Quando entrou pela porta logo percebeu algo de diferente. Ele ouvia as crianças muito mais animadas que normalmente, como se alguém mais estivesse as divertindo. Lucas achou estranho. Não haviam muitas visitas nos dias em que Lucas ia a instituição. Os dias mais frequentados eram os de semana, os voluntários gostavam de descansar nos fins de semana.
Mesmo assim, algumas pessoas apareciam, mas nenhuma jamais causara tanta felicidade e folia nas crianças. Ele continuou seu caminho e quando sentiu que chegara em frente à porta, a abriu com certa hesitação. Não gostava muito de conhecer pessoas novas. Elas sempre faziam perguntas inconvenientes e falavam com ele com uma voz com um tom de piedade e dó, e ele já estava cansado disso. Quando entrou, Debbie já pulou em suas pernas dizendo "oi" animadamente, com a vozinha cheia de felicidade.Debbie era uma menina de 4 anos, que tinha perdido os pais em uma enchente e que por um milagre, havia conseguido ser resgatada. Depois, foi levada a ONG, onde continuava à espera de uma família. Lucas a conheceu uns dias depois de começar a frequentar a instituição. Depois de ter ouvido Lucas tocar the moonlight sonata, a coordenadora resolveu levar o piano para sala comum, onde a maioria das atividades aconteciam e com uma voz chorosa disse à ele continuar tocando.
Debbie era a única que conversava com ele. As crianças, percebendo o divertimento de Debbie e Lucas, começaram a se aproximar mais, e em seguida todas já estavam cantando e brincando com ele. Debbie não gostava de todos os voluntários, e só ficava perto de alguns deles. Porém, tinha gostado dele. Justo ele, de quem as crianças corriam e choravam. Lucas criou um carinho especial por Debbie, eram praticamente irmão e irmãzinha. Ela era uma criança adorável, e ele sabia que seria uma questão de tempo até ela ser adotada. Quando pensava nisso, o coração de Lucas ficava apertado, mas ele tinha consciência que ela merecia uma família.
Após Debbie ter dado "oi", ela saiu para brincar com outra criança, que gritava seu nome, esperando que a mesma corresse atrás dela. Entre as vozes das crianças e de voluntários conhecidos, se destacava uma voz feminina suave e calma, nova. A voz era linda, certamente de alguém que cantaria muito bem, ele analisou, enquanto ia em direção ao piano. Quando começou a tocar, as crianças pararam de gritar e brincar, sentando-se em volta do piano. A voz nova também cessou, e Lucas pensou, um pouco decepcionado, que a dona daquela voz já havia saído. Eles começaram a cantar juntos, e quando Lucas menos esperava, alguém sentou-se ao seu lado. Imaginou ser Debbie, e já ouviu a pequena falando:
Lucas!- ela disse
"Oi" Debbie- disse ele com um sorriso
"Oi"- disse a voz nova, um pouco tímida.
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Amor à primeiro toque
RomanceLucas era uma criança comum até sofrer um acidente que muda completamente seus dias. Seis anos depois, redescobre um motivo para continuar com sua paixão pelo piano, começando a trabalhar como voluntário em uma ONG, tocando para crianças . Dois ano...