capítulo doze

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Eu oficialmente estava nas nuvens.

Apesar de me sentir confusa em relação aos meus sentimentos por Alex e ainda não entender muito bem a razão para ele me beijar, eu não podia estar mais feliz. Parecia ridículo, claro, porém meu único beijo antes daquilo havia sido com o primo fedorento da Mary Kate num jogo de verdade ou consequência quando estávamos na sétima série. Meu cabelo ficou preso no aparelho dele e nossos dentes se batiam a cada segundo. Beijar Alex não se parecia nada com aquilo.

Era até difícil descrever bem o que havia acontecido na noite passada. Tudo parecia um borrão. Alex e eu nos beijamos, depois ele se despediu antes que meu irmão acabasse por nos encontrar, isso geraria um problema enorme. Em seguida, fui pro meu quarto e me deitei, me esforçando ao máximo para diminuir o sorriso que insistia em aparecer em meu rosto. 

— Vamos, Ellie. — Fui despertada de meus devaneios quando Peyton me chamou na mesa. — Não posso me atrasar hoje. — Disse, já indo pra garagem. Ele parecia mais animado que o normal. Talvez fosse só uma armadilha depois de ter descoberto sobre ontem, ou talvez eu só estivesse surtando como sempre.

Tomei o último gole de meu suco de laranja e levantei, deixando pra trás metade do meu sanduíche de pasta de amendoim e geleia. Eu me arrependeria disso mais tarde.

— Não se esqueçam que hoje vamos tirar as fotos pros cartões de páscoa. Não marquem nada. 

— Mãe! — Protestei. — De novo isso?

— Sem discussões, Elliot. É uma tradição na nossa família. 

— Bom senso devia ser uma tradição na nossa família. — Falei num tom baixo. 

— O que você disse? — Ergueu uma das sobrancelhas para me encarar. 

— Nada. — Bufei.

Em todas as datas comemorativas meus pais tiravam uma foto para mandar num cartão  pra toda família. Natal, páscoa, ação de graças... Haviam até vezes que minha mãe enviava uma foto de "meus pêsames" quando não conseguíamos comparecer no enterro de algum ente. Ela achava legal que os Casper tivessem fama de bondosos e receptivos. 

Revirei os olhos e andei até o carro, abrindo a porta e me sentando no banco de passageiro.

— Tomara que ela não faça a gente se fantasiar de coelhos esse ano. — Comentei, enquanto prendia o cinto.

— Sei lá, eu até que gostava. — Peyton confessou com um ar brincalhão e eu gargalhei. — Ei, preciso te falar uma coisa.

— Pode falar. — Disse, vendo-o dar partida no veículo. 

Peyton ficou me encarando por longos segundos e aquilo me deu medo. Depois de uma longa pausa, abriu um sorriso e falou:

— Eu consegui. — Olhei desentendida. — Minha carta da Eton chegou ontem.  Eu ainda não contei pra mamãe e pro papai, claro. Queria que você soubesse antes. É incrível não é? Eles me deram uma bolsa muito boa e acho que com esse desconto vai ter como eu ir...

Em seguida, não ouvi mais nada. Minha única missão era tentar assimilar aquele tanto de informação de uma vez só. Quer dizer que Peyton iria pra longe? 

— Isso... isso é incrível. Parabéns. — Forcei um sorriso, vendo sua cara de preocupação.

— O que foi? Você não tá feliz? — Perguntou chateado.

— Claro que estou. — Tratei de me retratar. — É que isso não me surpreende. Sabia que você ia conseguir. 

— Você é a melhor. — Virou para me abraçar, tirando uma mão do volante. Tomei um susto quando um caminhão cruzou nosso caminho, buzinando e xingando alto.

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