Fazia um pouco de frio naquele dia e enquanto eu tomava um café quente, pensava sobre minha vida e o quanto tudo tinha mudado desde que cheguei aqui. Depois do café, terminei de arrumar minha mochila com algumas poucas coisas que faltavam. Era estranha aquela sensação de sair de Konoha de novo, mesmo que eu soubesse que estaria de volta em pouco tempo, por bem ou por mal.
Neji me levou até a rodoviária para que eu pudesse pegar o primeiro trem em direção à grande Tóquio. Ele insistiu em me levar até a primeira estação que eu fosse descer, mas eu não deixei, ele ainda tinha que trabalhar. Então ele deu um beijo em minha testa, sussurrou algumas palavras me desejando boa sorte e foi embora.
Quando cheguei na próxima rodoviária, precisei de algumas informações para que eu não errasse o caminho e estragasse tudo. Um senhor de idade me explicou onde eu pegava o próximo trem, as estações que eu deveria ir e eu segui seus comandos tentando os memorizar.
Depois de umas 4 horas andando de trem porque Tóquio era realmente muito distante da pequena vila de Konoha, enfim cheguei a cidade. Eram letreiros enormes, luzes, cartazes, um grande volume de pessoas andando apressadamente. Tóquio tinha um ar comercial, porém sofisticado. Era totalmente diferente de Konoha. Haviam centenas de lojas, atrações e em cada esquina havia algo. Me senti tentada a comprar algumas coisas, mas tinha levado pouco dinheiro além do dinheiro da passagem. Estava guardando em caso de emergência.
Sem mais delongas, andei pela grande Tóquio procurando alguma placa de rua que coincidisse com o endereço que Naruto me deu. Pedi informação e quase ninguém sabia me dizer onde era, ou seja, eu estava no lugar errado. Rodei por ali algum tempo e já estava exausta, com fome, querendo me deitar e descansar, mas não podia. Eu não tinha dinheiro o suficiente pra me hospedar em algum lugar. E se eu ficasse perdida em Tóquio para sempre? E se eu passasse a morar nas ruas e meu pai nunca soubesse do meu paradeiro? E se...
Ok, Hinata, concentra!
Já tinha anoitecido há um tempo e eu estava totalmente sem esperanças de conseguir alguma coisa naquele lugar gigante e movimentado para todos os lados, onde ninguém conhecia o raio da rua da tia da Naruko. Eu sentia que as pessoas debochavam da minha expressão confusa, riam entre si e eu me sentia um motivo de piada, uma chacotinha. Eu imaginei que tudo seria perfeito, era tão desanimador passar por aquilo.
Resolvi usar minhas últimas economias pra pegar um táxi, ele me pediu pra adiantar o pagamento e eu dei tudo o que eu tinha. Não era o suficiente então, ele disse que ia me deixar no meio do caminho. Eu concordei porque não tinha nada a ser feito, então só pedi que ele me explicasse como chegava a pé na tal rua e ele disse que me ajudaria. Quando chegamos em um ponto com várias ruas, ele me explicou fazendo um bolo enorme na minha cabeça e eu assenti, me despedindo e indo embora.
Tentei seguir os passos que ele me explicou, mas nada se parecia com uma rua que a tia barraqueira de Naruko moraria. Tudo era muito tranquilo e as pessoas já estavam todas com suas luzes apagadas àquela hora. Em uma rua um pouco mais movimentada que entrei, avistei um banco público e me sentei imediatamente. Eu era a única sentada ali. Estava tão cansada que não consegui pensar em mais nada. Acabei adormecendo ali mesmo.
Algum tempo depois, senti um toque em meu ombro me chacoalhando e acordei meio zonza me perguntando onde eu estava. Se era tudo um sonho, se eu já estava em casa na minha cama.
- Hinata? Hinata? - quando abri os olhos, me deparei com uma cabeleira loira com fones de ouvidos pendurados nos ombros e uma expressão confusa.
