c a p í t u l o d o i s

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Catharina

—Ela parece morta. -sinto um dedo cutucar a minha bochecha, então sorrio. -Oi.

Abro os olhos vagarosamente e vejo duas pequenas pessoas me observarem com os olhos atentos. Cassandra tem os seus cabelos cacheados bangunçados e o rosto amassado pelo sono. Seus dentinhos aparecem quando ela sorri e meu coração derrete como manteiga.

—Bom dia, meus amores. -meu suspiro pesadamente e me sento na cama. Cassandra arrasta o seu corpo para cima de mim e se aconchega em meu colo. -Como vai a minha menininha? -ela balança a cabeça e se esconde na curva do meu pescoço, ainda sem falar. A abraço apertado e sinto que a temperatura do seu corpo abaixou consideravelmente.

-Você dormiu muito. Eu disse que estava cansada. -Carter dá de ombros orgulhoso e eu o puxo contra mim e dou-lhe um beijo.

—Obrigada, cara. Eu precisa descansar. -levanto da cama com Cassandra enrolada em mim e saio do quarto indo ao banheiro. —Você já fez xixi, mocinha? -ela balança a cabeça em negação, então eu a coloco sentada no vaso. Espero até que ela acabe e depois eu faço.

Saio do banheiro com ela segurando a minha mão e eu a aperto dando-lhe um pouco de segurança. Não é normal que uma criança de três anos não fale... Mas Cassandra não tem uma infância normal. Assim como eu e Carter. As coisas nem sempre foram tranquilas como agora. Por mais que enfrentemos os nossos problemas, agora temos paz.

—Alguém quer panqueca?

—Eu! -Carter pula do sofá e se senta na pequena bancada da nossa cozinha para me observar. Cassandra tira o dedinho da boca e o levanta minimamente. Meu coração se alegra. Ela é a coisa mais adorável do mundo com essa camisola dos minions.

—Você dormiu bem, cara? -eu abro o armário minimamente para que Carter não veja o quão vazio já está e pego um pote de farinha.

—Tirando o fato de que vocês quase me jogaram pra fora da cama três vezes, bom, eu dormi bem. -ele ri e eu lembro de como a risada do meu irmão é gostosa de escutar.

—Ei! Isso é uma grande mentira! -eu rio e dou-lhe um tapa leve na cabeça quando passo em direção a geladeira para pegar os ovos e leite. —Nós dormimos como princesas, não é, Cass? -eu a olho sobre o ombro e o seu rostinho contente concorda.

—Vocês duas são muito espaçosas. Eu queria ter um quarto só pra mim. -sinto o riso na voz de Carter, mas suspiro desanimada e ele percebe. —Desculpa, Cath. Eu estava só brincando... Você sabe, não é? Eu gosto de dormir com as minhas irmãs. -ele me olha desesperado e morde o lábio achando que eu brigaria com ele por dizer nada mais que a verdade.

Eu queria poder dar tudo que eles precisam. Eu juro. Mas eu não posso... Eu não estava preparada para tê-los em minha vida, até que certa noite eu recebi uma ligação, então de uma hora para outra o meu mundo se tornou eles. Nada mais.

Nossos pais eram drogados, totalmente sem estrutura. Eu com treze anos fui enviada para um abrigo, assim, perdi o contato com aqueles que deviam me proteger e me manter a salvo. No abrigo eu conheci boas pessoas que me manteram seguras até que eu fizesse dezoito anos. Eu consegui uma bolsa na faculdade local, e droga, era o momento mais feliz da minha vida. Pela primeira vez eu estaria fazendo algo por mim, eu estaria livre para ser o que eu quisesse.

medusa | womanOnde histórias criam vida. Descubra agora