c a p í t u l o d e z

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Kiran Duran

Eu encaro Carter distraído com um livro em suas mãos enquanto a pequena Cassandra está destraida com um urso de pelúcia. Nenhum dos dois parecem ter notado a minha presença no cômodo. Seus rostos infantis estão concentrados e relaxados.

Passaram-se uma, duas, então três semanas desde que os encontrei junto à sua irmã. Os dias passaram, cada um de nós criou suas próprias rotinas. Sigo os meus negócios, mal esbarrando em Catharina ou em seus lábios. O que é muito bom, realmente. Nas poucas vezes que a vi, mal nos falamos. Catharina ainda parece ter dificuldade em assimilar a sua nova realidade. Não é como se o contrato fosse a pior das opções., eu imagino. Coisas muito piores poderiam acontecer à ela. Se os Sullivan colocasse as mãos nelas, não poderia imaginar qual seria o seu final.

Observo as crianças à minha frente e capturo o olhar interrogativo de Carter. o garoto é inteligente, astuto. Seus olhos castanhos esverdeados parecem capturar as mínimas pistas à sua volta. Seguro o seu olhar e mesmo assim o garoto não vacilo. Seu queixo sobe em um comprimento mudo e eu devolvo, logo me aproximando com calma. Sento-me no sofá confortável da silenciosa biblioteca, logo recebendo a atenção de Cassandra que se encolhe, aproximando-se do irmão em passos curtos e lentos.

—Ei, cara. -Carter segura a mão de sua irmã mais nova e se aproxima de mim em passos hesitantes.

—Você fala engraçado. -ele responde. Sorrio.

—Por que diz isso? -eu me encosto confortavelmente no sofá e ele da de ombros.

—Sua voz. Não parece como eu falo ou Cath. -ele parece pensar por alguns segundos. —É mais parecido com o jeito que aquele cara fala.

—Que cara? -franzo o cenho e questiono,  sem entender.

—O cara alto que deu o papel à minha irmã. -ele da de ombros e logo parece arrependido do que disse quando leva a mão sobre a boca e me encara assustado. Eu rio fracamente.

—Você escutou nossa conversa? -eu pergunto interessado.  A sua postura muda e o garoto já não parece mais tão arrependido enquanto me encara.

—Não podia deixar que machucassem minha irmã. Sou o homem da família, preciso protegê-la. -o garoto é inteligente, não disse?

—Certo. -concordo.

—Você não está com raiva? -ele inclina a cabeça, com dúvida.

—Não. -dou de ombros.

—Você não é tão ruim quanto Cath acha que é. -ele me observa atentamente, buscando qualquer resquício de sabe-se lá o que. Eu sorrio.

—Catharina disse que sou ruim? -levanto as sobrancelhas, questionando.

—Não, mas ela não é tão boa em esconder o que acha. -ele segura o livro com mais força contra o peito e olha a irmã ao seu lado e volta seu olhar para mim. Cassandra ainda me observa com genuína curiosidade. —Você disse que nos protegeria.

—E vou. -eu o encaro seriamente.

—Cath disse que não confia em você, por quê?

medusa | womanOnde histórias criam vida. Descubra agora