Bandeja de doces

508 37 19
                                    

O Major procurava por Luccino na casa de Brandão, não se falavam desde a cerimônia e os olhares trocados pareciam não ser mais suficiente.

Ao passar pela cozinha,ouviu barulho de embrulho. Entrou no recinto e avistou Luccino escorado na mesa - que estava cheia de doces e pratos de quitutes. - com um prato de guloseimas numa mão e a outra pegava outros.

- Que feio,Luccino,roubando doces ?

- Ah, Major! - Luccino,que estava de costas se virou num sobressalto, ainda com a bandeja na mão. - Os convidados estão pegando tudo rápido demais, Mariana disse que eu podia comer os doces daqui.

- Mas eles não são a segunda rodada ? - Otávio se aproximou com um sorriso estranho.

- São sim. - Luccino sussurrou com um sorriso travesso. - Quer um ? - Ele estendeu o prato na frente de Otávio.

- Não como muitos doces. - Otávio contraiu os lábios, mas Luccino não desistiu, deixando a bandeja sobre a mesa e pegando um entre os dedos,levando até os lábios do capitão.

- Vamos lá,estão divinos. - Otávio abriu a boca e mordeu um pedaço do doce, Luccino levou um dos dedos até a boca de Otávio,limpando um pouco de farelo. Luccino se demorou ali naquele contato, sentindo-se vibrante ao tocar na pele quente do Major, roçando no seu bigode e sentindo uma mínima parcela dos lábios de Otávio,que mastigava lentamente,aproveitando o açúcar invadir sua boca. Luccino ainda estava com a mão no rosto de Otávio.

- Gostou ? É um bem-casado. - Luccino sorriu ao tentar mandar uma mensagem ao Major com aquelas palavras.

- É muito adocicado...como você. - Otávio sorriu docemente para Luccino, que suspirou com as palavras do Major. Levando a outra metade do doce até os lábios de Otávio, que pegou com os dentes e engoliu em poucas mastigadas.

- Eles estão deliciosos, os melhores que já comi. - Luccino mordeu metade do doce que segurava na mão, e deu a outra metade na boca do capitão.

- Pegue seus doces e venha comigo. - Otávio puxou o braço de Luccino,que teve poucos segundos pra pegar a bandeja repleta de quitutes.

[...]

Estavam sentados na parte de trás da casa de Brandão, havia pouca gente na festa, talvez por isso Otávio não se importara de segurar a mão de Luccino enquanto os dois corriam para os fins da casa.

Luccino direcionava mais um doce na boca do Major, este devia ser de amendoim.

- Muito...- Disse ele entre mastigadas. - Bom...tenho definitivamente que comer mais doces.- Luccino riu enquanto ele mesmo engolia metade de um brigadeiro.

- Então...- Otávio ainda mastigava o doce. - Você foi bem...- Como quase um instinto, abriu a boca esperando mais um doce , Luccino riu e lhe deu um doce de figo caramelado. - Bem ousado na cerimônia, segurando minha mão na frente de todos. - Luccino recuou o rosto.

- Você não gostou ? - Luccino tremeu os lábios,apreensivo. Otávio tocou em sua mão.

- É claro que eu gostei, Luccino...- Otávio sorriu pra ele. - Cheguei até a...a imaginar a nossa entrada na igreja.

- Nossa ? Você quer dizer... - Otávio assentiu com o rosto. Luccino ficou corado e num ato de tentar evitar que Otávio dissesse aquelas palavras, ele colocou uma mini tortilha na boca de Otávio, que percebeu o ato nervoso do rapaz, ao engolir a guloseima, falou.

- Foi de fato, um ato muito insensato,alguém podia ter visto. - Disse ele, provocativo.

- Perdão,Major...mas não foi você que me puxou pelo braço agora a pouco sem se importar com quem viu. - Luccino disse, mais provocativo que o militar.

- Touché. - Disse Otávio, embora tivesse argumentos para ganhar aquela conversa, convencera-se de que muito mais valia estar com Luccino do que estar certo .

- Francês, acertou. - Luccino pegou outro doce e o levou até os lábios de Otávio. - Esse é um Macaron,veio da França.

- Você sabe tanto sobre doces, por que ?

- Acaso. Simplesmente fiquei sabendo. - Disse Luccino mirando os poucos doces que sobraram na bandeja, pegou um, e com um sorriso malicioso , levou-o até a boca de Otávio. - Este. Me diga o que acha.

Otávio comeu o doce lentamente, tanto para provocar o italiano,tanto para aproveitar o açúcar. Olhava Luccino com os olhos firmes, como se julgasse.

- E então ? - Perguntou Luccino, a curiosidade pairando suavemente pelo rosto .

- Sinceramente,Luccino. - Otávio lhe olhou firme e com desapontamento. - Este foi o melhor doce que eu comi dessa bandeja. - Um sorriso brincalhão surgiu veloz. - Não! Dessa vida.

- É um gelatto . Um doce tipicamente italiano, sabia ?

- De uma coisa eu sei, tenho muito apreço pelo que vem da Itália. - Otávio aproximou o rosto de Luccino,sorrindo e mirando os lábios do mecânico.

- Major, eu...- Luccino parecia nervoso. - Eu acho que todos já foram embora, não quer subir pro meu quarto ?

Otávio sorriu.

- Eu adoraria .

Contos LutávioOnde histórias criam vida. Descubra agora