c a p í t u l o o i t o

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Kiran Duran

Para quem estava tão mal pela situação atual, a sua reação não foi bem o que eu esperava.

Parece que  noticia que dei foi o suficiente para acabar com as suas estruturas e trazer à tona toda a pressão dessas semanas. Seus olhos pareceram rolar e o seu corpo caiu completamente sem consciência no carpete do meu escritório. Foi o suficiente para que eu entrasse em desespero.

Eu havia fica intrigado com como Candace queria a cabeça desta menina. Então eu fui investigar.

Demorou alguns dias, não foi fácil, ao contrário do que foi para encontrar Catharina.

Mas não existe o crime perfeito, certo?

Sempre deixam um rastro, uma migalha de pão ali e outra aqui. Aos poucos eu fui descobrindo e a maior descoberta estava bem escondida à milhas de distância de New York.

Vicent estava ali, com suas vadias e seu dinheiro. Tudo ao seu redor parece tão bem e Candace estranhamente conformada com a morte criminosa que seu tão amado marido teve.

Volto a observar a pequena figura desmaiada no carpete do meu escritório e a a analiso. Uma coisinha tão pequena e bonita, mas que fez um estrago do tamanho de um icenerg. Como uma garota como ela foi se envolver com aquela familia?, eu me pergunto.

Garanto que por pura necessidade. Uma mulher com duas crianças tão pequenas não estaria nessa situação por livre e espontânea vontade. Toco os seus ombros, a levantando suavemente e a carrego em meu braços para fora do escritório. O seu corpo magro é tão leve quanto uma pena, o seu cheiro me lembra morangos e algo doce, talvez talco infantil. O seu rosto, pela primeira vez desde que a vi, carrega uma expressão calma. Seus longos e curvos cílios descansam com os seus olhos fechados. Os seus lábios carnudos e avermelhados estão levemente abertos formando um biquinho... fofo. A sua pele escura não parece tão brilhante quanto como parecia na primeira vez que a vi. Talvez as semanas de fuga tenham a deixado mal, afinal. Ela não parece uma coisinha feita para uma vida criminosa. É só uma garota.

Talvez não mereça tudo isso, penso.

Posso ver na forma como cuida e protege seus pequenos irmãos que é uma mulher carinhosa, faria qualquer coisa para eles e por eles. Talvez ela seja tudo o que eu precise agora.

Ora, não me leve à mal, tenho em meus braços uma isca perfeita. Só preciso saber  usá-la da melhor forma possível e então posso ter os Sullivan em minhas mãos como mágica.

Empurro a porta do quarto de hóspedes ao lado do quarto em que seus pequenos irmãos já se encontram adormecidos. A levo com cuidado para a cama perfeitamente arrumada e a coloco sobre o colchão. Seus cachos espalham-se pelo travesseiro, fazendo um lindo contraste. Levo minha mão aos seus cabelos e toco os fios escuros com cuidado a observando.

Talvez ela não mereça.

O pensamento me assombra e faz-me sentir culpado por pensar em usá-la para os meus planos. Eu não seria capaz de machucá-la, mas Candace tem sede do seu sangue. O que ela poderia fazer com uma coisinha tão pequenina quanto Catharina? Posso reconhecer uma pessoa ruim a quilômetros de distância e algo me diz que Catharina não é alguém ruim. É só uma menina que talvez não tenha tido oportunidade e, de quebra, ganhou duas crianças à tira-colo. As vezes o mundo podia ser uma droga até para pessoas boas.

medusa | womanOnde histórias criam vida. Descubra agora