medusa | woman

c a p í t u l o t r ê s

Kiran

Ando em passos lentos e silenciosos atrás de Vicent. Presto atenção em tudo ao meu redor sabendo que agora eu entrei no verdadeiro ninho de cobras. Vicent empurra uma pesada porta de madeira que mostra o seu escritório. Eu sigo os seus passos eu quase enrugo o nariz ao sentir o cheiro enjoado de colônia barata. Deve ser de uma das suas prostitutas.

—Aceita? -Sullivan levanta uma garrafa de whisky e eu nego, sentando-me sobre a cadeira em frente a mesa principal.

—Podemos ir direto ao ponto? -eu me seguro para não revirar os olhos quando ele sorri para mim desdenhoso.

—Com pressa, Kiran? -ele levanta o copo em um brinde silencioso.

—Na verdade eu diria entediado. -dou de ombros e ele concorda, logo se senta na poltrona de couro à minha frente.

—Você está levando bem os negócios do seu pai. Soube que expandiu para Dubai e quer trazê-los para a América. -ele diz casualmente e eu já percebo onde ele quer chegar.

—Sim.

—Seu pai manteve os negócios dele por longos anos fora da América. Agora que ele se foi, o que te faz mudar todo o cronograma?

—Você já se respondeu. Ele já se foi e agora a posição é minha. Eu quem decido o que é melhor para os meus negócios.

—Eu e seu pai fomos sócios de longa data, não gostaria de entrar em conflito com você e quebrar uma amizade estável tão longa, não é? -ele recosta confortavelmente contra a cadeira e eu quase rio dele. Levanto as sobrancelhas na sua direção.

—Você está me ameaçando?

—Não, dando-lhe um aviso. Mantenha os seus negócios na Grécia e afins e não se meta no meu território.

—Não lembro de ter pedido a sua permissão, Sullivan. -dou de ombros. —Os meus negócios por aqui mal começaram e você já está com tanto medo? -eu rio com escárnio. —Sabe que não me envolvo com negócios tão sujos quanto o seu.

—Como se o império que o seu pai construiu não fosse com contrabando de álcool e heroína. -ele ri debochado e meu sangue esquenta com a menção de meu pai.

—Bom, não é como se eu fosse um anjo, mas antes isso do que traficar humanos.

Vicent Sullivan é um homem despresível e sem caráter. Não sei o que meu pai estava pensando quando envolveu os seus negócios com alguém tão baixo e infiel.

Meu pai não foi um homem perfeito. Ele errou em muitas etapas da sua vida e se envolveu com coisas perigosas e não é à toa que está á sete palmos do chão com uma bala cravada no peito. Meu pai, Samuel Duran se envolveu no crime cedo e com seus vinte anos já burlava as leis contrabandeado bebidas alcoólicas quando não se era permitido. As coisas deram certo, então ele expandiu os negócios para heroína. Com o passar dos anos as coisas foram mudando e meu pai acompanhou essas mudanças, tornando-se um dos maiores traficantes de drogas da Grécia.

Os negócios foram crescendo cada vez mais e indo para novos países. Meu pai nunca quis trazê-los para a América, mas eu, agora como o novo mandante, estou trazendo. E é isso o que assusta tanto Vicent Sullivan.