Colírio

capítulo vinte e três

Já haviam se passado cerca de dois dias desde que Alex tinha se declarado para mim. Nós dois oficialmente éramos namorado e namorada (nas palavras dele). A reação de Dana quando contei foi de acordo com o esperado, ela apenas me pediu para tomar cuidado e disse para não me misturar com os populares mais do que isso. Era engraçada a forma como ela estava sempre preocupada, demonstrando o quanto se importava comigo. 

Minha vida não poderia estar melhor. Eu estava junto com o garoto dos meus sonhos e, pra melhorar, tinha meus melhores amigos do meu lado. Talvez as coisas finalmente estivessem começando a dar certo para Elliot Casper. 

Imediatamente me lembrei de Peyton. Só faltavam dois dias para que ele se mudasse e fosse pra faculdade. Aquilo me deixava apreensiva. Durante toda vida ele havia sido meu melhor amigos e meu porto seguro. Eu sabia que poderia contar com ele em qualquer situação, porém, depois de tudo que aconteceu entre ele e Alex, nós estávamos mais distantes do que nunca. 

Com esse pensamento, me vi parada em frente à porta de seu quarto, que estava entreaberta. Observei meu irmão colocar roupas dentro da mala preta jogada em sua cama. Dei alguns toques, antes de entrar.

Peyton virou o rosto para me encarar e deu um sorriso de canto de boca. Suspirei, fazendo um exercício mental para eliminar todo orgulho que eu sentia naquele momento. 

— Posso falar com você? — Pedi.

— Já está falando, não está? — Brincou, me fazendo soltar um riso fraco. 

— Eu... — Ele tirou a atenção das roupas, para me incentivar a continuar. — Não quero que a gente fique brigado pra sempre. 

— Não estamos brigados, Elliot. Você é minha irmã, é meio que minha obrigação aturar você. — Respondeu num tom de brincadeira, voltando a mexer na mala.

— Eu amo o Alex, Peyton. — Ele logo me encarou. — E ele me ama também. Você precisa aceitar que estou feliz. Sei que se preocupa e não quer que eu me machuque, mas precisa deixar eu tomar minhas próprias decisões. 

— Elliot, eu...

— Não quero que vá embora desse jeito. Você é a pessoa que eu mais amo no mundo. Lembra quando fomos pro sítio do vovô e eu quebrei a perna quando estava andando de cavalo perto do lago? 

Peyton passou a mão na testa, rindo daquela memória. 

— Eu te carreguei até a casa deles. Andei por uns vinte minutos. — Completou, olhando pra baixo. — Desculpa por agir como um idiota. É que tudo está ficando tão diferente. Parece que de uma hora pra outra nada mais vai ser do mesmo jeito. Eu estou indo pra outro estado fazer faculdade e não vou mais ter o papai e a mamãe. De alguma forma, eu não queria ver que você também estava mudando. Sei que não vai ser minha irmãzinha pra sempre. Me desculpa por interferir na sua vida.

Me aproximei, envolvendo meu irmão num abraço apertado, que o surpreendeu. Ele me segurou com força e ficamos assim por alguns segundos. 

— Lindos! Nossos filhos não são uma graça, Margareth? — A voz de meu pai chamou nossa atenção, seguido por um barulho de flash. Me virei pra trás encarando meus pais que tiravam uma foto daquele momento perto da porta. 

— Ugh... Isso nunca aconteceu. — Falei, me afastando de Peyton, que riu. 

— Há quanto tempo estão aí? — Meu irmão perguntou.

— Apenas o suficiente pra registrar esse momento raro. — Meu pai respondeu.

— Parece que sua ida pra faculdade está fazendo bem. — Disse minha mãe.