5. PARECIAM UNICAMENTE BONITOS

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POR CLANT:

ESTOU PERDIDO, não sei exatamente por onde mais procurar Alisha, desde que eu cheguei a esse mundo estive perambulando pelas ruas somente atraindo olhares desconfiados, mas não consegui sentir sua presença. Passei por um grupo de humanos que me observavam com curiosidade, talvez meu traje não estivesse ajudando, as roupas deles são completamente distintas das minhas.

Haviam grandes números deles por todos os lados e o ar parecia tão abafado que consegui senti as partículas de poeira sobre minhas narinas.

Estava descendo um caminho de chão cinza quando senti um Flirm oscilando, parecia querer se manter oculta e eu já conhecia esse tipo de força, Drow da Sombra. A raça que possuía seu magnetismo negativo, mas não faz sentido algum algo desse tipo aqui, por que ainda existiria um deles? Tinha que o seguir, mas era impossível correr mais rápido sem passar despercebido pelos humanos, logo a energia sumiu e não consegui perceptar.

Arom havia me instruído, "humanos não conseguem manipular o Flirm, a energia magnética deles é fraca. Não faça nada suspeito". Em seguida me informou para não gastar muita energia. Então havia de me manter sob alerta. Passei por inúmeras casas, e outras construções, eram estranhas, ambas sempre quadradas, sem muitos detalhes em seu entalhamento.

Não sei como era o mundo humano antes do portal ser fechado, mas Arom havia me dito que pareciam unicamente bonitos. Não posso concordar em tudo, as florestas talvez, mas onde eu estava com caminhos cinza escuros sob o chão, faziam um rastro feio, e sem que isso fosse pior, metais moldados rodavam por essa linha, indo e vindo, deixando fragmentos de poeira pelo ar, possivelmente o único meio de transporte deles. Definitivamente o ar humano, está comprometido.

Nenhum sinal de Alisha. O sol que antes clareava naturalmente havia sumido, a noite chegou e as ruas ficaram ainda mais cheias e cobertas de neve, por sinal a única coisa similar entre meu mundo. A movimentação de pessoas me faz desconfiar que talvez seja uma festividade humana. Novamente sinto o Flirm. Dessa vez não o deixarei escapar. Segui o rastro por um caminho deserto, correndo, mas pouco adiante um grupo de humanos estavam parados, usei um pouco do meu Flirm para quebrar as iluminações mais próximas e não ser notado.

Estava correndo em direção a energia que oscilava, quando comecei a ver passos na neve apontando para um local nebuloso, certamente não é uma neblina normal. Fui me aproximando, a energia havia sumido, mas passei a escutar os batimentos acelerados de alguém. Por entre neblinas que agora diminuíam, a encontrei, Alisha.

Ela no chão estava apoiando seu tronco com os braços para trás, seu olhar se direcionava para cima e sua expressão apesar da neblina, claramente era de medo. Mas ela não estava sozinha, de súbito vi uma figura trajando preto em sua frente, curvado, e segurando ela pelo pescoço, era um Drow, senti a inquietação se manifestar em mim corri em sua direção antes que ele pudesse me notar, e com um soco o lancei distante. No mesmo instante ele gritou alguma coisa e correu para a escuridão da floresta.

Eu deveria segui-lo mas olhei para Alisha, sentada no chão me fitando com um leve sorriso, e percebi um vermelho sobre a neve, como para comprovar minha suposição ela arfou com a dor e tirou as mãos ensanguentadas do pescoço, estava ferida.

Agachei em sua direção e notei as lágrimas cintilantes descendo sobre o seu rosto pálido e parando na sua boca que esboçava um fraco sorriso. Tão frágil. Como ela sendo o que é podia demonstrar tanta fraqueza humana? Não deixei de notar o quão bela é por entre aqueles olhos ocre vivos. A imaginei em Slanfar, longe de perseguições, e sob a minha visão. Mas não podia me distrair com esses devaneios, nem sequer posso ter tais pensamentos.

Então me apressei em curar o ferimento extraindo um pouco de energia magnética da árvore ao meu lado. Embora não sejam tão potentes quanto os elementos naturais do meu mundo, fará algum efeito. É lamentável que os humanos desconhecem os recursos que os rodeiam.

Notei que a ferida se fechou em seu pescoço, a olhei ainda segurando sua nuca e percebi que ela estava dizendo algo.

—Cla-ant... Obrigada —ela disse sorrindo pouco antes de adormecer nos meus braços.

Finalmente a encontrei. Sinto me aliviado. Acho que agora entendo a frase de Arom, "Pareciam unicamente bonitos".


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