17. CAMINHOS TROCADOS

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UMA COISA QUE APRENDI é que tudo acontece mais rápido quando se trata de vallirs e meio vallir. Passar o portal não foi de dificuldade, minha conta mental havia funcionado perfeitamente e eu estava de volta na floresta escura em que deixei Ylior. Mas não tínhamos tempo, era só uma questão de minutos até o drow me rastrear pelo flirm e me achar novamente. A clareira não devia estar tão distante agora.

— Ylior, Ylior! —chamei olhando para o chão.

Quase havia me esquecido, o cheiro. Me concentrei em procurar a linha azul, o aroma amadeirado pelo ar e ele estava bem perto, aparentemente após eu sumir com o drow ele tentou se mover. Corri em sua direção com toda a pressa possível.

— Ylior!!

Finalmente encontrei, encostado em um tronco e visivelmente desacordado, em sua mão direita estava a pintura. Os cabelos que antes de todo o caos era um coque samurai, agora havia se tornado um misto de emaranhados fios soltos sobre a face. Sem demora peguei a pintura abri, mentalizei para o colar acender, e surpreendente minha suposição funcionou, uma luz forte iluminava com precisão a pintura, ótimo, tenho um colar lanterna. Olhei bem para todos os detalhes, a pressa me fazia ficar cada vez mais nervosa.

Sem mais delongas fechei os olhos e como uma ligação neural mentalizei o local da pintura. Abri os olhos bem a tempo de ver o portal ainda se formando, pela primeira vez consegui perceber a beleza, a luz rodeando perfeitamente o círculo. E no fundo o nosso destino, as árvores de folhas azuis e troncos brancos evidenciavam claramente. Finalmente Slanfar.

Peguei as pernas de Ylior e sai puxando, até chegar mais perto do portal. Tentar colocar ele em pé era impossível diante do peso. Suspirei fundo e abracei ele pela frente para puxar seu tronco, impulsionei os pés com toda a minha força e me senti caindo, até finalmente bater as costas no chão. 

A dor podia ser desagradável, porque além dos meus evidentes ferimentos eu estava com um meio Vallir caído por cima do meu corpo. Mas a adrenalina e emoção superava tudo. Eu consegui. Finalmente.

O portal a minha frente fechou então eu consegui tranquilamente fechar os olhos e respirar o ar puro de Slanfar. Não me importava mais com o peso de Ylior sobre mim, estávamos seguros agora. A claridade estava tão aconchegante e calmante diferente da escuridão de segundos antes, apesar da temperatura um tanto que fria estar deitada agora vislumbrando o céu de um azul suave e as folhas azuis das arvores caindo, era como estar sob as nuvens.

Abri os olhos com dificuldade, o sono tomou todo o meu corpo de uma forma incrível, ao fundo escutei alguns sinos batendo de forma ritmada. Já estava escuro e ainda de barriga para cima consegui ver pequenos pontinhos de luz voando acima de mim, pareciam plumas de um lado a outro, o ar era fresco e o céu estava com uma espécie de azul roxo escuro. Movi os braços e me dei conta de que Ylior já não estava desmaiado sobre mim. 

— Acordou! —uma voz grossa falou.

Levantei meu corpo para sentar, já preparada para a dor mas quando fiz nada senti além da cabeça pesada. Algo iluminava perto e olhando para meus braços percebi que estavam cobertos por um pano molhado, mais a frente descobri que a fonte de luz era na verdade uma grande bolha laranja, que parecia fogo, tão estranho definir, parecia uma grande bolha de sabão feita de fogo. Fiquei absorta com a tal coisa diferente, que estava apoiada em um monte de pedras, será essa uma fogueira na versão de Slanfar?

Estava tão entretida que não percebi que eu estava em um cenário diferente e muito menos a presença de um ser que me olhava com os olhos esbugalhados.

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