Capítulo seis - Sobrevivente

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Depois da noite raiou-se o sol, escaldando cada centímetro da base, seu passatempo favorito sendo esquentar a cabeça daqueles que aquela hora estavam em pé e trabalhando no acampamento. Já Mael, naquele momento, desfrutava de seu melhor tempo de descanso desde que acordara. Os ruídos ardilosos da base em atividade não foram o suficiente para acorda-lo; dormia feito pedra enquanto a rede planava contra o chão, no entanto, bastou apenas um cutucão gélido para acorda-lo.

Mael apenas resmungou irritadiço, sem sequer abrir os olhos, ele apenas remexeu seu corpo contra o tecido e não deixou seu descanso ser interrompido. Mas, subitamente sentiu a rede se remexer, e em um único solavanco brusco seu corpo foi para o chão. Foi quando abriu os olhos.

Gemeu com a dor causada pelo baque, sentindo o braço latejar com o contato repentino contra o chão áspero.

— Vamos, levante. — Ele levantou os olhos, se deparando com Jin, e ainda tão cedo carregava uma arma. — Anda! Tem muito trabalho pra você ainda estar aí sentado.

— Hã... certo. — Ele ralhou antes de levantar-se, os olhos queimando de raiva postos diretamente sobre o sujeito logo a sua frente.

— Vem, vamos. — Jin acenou a cabeça, e sem dizer mais nada desviou das demais redes, em direção ao centro do depósito . Mael se conteve em apenas um suspiro árduo, e sem contesta-lo seguiu-o.

A luz forte e predominantemente lhes obrigava a crispar os olhos, e Mael até mesmo se perguntava como o asiático logo a frente enxergava dessa tal maneira, e agora seus olhos mais pareciam duas linhas inexpressivas. Jin permaneceu quieto durante todo o trajeto, e seu silêncio era coberto pelas conversas dos demais que realizavam suas funções; haviam dezenas de pessoas, nenhuma parecendo ultrapassar a casa dos quarenta, e todos usando roupas encardidas. A maioria máscula predominava, deve ter encontrado apenas sete ou oito garotas até então, porém nenhum deles deixava exibir quaisquer resquícios de fraqueza.

Mais alguns poucos minutos percorrendo a gigantesca extensão do acampamento e logo chegaram ao seu objetivo. Perto do matagal seco, fora do galpão que os protegiam do sol estava o homem, segurando um facão em mãos enquanto o atingia diversas vezes contra o bambu fino e forte, fincado ao chão. O suor fazia sua pele escura brilhar, mantendo um certo rubor, os músculos fartos dos braços realizando os mesmos movimentos, uma, duas, três vezes e com um estalido a madeira havia se separado, em seguida fora atirada para o lado enquanto um garoto mais jovem fazia o trabalho de recolhe-las.

Ben parou o que estava fazendo quando ouviu os sapatos dos garotos arrastarem areia e pedrinhas se aproximando.

— Bom dia, fedelhos. — Ele pos sua mão livre logo acima dos olhos, lhe auxiliando a visão. — Prontos para o trabalho?

— O maricas aqui não parece estar. Ele acha que está em um hotel de luxo. — Jin o insultou.

— Quem você está chamando de maricas?! — Mael rebateu, recebendo diretamente uma expressão nada agradável vindo do mesmo, o que lhe fez encolher os ombros.

— Bom, em um hotel de luxo não vão te dar bom dia segurando uma arma. — Disse o homem em um tom hilário.

— Deveriam experimentar isso então. — O garoto ralhou, o que fez com que Mael se segurasse para soltar os bons xingamentos que se lembrava.

— É o primeiro dia dele. Pega leve, Jin. — Ben o advertiu, voltando logo para o seu trabalho ao segurar outro franzino pedaço de bambu, que quando fora atingida pelo facão apenas uma vez, quase se partira. — Mostre pra ele onde fica a oficina do trevor, recolham tudo o que precisarmos. Partiremos bem cedo.

O caçador de mentes ( REESCREVENDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora