Capítulo quinze - Perdido

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-- V-você conhece eles? -- Liu gaguejou sem tirar os olhos dos soldados armados. 

-- Que merda eles querem dizer, Mael? -- Jin perguntou o fitando subitamente. 

Um estranho momento de silêncio cobriu todo o local, até que Mael associasse todos os fatos recorrentes, mas não pode obter uma resposta concreta de seu cérebro adormecido. 

-- E-eu não me lembro.. -- Ele gaguejou em resposta,  forçando sua mente a trabalhar. Ele não podia se lembrar, e o rosto daquele homem sequer lhe parecia familiar. -- Eu só lembro de acordar no deserto, e mais nada. Eu não conheço eles. 

Disse em sua defesa. 

-- É claro.. -- O homem abaixou sua arma. -- É uma surpresa que você esteja vivo. 

Nenhum deles sabiam o que concluir daquilo, a tensão era visível, e o ar naquele momento se assemelhava a um vidro cortante. Mael e o homem se encaravam como se a qualquer momento uma bomba explodisse, e ela chegaria mais cedo ou mais tarde. 

Não ficaria ali para sempre, e pensando nisso, ele tranquilizou-se.

-- Você é um deles? -- Lucy perguntou, temendo a resposta. 

-- Não. -- A resposta não veio de Mael, e chamou a atenção para a face enrugada o os fiapos grisalhos que revestiam o rosto do MBC, ele franziu o cenho antes de prosseguir. -- Não é mais. Uma vez traidor, sempre traidor. 

Mael engoliu em seco, as pestanas enrugadas transmitiam o quanto aquela situação lhe incomodava; nunca imaginou que algum dia fizera parte dos experimentos guiados pelo instituto MBC, e aquilo lhe fez questionar-se a si mesmo; Os perdidos temiam-nos mais do que temiam os murgos, uma vez que ele fez parte desse grupo, era motivo o suficiente para que ele fosse rejeitado por todos. As borboletas avolumavam-se em seu estômago, batendo suas asas freneticamente e lhe provocando náuseas, e sequer era graças ao cheiro de podre, mas todas aquelas informações o atingiram como um tsunami impiedoso, e aquilo mais que tudo lhe fazia querer recuar e sair dali o mais rápido possível. 

Mas, talvez seria aquilo que o esperava naquele lugar. 

 -- Ah, olha só. -- Jin deu um sorriso de escárnio. -- Temos um traidor. 

-- Não diga isso Jin, ele disse que não se lembra.. -- Liu tentava mais do que tudo acreditar em suas próprias palavras.

''Fala sério.'' Jin brandou em silêncio. 

-- Eu não sou um deles. -- Mael afirmou, convicto. -- Mesmo que eu já tenha feito parte algum dia, eu não faço mais. 

-- Você com certeza, não é mais um dos nossos. -- Ele anunciou, algo que pareceu causar alívio nos perdidos. -- Mas isso não quer dizer que essa bagunça não é sua. 

Ele possuía em seus lábios um sorriso extremamente malicioso, que revelava o quanto tudo aquilo lhe animava, o quanto ele queria ver o caos assomar-se entre todos ali. Aquilo era doentio. 

Algo rompeu aquele momento de tensão, um estrondo alto que rasgou o ar que atingira diretamente na perna de um dos soldados, e este fora direto para o chão. Os olhos viraram-se na direção do disparo, e lá estava Lucy, sua arma apontada na direção do homem que agora agonizava. Eles se surpreenderam, e logo mais três disparos surgiram, vindos das armas de Jin e Liu. 

-- Corre!! -- Liu gritou, e os três correram, com a exceção dele. 

Mais disparos se seguiram, um após o outro, e dessa vez contra eles. 

-- Não atirem!! Idiotas! -- O homem ordenou. -- Precisamos deles vivos! 

Os soldados também correram na direção deles, assim como Liu que apertara o passo para alcança-los. Eles sequer sabiam em qual direção ir, e os corredores escuros não ajudavam em nada; tentavam ao máximo desviar dos cadáveres estirados contra o chão. Dobraram um, dois, três corredores, desceram uma escadaria e seguiram procurando por alguma saída, rápido o suficiente para os homens não alcança-los, e logo Liu os alcançara. 

O caçador de mentes ( REESCREVENDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora