Capítulo 6

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As meninas resolveram jantar fora. Nos 45 quase desisti de ir mas liguei para a Tenten explicando que estava meio desanimada e ela acabou me convencendo. Nesse dia em especial, eu estava meio desanimada das coisas, eu e Naruko não havíamos conversado tanto e acho que isso acabou me deixando meio pra baixo.

Botei um vestido rodadinho e fui na fé. Como sempre, fui a primeira a chegar, acho que deveria ser menos pontual. Em alguns minutos, a Tenten chegou e buscamos algum lugar confortável para que todas pudessem se sentar conosco. Resolvemos ir de rodízio, selecionei alguns sushis como a Sakura tinha pedido e a Tenten pediu os tais espetinhos favoritos dela.

Ela me olhou com um olhar meio estranho e disse:

—  Hmm... Você e a Naruko andam muito próximas ultimamente né? - ela fez uma cara super estranha como uma espécie de detetive.

— Ué, acho que amigas andam sempre próximas, né? — eu revidei tentando parecer natural. Meu deus, porque estávamos naquela conversa e por que eu me sentia tão desconfortável ao falar sobre a Naruko-chan?

— Bem, é que eu conversei com a Naruko algumas vezes, Hinata. E acabei chegando a conclusão que ela...

Naruko-chan chegou acompanhada da Sakura e nos cumprimentou. Eu olhei pra Tenten com um grande ponto de interrogação no rosto e ela assentiu com a cabeça, dando a entender que depois conversávamos sobre aquele assunto. O que seria de tão ruim pra a Tenten não querer falar na frente dela?

Afinal, quem seria Naruko Uzumaki? Um menino? Um ET? Talvez um liquidificador?

Pratos e mais pratos japoneses chegavam enquanto as meninas conversavam entusiasmadas. A Ino contava sobre o primeiro date com o Sai e o quanto ele era paradão, rolou até um desenho especial pra ela. Sakura contou sobre seu curso de enfermagem e a primeira pessoa que ela conseguiu salvar, Tenten contou sobre um tal cara cabeludo e misterioso. Parece que todo mundo estava se dando bem, afinal.

Nós conversamos um pouco sobre nossos respectivos cursos e sobre os professores que nós tínhamos em comum. Então, uma comoção geral se tornou em volta do professor Kakashi e de como ele era sábio, gostoso e outras coisitas mais. Apesar de concordar com os adjetivos, eu fui a primeira a cortar aquela conversa fiada e trazer todo mundo de volta a Terra.

— Parece que as provas estão chegando...

— Ah, Hinata, péssima hora pra lembrar de prova acadêmica! - Ino protestou.

— Nossa, nós devíamos estudar! - Sakura alertou.

— Calma, gente. A Hinata é apressada, vamos com calma, ainda tem duas semanas... - Tenten riu e nós brindamos com nossos espetinhos uma na outra.

Notei algo diferente. Naruko estava mais calada, mais contida. Será que era por minha causa? Ou pior, por causa do nosso beijo? Droga, por que eu insistia em pensar naquilo?
Ino tentou puxar algum assunto para incluir ela na conversa.

— Ei, Ko-chan! Parece que o aniversário de alguém é em algumas semanas, não é mesmo?

— Oh! Acho que alguém está muito interessada em me dar um belo presente! - Naruko sorriu, mas consegui notar que era um sorriso forçado.

— Vou pensar no seu caso - Ino piscou.

— E aí, Naruko! O que vai fazer? - Sakura perguntou — Alguma comemoração? - sugeriu com animação na voz.

— Eu... Eu não sei. - Naruko murchou a voz e se encolheu no banco. Um silêncio de segundos se instaurou no ambiente.

— Ei, no que for decidir, estaremos com você - Tenten colocou a mão em seu ombro e concluiu.

— Obrigada, meninas. Vocês são muito importantes para mim. - ela sorriu e olhou pra mim, mas rapidamente desviou o olhar. Eu fiz o mesmo.

Decidimos ir embora por volta de 22h30, enquanto as meninas decidiram ir por outro caminho, eu e Naruko fomos pelo caminho habitual. Boa parte do caminho foi em silêncio e nem parecia que estávamos caminhando juntas. Eu continuei a caminhar tentando acompanhar os passos dela e tropecei. Naruko me segurou e sorriu ternamente.

— Ei, você está bem, Hinata? - eu corei sem manter contato visual.

— Hm, sim. Me desculpa. - ela me soltou.

— Tudo bem, tome mais cuidado, sim? - Naruko respondeu.

Voltamos a caminhar em silêncio e dessa vez, o silêncio parecia ainda mais perturbador, vindo daquela boca que não parava de tagarelar o tempo todo. E eu gostava tanto daquelas palavras que saiam todas de uma vez, atropeladas, ligeiras em multidão. Gostava tanto daquele sorriso-sol que iluminava cada canto da minha alma quieta. Gostava daqueles cabelos loiros que faziam contraste com os meus negros deitados sobre a cama. Aqueles olhos azuis onde toda a infinidade do mar se escondia neles. Aquele silêncio, aquela reclusão. Aquilo me cortava, ardia, sangrava. Eu soube que estávamos a caminhar juntas, mas algo nos mantinha distante. Algo que agora eu sabia, nunca devia ter acontecido.

Naruko parou sob uma cerejeira e continuou em silêncio a observando. Eu olhei seu rosto, tão calmo, tão triste.
Por minha culpa.

Então, involuntariamente lágrimas começaram a rolar do meu rosto enquanto uma brisa fria me atingia. E antes que eu me desse conta, perguntei com um fio de voz

— Por que você não fala comigo?

— O que?! Hinata, você... Você tá chorando? - ela olhou assustada e limpou meu rosto.

— Me desculpa, eu não queria deixar você triste, Naruko! - continuei a chorar intensamente.

— Não, Hinata! Tudo bem, eu não tô triste por sua causa! - ela me abraçou.

— Qual o motivo, então? - eu a soltei devagar.

— É que... Os meus pais, morreram por volta dessa data. Então, eu sempre fico mal esses dias. Mas você não tem se preocupar. - ela fingiu mais um sorriso.

— Naruko, há algo que eu possa faz... - ela colocou o dedo indicador sobre meus lábios.

— Quando eu estou em silêncio, consigo ouvir melhor meu coração. E... - ela fez uma pausa e completou - Acho que meu coração está feliz de te ter como amiga. Você não precisa dizer nada, Hinata. Só quero que esteja sempre ao meu lado, contanto que isso aconteça o resto ficará bem, ok?

Meu coração estava disparado e a cada palavra as batidas aumentavam, tropeçavam em si, se atropelavam.

Por que isso mexia tanto comigo?

Continuamos a caminhar devagar pela rua e dessa vez, o silêncio não incomodava. O que bastava era nosso apoio uma a outra. O que bastava era estarmos juntas independente do que viesse a acontecer. Nos despedimos quando vi a entrada da minha casa e fomos para caminhos distintos. Assisti ela se distanciar e me peguei pensando

Por que ela mexia tanto comigo?



Since, • Naruhina •Onde histórias criam vida. Descubra agora