12. O FRIO E AS REVELAÇÕES

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—O que? —respondi entre dentes. —Eu não vou dividir uma cama com você.

—É a única cama. E eu não vou dormir no chão garota.

—Então eu durmo no chão —declarei por fim.

Não posso dizer que me surpreendi com o fato de o dono da casa não mostrar hospitalidade, afinal estamos tratando de um rude e dark meio Vallir. Isso me fez lembrar Clant, ele jamais me deixaria dormir no chão frio, ou ousaria sugerir que dividíssemos a mesma cama. E esse é o ponto, o minúsculos quarto do casebre é o único, e a não ser que eu divida a cama de casal com esse indivíduo, terei que dormir no chão ou na sala gelada.

Eram quase dez da noite e a tarde havia se arrastado lentamente, fiquei parte dela vagando mentalmente e as vezes perguntando uma coisa ou outra sobre como é ser meio Vallir a Ylior. Mas não durou muito até que ele dissesse que tinha que sair rapidamente e me pedir pra ficar quieta na casa. Horas eu ia até a parte de fora da clareira para andar mas não durava mais que 20 minutos na parte de fora, a roupa que eu estava usando, diga-se pijama, não era a ideal para ficar sob uma temperatura baixa de Elora. Outros momentos eu pegava algum livro na pequena estante do Ylior. Mas não tinha nada interessante, a maioria falava sobre manutenção de motos, carros, viajens de trem e comidas locais. Nada que visivelmente combinasse com o meio humano.

Quando ele retornou tomei conhecimento sobre a rebelião dos Drows junto com Twaki e humanos contra toda a Slanfar.

O motivo era claro. Alguns Drows queriam estabelecer uma dinastia na Terra, controlar as principais fontes de dinheiro e sugar todo recurso possível. Os Vallir que são os superiores de Slanfar discordaram. Então ameaçaram fechar os portais mas os Drows induziram vários Twakis a lutarem com eles na promessa de deixarem eles pegarem materiais da terra e poderem casar com humanas.

Assim do nosso lado da terra alguns humanos gananciosos se aliaram a Drows na possibilidade de poderem se beneficiar do flirm de Slanfar. Mas uma coisa estava bem mal explicada, o último portal foi fechado a 600 anos. Então como eu nasci? Sendo meio Vallir teria que ter um meio. E essa é outra questão, quem seriam meus pais biológicos. Ylior não sabia me dizer nada além disso e se limitou a ignorar as minhas suposições.

—Eu vou dormir garota, devia fazer o mesmo —disse levantando o sofá e indo em direção a primeira porta à esquerda.

—Eu não me chamo garota, podia ser mais educado —disse incomodada com a rispidez e o seguindo adentrei no quarto minúsculo.

—Hmm, não me interesso. E eu vou dormir na cama —disse sorrindo com o tronco para cima da cama e as mãos atrás da cabeça. —Com você

Então aqui estamos, eu com uma camisa longa xadrez e uma calça moletom, em pé na porta do pequeno quarto, discutindo com um sonolento meio Vallir. Até que cansei, dei as costas a ele e fui rumo a sala.

—Vai mesmo dormir no sofá? A sala não tem isolamento térmico, devo dizer a você minha querida, que aqui é bastante frio, então aproveite bem sua ótima noite —me informou de modo ríspido e irritante, mas eu não precisava nem olhar seu rosto para ver que estaria estampado um riso astucioso.

—Tudo bem, depois de ser obrigada a ficar encharcada e tremendo de frio durante muito tempo, acho que não espero mais nada —retruquei rispidamente.

Eu realmente não esperei nada, mas foi muito pior do que eu pensava, usei a única coberta extra disponível, segundo Ylior, mas continuava frio, talvez o couro do sofá só fez piorar. Fui para o chão da sala, e o frio estava ainda pior por conta das frestas na porta. Realmente estava impossível dormir, ou melhor dizendo, impossível ficar viva ali, podia até pegar uma hipotermia.

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