Universo paralelo.

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Era noite, Otávio e Luccino dividiam a cama, Luccino dormia abraçando Otávio, que apenas o admirava, esperando a chegada de seu sono.

Mas como se esperava, pensamentos venenosos se esgueiravam para dentro de sua mente, liberando paranóias, fazendo com que Otávio fantasiasse. Luccino dormia tão tranquilo e tão perto de si, Otávio só sabia pensar no quão sortudo havia sido por tê-lo ao seu lado.

E apenas esse pensamento era suficiente para as fantasias agonizantes se formassem e lhe intoxicassem com paranóias. Luccino ali, lhe fazia devanear sobre como as coisas seriam se eles tivessem ficado juntos. Tocou delicadamente o colar com a aliança de sua falecida mãe, pensando se aquela relíquia ficaria guardada para sempre.

E se o Uirapuru nunca tivesse aparecido naquela igreja ?


- Eu aceito. - Lídia teria dito. Como se um contrato de sentença de morte fosse assinado.

Otávio também assassinou a própria felicidade, dizendo sim. Agora não havia mais volta.

A festa foi rápida, Lídia queria ir logo para Lua de mel. Otávio se despediu de todos, incluindo Luccino, que havia sido seu maior conforto, ele desejou felicidades, mas seu olhar refletia a mesma tristeza no olhar do capitão.

Otávio se desesperou mentalmente a caminho de sua lua de mel. Havia fugido de uma mulher por tanto tempo, mas agora não haveria escapatória, ele teria de fazer aquilo naquela noite. Lídia parecia feliz, mal sabia ele que aquela felicidade era apenas alívio, sendo assim, ele fez questão de carregá-la até o quarto enquanto sua mente tomava coragem para deitar-se com ela.

Lídia pediu alguns minutos para se preparar para ele, Otávio concedeu e enquanto ele se despia, conteve o próprio ataque de pânico e respirou fundo, lutando contra sua própria vontade e quando Lídia se juntou a ele na cama, ele fez o que ela esperava dele.

Após Lídia dormir, Otávio se levantou e foi para fora da casa, garantindo que não fosse visto, se sentou no chão frio e permitiu seus olhos abrirem as torneiras de lágrimas, seus gritos imploraram para sair, mas foram sufocados. Otávio sentia que fizera a coisa errada, que deveria ter seguido outro caminho. Luccino estava certo, outra coisa o faria feliz, mas agora ele nunca saberia qual.

[...]

Lídia apareceu grávida dias depois, Otávio sentiu um grande alívio, em saber que Lídia estaria impedida de dormir com ele. Oras, ele não deveria estar feliz de ser pai ?

Otávio comprou uma nova casa para os dois viverem, não era grande nem cheia de quartos, mas Lídia achou suficiente. Os meses da gravidez, Otávio foi parabenizado pelos soldados, e por Randolfo. Mas ele sentia a tristeza nas palavras dele, e confidenciou ao amigo que na verdade não se sentia orgulhoso nem entusiasmado por ser pai. O amigo o deu um abraço, e disse que as coisas dariam certo no final.

Como ele estava errado...

Quando o filho nasceu, Otávio o segurou nos braços, não chorou, não se emocionou. Passou a noite perto do berço e não via nada demais naquele bebê, sentiu-se horrível por isso, era seu filho, como podia não sentir nada por ele ? Agora ele tinha outro motivo para se sentir desprezível. Lídia estava feliz pelo bebê, Otávio fingiu um carinho que não tinha, nem por ela nem pelo bebê.

[...]

Otávio voltava de um dia nem tão cansativo no quartel, seu filho, agora um pouco crescido já estava dormindo. Lídia e ele jantaram juntos, e quando se recolheram, Lídia se insinuou para ele.

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