Como se tudo em sua volta se tornasse gelo, um silêncio brusco invadiu a sala oca.
Apenas os resmungos e a respiração alterada de Trevor pareciam predominar. Suas palavras pareciam criar uma explosão gélida, literalmente cortante, e Mael sentia uma pontada de amargura vir dos olhos de Benny.
Jin alternou seu olhar por todos os presentes ali, as sobrancelhas enrugadas revelando a tensão que pairava sobre as cabeças, até que Benny resolveu se pronunciar.
— Uma... visita? — Benny não sabia o que Trevor quis dizer com aquilo. — Que diabos você quer dizer com visita?!
A voz do homem se alterou.
— Eu não sei, foi o maldito que disse! — Trevor elevou sua voz também. — São os MBC's. Estão atrás do magricela ai!
Disse antes de apontar o dedo sujo de graxa de sua oficina para Mael.
Os pelos na nuca de Mael se eriçaram e os olhos arregalaram-se uma vez que percebera que os MBC's o queriam de volta. E com toda a certeza, não preparariam uma festa de boas vindas para quem dedurou os experimentos sórdidos que eles vinham fazendo.
Os olhos de Benjamin se voltaram para o garoto, e era perceptível a preocupação da qual eles emanavam.
— Que tal convida-los para um chá? Já pensou nisso? — Jin soltou em ironia, o que provocou uma careta irritadiça no rosto do homem.
— Ah, mas é claro. Que tal eu pedir para Russel preparar biscoitos enquanto procuramos cabideiros para pendurar as armas das dezenas de soldados armados que vieram juntos? — Trevor se alterou mais uma vez.
— Por que eles querem o garoto? — Benjamin perguntou, como se Trevor soubesse da resposta.
— E como vou saber?! Eu só sei que não estão a fim de negociar, e não estão nem um pouco amigáveis.
"Mas que merda..." ouviu Benjamin ralhar baixinho, botando a cabeça para funcionar a fim de pensar em qualquer estratégia.
— Diga a eles que o garoto ficou na cidade, que ele foi pego pelos murgos e virou um deles.
Trevor franziu os lábios.
— Benjamin, eles não estão pra brincadeira. Eles disseram que ou entregamos o garoto ou eles atiram.
Jin atirou os braços para o alto.
— Eu não quero ser o cara chato. Mas é um por trinta. — Os olhos de Ben e Mael foram direcionados para o garoto. — Não devemos sacrificar todos os nossos companheiros por um cara que acabamos de conhecer como um traidor.
Mael engoliu o nó que estava em sua garganta.
— Jin, por Deus! Eu não vou arriscar perder mais um dos nossos! Não importa quem seja!
— Não sei se você percebeu, Benny, mas você está arriscando todos nós se negando a entregar esse paspalho para aqueles malditos!
— Eu sei! Eu sei! — As vozes elevadas provocavam as veias de Benjamin que saltavam em uma fúria de um líder que se encontrava perdido. Ele sequer podia imaginar o que se passava na cabeça de Benny, qual era a sensação de impotência ao qual ele passara naquele momento. — Mas que droga!
Mas no fundo, Mael sabia realmente o que deveria fazer.
— Ben. — Ele chamou pela atenção do líder. — Eu tenho uma ideia.
E então, os olhos se voltaram para o garoto.
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A primeira coisa que o atingiu foi o ar fresco e empoeirado da base, depois veio a tensão ante a sua recepção pelos rostos contorcidos dos perdidos, e por último, o medo de não saber exatamente o que estava fazendo.
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O caçador de mentes ( REESCREVENDO )
Aksi"Com as mãos trêmulas limpou o canto de seus lábios entreabertos, apenas um filete de saliva escapando pelo mesmo. Ele tremia, ofegava e sentia medo. Muito medo. Medo de também ser encontrado por aquelas criaturas e também morrer como viu aquela gar...