Declaração

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Depois de uma conversa com Mariana,Luccino reflete muito sobre Otávio,pensando se ele seria mesmo como ele,se ele também se interessaria por...rapazes.

Mas se ele se interessa,por que não me falou ?

Por que ele me olha daquele jeito ?

Será que eu estou me apaixonando por ele ?

Essas perguntas martelavam na cabeça do italiano,que começava a se enfurecer,não apenas com Otávio,mas com ele mesmo,todo esses sentimentos novos...inesperados...e não tinha com quem falar,não tinha como saber se era real.

Num ato de coragem e impulsividade , ele decide procurar Otávio e tirar essa história a limpo.

A caminho do Quartel,ele pensa no que dizer,mas tudo cai no esquecimento ao se deparar com Otávio treinando com Brandão,ele sente seu rosto ruborizar,não de raiva,não sabe ao certo o porquê,seu coração acelera,mas ele não desiste,ele entra no Quartel,onde há apenas o coronel Brandão e o capitão Otávio.

- Luccino! - Otávio tira a máscara e sorri por uma fração de segundo,antes do Coronel olhar,confuso.

- Luccino,meu amigo,o que faz aqui a esta hora ? - Brandão põe a máscara debaixo do braço.

- Boa noite,Coronel.- Ele olha pra Brandão,e depois para Otávio,que também estava ruborizado.- Capitão. Eu...preciso falar com o capitão,a sós.

- Tudo bem. - Brandão virou-se para Otávio. - Capitão Otávio,está dispensado. - Ele passou por Otávio e sussurrou algo em seu ouvido,que aumentou o rubor na face do Capitão.

Os dois,devidamente sozinhos,se olharam,e Luccino começou :

- Preciso saber a verdade,Capitão..

- Sabe que pode me chamar de Otávio.

- S-sim...Otávio. Eu preciso saber...você gosta de mim ? - A pergunta era clara e objetiva,mas seu efeito foi um silêncio sepulcral,onde apenas se ouvia o compasso acelerado do coração de Luccino e Otávio,que estava surpreso e aterrorizado,sem fala nem pensamentos.

- E-e-eu...- Otávio não sabia o que dizer,a dúvida martelava sua mente,dividido entre guardar pela eternidade este segredo,ou assumir seus sentimentos por Luccino,a pessoa que roubara seu coração sem nem ao menos dar sinal,de um momento para o outro,ele se viu apaixonado pelo italiano. - É claro que eu gosto de você,é meu amigo.

Luccino já esperava aquela resposta tão usada. Otávio,sem coragem para assumir seu amor por Luccino,o fitava,olhava para a boca do italiano,olhando e imaginando um beijo,mas diante da tensa situação,ele afastou tais pensamentos.

- Otávio,não digo...deste jeito. De outro jeito,você sabe...

- Não...não entendo,nós somos amigos,por isso somos...próximos. - O medo pairava a face de Otávio,que tentava descontroladamente evitar que seu coração pulasse pela boca.

- Otávio,não se faça de tolo! - Luccino estava bravo,mas por outro lado,com medo,e se o capitão o visse realemente apenas como amigo ?

- Não sou tolo! Estou dizendo...somos amigos! - Otávio gritou,já tremendo,não iria conseguir enganá-lo por muito tempo. A covardia era como uma corrente que fazia de prisioneiro o seu pobre coração,que pulsava por - e apenas por - Luccino.

Luccino convenceu-se,um semblante triste tomou conta de seu rosto,ele se virou para ir embora.

- Certo...desculpe o incômodo. - Era notável,para não dizer óbvia,a decepção e mágoa no rosto de Luccino que se virou para ir embora,desconsolado e segurando lágrimas. Como tinha sido tão imbecil ? Como poderia ter achado que o capitão Otávio retribuiria o sentimento dele ?

Contos LutávioOnde histórias criam vida. Descubra agora