Capítulo sete - Esperança

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Quando o dia chegou ao fim Mael recobrou suas forças com o jantar bem aproveitado. Depois atirou seu corpo derrotado sobre a rede, permitindo que cada músculo relaxasse. A tarde trabalhosa lhe deixou exausto, sentindo que a qualquer momento sua mente desabaria no abismo do sono, e que se pudesse permaneceria ali por mais três dias seguidos.

Assim se seguiu no dia seguinte. E no outro também não foi diferente; assim como nos outros dois após estes. A rotina não mudava nem por um minuto, ele acordava as oito da manhã, onde todos os perdidos comiam sua primeira refeição do dia juntos, em seguida corria para suas tarefas. Ele agiu como um faz-tudo, desde recolher galhos secos até limpar um banheiro em estado deplorável, no entanto, suas maiores tarefas eram na oficina de Trevor; parecia que ele apenas estava fazendo as tarefas que deveriam ser de Jin, enquanto o mesmo assistia e apenas movia seu traseiro quando o homem voltava.

E assim como naquele momento, onde enquanto Jin ponderava Mael trabalhava duro para se livrar das manchas oleosas e escuras da mesa onde antes se encontrava um amontoado de ferramentas.

— Você é lerdo demais. — O garoto ralhou, escorado sobre a cadeira de madeira.

Mael bufou, sentindo uma forte onda de raiva crescendo em si; ele não estava fazendo nada além do trabalho daquele preguiçoso inútil.

Ele gemeu desconfortável, dando tudo de si para controlar-se. No entanto tudo aquilo culminava dentro de si, todas as tentativas falhas e reprimidas de tentar ser legal, e em todas elas Jin se esquivava e fazia questão de ser cada vez menos tolerante.

— Então faça você. — Sequer precisou virar-se para notar o olhar nada agradável de Jin, quase fazendo sua nuca queimar antes do mesmo soltar uma risada nasal.

— Você é mesmo corajoso para dizer isso para o seu superior.

— Meus superiores são o Ben e o Trevor. Você é só uma pedra no meu sapato.

— Então eles vão adorar saber que o novato é um dos rebeldes. E nós não pegamos leve com eles. — Ele proferiu em tom de ameaça.

Mael respirou fundo, tentando conter sua língua e a vontade de lhe atingir um soco bem na têmpora. E pelo visto, Jin seria baixo o suficiente para ameaça-lo daquela forma.

— Tanto faz. — Ele disse voltando a esfregar, depositando toda a raiva que sentia nas mãos até aquela mancha desaparecer por completo.

— Fracote. Deveríamos ter deixado para os murgos.

Ele não suportava mais o tom de deboche do garoto, tão irritante quanto um despertador alarmante, e Jin fazia questão de despertar o pior em Mael, fazendo com que sua paciência fervesse em um mar turbulento de emoções negativas.

— Apenas faça o seu trabalho e me deixe em paz, Jin. Trevor não vai gostar de saber que só um de noz está cumprindo ordens. — Seu tom de voz deixou transparecer bem suas intenções, e atingiram em cheio Jin que levantou-se bruscamente, fazendo com que a cadeira arrastasse sobre o concreto. Ele virou-se para encontrar com o semblante enfurecido.

— Repita isso e é um homem morto. — Disse enquanto se aproximava.

— Não venha bancar o valentão, foi você que começou.

Jin ergueu o queixo, deixando claro sua superioridade.

— Se vai ser um de nós tem que trabalhar e receber ordens, incluindo as minhas, isso tudo sem reclamar. Ou você quer começar uma revolução?

— Acontece que eu não sou um de vocês. — Sua voz saiu semelhante a um sussurro, fortemente audível, e aquilo era como música para os ouvidos de Jin.

O caçador de mentes ( REESCREVENDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora