7- Break It Off

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Flashback on.

10 anos atrás.

Pais influenciam seus filhos? Você acha que uma pessoa pode seguir uma vida toda sem viver verdadeiramente sendo quem ela é por seguir os passos dos pais? Eu acredito que sim. Diversos fatores podem influenciar uma pessoa com ideias, opiniões, ideologias..

Nem sempre uma pessoa enxerga com os próprios olhos e sim com a visão do que seus pais querem que você veja. Que você haja. Que você seja.

Sempre me disseram que eu era a comia da minha mãe com a personalidade do meu pai. Eu era metade de cada um. Eu era eles, não eu.

Desde pequena eu cresci achando que eu realmente era como ele, como todos diziam, mas eu não achava. Eu não queria acreditar que eu era como aquele homem.

Eu tinha a nobre essência da raiz mais linda como uma flor exótica por todo carinho que fui criada pela minha mãe, mesmo vivendo em um ambiente sombrio.

Quase todos os dias era a mesma coisa. Gritos exasperados. Choro silencioso. E o remorso de não poder fazer nada. 15 anos. Exatos 15 anos que eu vivenciava isso.

Eu odiava todas as noites, eu não me lembro de nenhuma que tenha sido boa para mim, para ela. Para nós.

Dizer que eu me pareço com ele era a maior das ofensas que poderiam diferir para mim. Eu não era um monstro, eu não queria ser um.

...

20 anos atrás.

-Filha, por que você fez isso?

-Mamãe, foi sem querer.

Disse culpada olhando para meus pés. Eu não queria ter machucado ele.

-Você derrubou ele dá árvore, os vizinhos estão furiosos.

-Mas a culpa foi dele que não se equilibrou!

-Sem mais, Marjorie. Vá para seu quarto!

Meus olhos marejaram no exato momento em que ouvi a bronca vindo do meu pai correndo sem olhar para trás subir as escadas até meu quarto.

Era possível ouvir os gritos exaltados dele com minha mãe enquanto ela tentava acalma-lo justificando o ocorrido.

-Fale baixo, Clifford. Ela pode ouvir.

-Pois que ouça, essa endemoniada. Eu nunca quis ter uma filha, isso é praga. Por isso essa garota só se mete em confusão, você vai ver a dor de cabeça que ela vai dar quando crescer.

Eu chorava baixinho com a porta do quarto numa pequena brecha ouvindo todas as lamentações que ele falava sobre mim, eu era só uma criança. Aquilo machucava. Aquilo doía. Fechei a porta me jogando na minha cama abraçando flip, meu ursinho favorito. Que por contradição do universo foi presente do meu tão querido papai.

Ele estava nervoso, como em todas as outras noites. Mas aquilo iria passar, ele sempre se redimia ao amanhecer, costumava dar flores para mamãe e doces para mim. O papai não era uma pessoa má, só nervoso demais por causa do trabalho. Bom.. Era o que eu achava.

...

17 anos atrás.

Era noite, eu não gostava de escuro, mamãe deixava um pequeno abajur ligado para eu conseguir dormir sem ter medo. A escuridão me assustava, mesmo eu sem saber exatamente o que era ela. Algum bicho papão poderia me pegar se eu ficasse sem alguma luz para me proteger e assustar ele, ele poderia se esconder debaixo da minha cama, ou até mesmo no armário.

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