- Mais 5 minutinhos, por favor... - resmunguei lamentando minha soneca perdida. Eu ainda estava com a vista embaçada, não consegui reconhecer a pessoa muito bem. Então voltei a cochilar.
- Hinata? O que você tá fazendo aqui?! Acorda! - a pessoa me empurrou do banco fazendo com que eu caísse de cara no chão. Aí eu tive que acordar.
- Droga, quem você pensa que... Naruko?! - Olhei incrédula e me emocionei depois de ver seu rosto. Aquele rosto era lindo. O mais lindo de todos.
- Hinata. - ela me olhava brava com os braços cruzados. Eu não segurei e corri para abraçá-la. Ela me abraçou de volta.
- E-eu achei que nunca fosse te encontrar. Nunca mais! Me perdoa por tudo. Eu te amo. Oh, meu Deus! Eu te amo! Eu te amo tanto. Sim, eu amo. - falei as palavras todas atropeladas umas nas outras enquanto chorava copiosamente molhando o ombro dela.
- Eu também te amo, ok? - ela secou minhas lágrimas e olhou em meus olhos, selando meus lábios com um beijo logo em seguida.
Depois que me acalmei, Naruko me levou até sua casa temporária para que eu pudesse ficar lá junto com ela. No trajeto, depois da surpresa e depois de eu estar mais calma, voltamos a conversar.
- Hinata, por que você veio até aqui?
- Eu queria te ver. Queria falar com você. Sentir seu toque mais uma vez. Eu percebi que não posso desistir de nós assim.
- Você tem noção dos riscos que correu vindo pra cá? E se eu não estivesse voltando pra casa? E se você ficasse perdida por Tóquio? Você sabe que foi irresponsável, não sabe? Mais irresponsável ainda foi quem te deixou vir e quem disse que eu estava aqui.
- Naruko, eu morei sozinha uma vez. - tentei acalmá-la.
- Eu vou ligar pro Naruto xingando ele por ter te dado meu endereço, vou ligar pro Neji xingando ele por te dar dinheiro pra fazer essa besteira e principalmente para a Tenten por ter te deixado ir sozinha. Isso foi muito perigoso.
- Naruko...
- Hm? - ela ainda estava brava e revirou os olhos em protesto.
- Eu te amo. - eu disse e ela me beijou mais uma vez. Tá aí algo que eu sentia falta.
Ao chegar na casa da tia Tsunade, ela nos recebeu com uma panela gigante de Yakisoba. O pior é que ela nem imaginava que viria mais uma pessoa para o jantar, no caso eu. Imaginava se ela cozinhasse pra mais uma. Nós conversamos e ela sempre contava as histórias de um namorado que ela tinha na nossa idade. Ele se chamava Dan e ela pegou trauma de ter qualquer coisa com outra pessoa depois disso. Mas elogiou o sentimento das paixões jovens.
Com o tempo, notei que rolava um super clima entre ela e seu vizinho Jiraiya, mas ela jurava de pé junto que odiava o sujeito. Ele olhava estranho para os meus peitos e pra Naruko também, mas parecia ser um senhor legal. Pelo que entendi, Naruto era quem tinha mais intimidade com o tal senhor. Eu nem quero saber porquê, sinceramente.
Eu fiquei mais alguns dias em Tóquio com Naruko, até que finalmente nós duas resolvemos voltar para Konoha. Já era estranho pra mim de novo. Mas não tanto dessa vez, porque desde que conheci Naruko, ela sempre me deixou confortável em qualquer lugar. Assim que voltamos, eu estava decidida.
As coisas iam dar certo pra nós duas sim.
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Since, • Naruhina •
FanfictionHinata é uma menina que tem suas raízes em Konoha, uma pequena vila no Japão. Após morar por alguns anos no exterior, Hinata volta a Konoha e começa a notar sentimentos diferentes por uma garota. Hinata redescobre um novo mundo cheio de cores dentro...