.

- Parabéns, filha. Esse é um grande começo!

&&&&

Entro na sala do primeiro ano da faculdade e muitas pessoas já estão em seus lugares.

Hoje é o primeiro dia de aula. Nunca estive tão ansiosa, tão animada. Conhecer novas pessoas, novos amigos, novos lugares...

Como meu pai disse, isso é realmente um grande começo. Sem distrações, sem problemas, sem Adam...

Quando a Chuva CaiuOnde histórias criam vida. Descubra agora