Capítulo 11

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- Lucas, por último, fomos convidados a fazer apresentações em outros países, por algum tempo.- Ângelo disse, uma expressão mista, animada e hesitante ao mesmo tempo.

- Senhor Morales, isso é ótimo! Mas, por quanto tempo?- Lucas perguntou, o rosto tomado por preocupação.

- Dependendo, de 9 meses a um ano.- ele respondeu simplesmente, mantendo uma expressão neutra.

Lucas hesitou por instantes. Um ano seria muito tempo. Um ano sem ver Ana... mas essa era uma oportunidade inegável... O que faria? Ouviu as risadas de Ana atrás de si. Ela conversava com seus amigos, ele percebeu. Sentiria falta de suas risadas também...

- Senhor Morales, eu poderia responder depois?- Lucas perguntou, o semblante indeciso, as sobrancelhas levemente franzidas.

- Sim, é claro.- Ângelo disse, gentilmente.- Foi um prazer conhecê-lo. Espero que tome a decisão correta. É uma oportunidade que nem todos conseguem, Lucas.- ele lhe disse como um aviso, depois retirando-se, seus passos ecoando pelas paredes do teatro, agora vazio.

Lucas dirigiu-se à saída, tateando as paredes, até conseguir ouvir as vozes dos amigos. Quando saiu, Alex e Nathan já estavam indo embora, dando um abraço leve em Lucas, deixando-o às sós com Ana. O sol brilhava em meio ao céu azul, sua luz atravessando as folhas das árvores de maneira suave, enquanto uma leve brisa acariciava os rostos de Ana e Lucas, á medida que caminhavam.

- Ana...- ele começou- Eu...

- Sim Lucas, Morales me contou.- ela disse, a voz tristemente tranquila.

- Isso é ótimo, você não deve perder essa chance, nem pense nisso.- Ana parou de andar segurando as mãos dele entre as suas, como procurasse confirmar sua fala.

- Mas e nós...- Lucas perguntou, seu rosto tomado por confusão.

- Não, não. Tudo ficará bem entre nós. E afinal, não é como se nós não conseguíssemos nos comunicar... Quando se encontra uma oportunidade com essa?- ela disse, os olhos focados nos dele, embora ele não conseguisse vê-los.- Você precisa ir, entendeu?

- E, Morales deixou o contato dele comigo.- ela disse de maneira confiante- Ele sabia que você consideraria deixar de ir por minha causa. Então, eu confirmei sua ida. Você parte daqui a uma semana, sabia? Morales precisava de um pianista de última hora, e quando veio ao concurso, achou quem procurava. - ela disse, abraçando Lucas com um sorriso nos lábios, os braços em volta de sua nuca. Lucas procurou memorizar aquele momento, a sensação de Ana em seus braços, seu cheiro, o som de sua voz e risada. Não a veria por um ano...

Em uma semana, eles ficaram juntos o quanto podiam. Conversavam por horas a fio, seus sonhos e pensamentos difundindo-se ao luar. Em seu último dia, Lucas buscara Ana.
Ouviu a porta abrindo, e Ana saiu, seus passos ecoando pela rua. Ela correu, pulando nos braços de Lucas, as mãos enlaçando em seu pescoço. A tarde estava nublada, pequenas gotas pingavam lentamente sobre eles. Repentinamente, a chuva intensificou-se, ensopando os dois rapidamente.

Ele sentiu Ana arrepiar-se em seus braços. Ela saiu, rodopiando entre a chuva, rindo livremente.

- O senhor me concederia essa última, e primeira dança?- ela disse, segurando as laterais vestido, curvando-se em uma reverência, sorrindo.

- Sim, com o maior prazer madimosélle.- Lucas disse, abrindo os braços, seu rosto tomado por um sorriso lindo. Seus cabelos estavam bagunçados pelo vento e chuva, a roupa formal molhada e grudada em seu corpo, os músculos transparecendo através da camisa branca.

Ele deu um passo à frente, e Ana aproximou-se de Lucas, segurando sua mão e ombro, enquanto ele colocava a mão em sua cintura, e começava uma dança lenta. Não que Lucas soubesse dançar. Ele não sabia. Ana ria de seus passos desordenados, à medida que tentava o guiar, sem sucesso. O momento era tão... perfeito, suas risadas preenchiam a rua e feixes fracos de sol iluminavam seus rostos, através a agora fina chuva que caía, do céu repleto de nuvens.

A tarde começava a cair, o sol se pondo. Ana estremeceu, com frio. Precisava se trocar, imediatamente. O vestido grudava em seu corpo, e o vento a deixava mais gelada, o corpo todo ficando arrepiado. E Lucas? Não podia deixar ele daquele jeito.

- Você está ensopado, vamos, vou te dar uma toalha. - ela disse se dirigindo à porta segurando sua mão.

Ela adentrou, apertando o interruptor ao lado da porta, sem sorte. Estavam sem luz. Ana guiou Lucas pela casa, parando para procurar uma toalha.

- Está muito escuro.- ela disse- Vou procurar por umas velas.- ela acrescentou, tateando as gavetas, pegando algumas velas e uma caixa de fósforos. Ela distribuiu as velas pelo ambiente, as acendendo enquanto caminhava entre os móveis da sala. Lucas a ouviu se distanciando, depois voltando.

- Aqui, consegui achar uma.- ela disse, lhe entregando a toalha.

Ele sentou-se ao chão, passando a toalha pelos cabelos. Ana o acompanhou, sentando-se ao seu lado, seu ombro roçando levemente o dele. Ela olhou para ele, reparando em uma mecha estranhamente em pé em meio de seus cabelos. Com um pequeno riso, Ana inclinou-se, passando as mãos pelos cabelos bagunçados de Lucas, tentando abaixar distraidamente aquela mecha, quando ele para suas mãos. As segura, acariciando de leve com os dedos.

- Ana... Eu amo você.- ele disse, os olhos refletindo a luz das velas, o rosto um misto de emoções. Ana o fitou, e um sorriso formou-se em seu rosto.

- Lucas, eu também te amo...- ela disse, selando os lábios nos dele, suas mãos passando pela camisa úmida e pelo pescoço, as mãos dele passeando por seus cabelos e suas costas.

Desespero e saudade consumiam os dois, enquanto eles se levantavam e Lucas fechava a porta atrás de si.

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