Colírio

capítulo treze

— Atrapalhei alguma coisa? — Frederick Thompson, amigo de Alex e quarterback dos Eagles perguntou nos olhando da porta.

Alex abaixou a cabeça, coçando a nuca e eu corei fortemente, ao mesmo que agradeci por não ser a diretora a nos encontrar naquela situação.

— Não, já estou de saída. — Avisei, saindo de lá sem nem ao menos esperar resposta.

Peguei meu celular do bolso e fingi ler alguma coisa já do lado de fora do vestiário no intuito de disfarçar a vergonha. Fiquei alguns minutos parada com a mochila de Eric na mão, quando Dana se aproximou ao lado de meu irmão:

— Eu falei que ela tava aqui. — Ela disse pra ele, pegando a mochila de mim. — Vou levar isso pro Eric. Noel já tá levando ele pra enfermaria.

— Fiquei te procurando por todo canto, fui até falar com a Dana. — Peyton comentou, parando alguns segundos para me encarar. — O que aconteceu? Por que tá tão pálida? — Bom, talvez porque eu tenha acabado de ter um mini ataque cardíaco alguns minutos atrás.

— Nada. Acho que é porque não tomei café da manhã. — Menti.

— Hum. — Murmurou desconfiado. — Vou pegar meu livro de biologia com o Luke e já volto. Não quero me atrasar pra foto em família, não preciso de mais um motivo pra nossa mãe ficar reclamando.

— Eu também vou indo. Te ligo à tarde, Ellie. — Dana se despediu e os dois foram embora em caminhos diferentes.

Me assustei quando Alex se aproximou por trás de mim, virando meu corpo para encara-lo. Dessa vez ao menos ele estava vestido.

— O que você tá fazendo? Tá louco? Meu irmão quase te viu. — Cochichei preocupada, me desvencilhando de seus braços.

— Me desculpa... — Comentou rindo, me puxando pra perto pela cintura. — mas, ele não viu, não é?

— Você é maluco. — Me rendi, jogando a cabeça pra trás e sorrindo. Nossos corpos estavam grudados novamente. — Já pensou se alguém vê a gente?

Eu sabia que aquela não era uma preocupação válida, pois só havia eu e Alex ali naquele momento.

— Eu não me importo. — Deu de ombros. — Vem cá...

Sua boca foi chegando mais perto da minha e eu já podia sentir seu hálito fresco bater em meu rosto, foi quando avistei por cima de seus ombros Peyton voltando ao lado de seu amigo Luke. Eles estavam conversando e não pareceram nos notar ali.

— Vai embora. — Falei baixo, mas ainda sim preocupada. Alex virou as costas para checar e se afastou quando viu Peyton chegando mais perto.

— Ainda não terminamos. — Disse num tom baixo e sexy, me roubando um selinho e voltando pro vestiário depois de mandar uma piscadinha.

Disfarcei meu sorriso quando Peyton veio até mim. Tomara que ele não tenha visto Alex. Em seguida, Luke me cumprimentou e eu retribui.

— Vamos? — Meu irmão incentivou e eu acenei com a cabeça, ainda desacreditada no que havia acabado de acontecer.

Fomos para o estacionamento e eu me sentei ao lado de Peyton, no banco do passageiro, enquanto Luke, que resolveu pegar carona conosco, se sentou atrás.

O caminho foi tranquilo. Fui ouvindo uma música do "Panic! at Disco" para ignorar o papo maçante deles sobre beisebol.

Peyton abriu a porta de casa e entrou com sua mochila nas costas, comigo em seu encalço.

— Que bom que vocês chegaram! — Minha mãe exclamou, vindo até nós de braços abertos. — Venham, o pai de vocês já se aprontou!

Em seguida, fomos guiados até a sala aonde uma câmera profissional estava posicionada em frente ao sofá e várias decorações com o tema de páscoa estavam espalhadas. Minha mãe realmente havia se superado aquele ano.