Embora estivesse cansado, Lucas estava atento, ouvindo os passos de Ana ao seu lado. Estavam em silêncio havia um tempo, e ele queria puxar algum assunto. Mas simplesmente não conseguia se concentrar. Ficava pensando como deveria ser sentir os cabelos dela entre os dedos, como queria segurar sua mão, e conversar com ela sobre os mais diversos assuntos, saber o que ela gostava, o que não gostava, e eram tantas perguntas , que sobrecarregavam seu cérebro. Não entendia o que estava acontecendo com ele.
- E o que te fez, vir para a ONG, Ana?- ele perguntou a primeira coisa que veio à cabeça, quebrando o silêncio ente eles.
Andavam lado a lado, indo em direção ao metrô, e Ana parou repentinamente, exalando de leve. Doía para ela pensar no assunto, como se um buraco se abrisse cada vez mais em seu peito. Queria contar a Lucas, queria que ele soubesse tudo sobre ela, e sentia que ele de alguma maneira a entenderia.
- Eu... eu precisava fazer alguma atividade, precisava sentir que estava ajudando alguém. Meu irmão está doente. Descobrimos ano passado, ele está com leucemia, nível 3. Eu não consigo fazer nada para o ajudar...e ele só tem 8 anos, Lucas. E eu não conseguia mais ficar parada pensando nele sofrendo, com todas aquelas máquinas ao redor dele...imagino se ele sobreviverá, e só de pensar em não fazer nada, enquanto ele morre aos poucos...- sua voz falhou, e ela sentiu como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. Ela tentou reprimir as lágrimas, cerrando os olhos.
Lucas parou a seu lado, o coração doendo por Ana e pegou sua mão, sem pensar. Ela o olhou, surpresa por alguns instantes, as lágrimas escorrendo pelas maçãs do rosto. Ele entrelaçou os dedos nos dela, parando a sua frente. Sua feição expressava pura dor, os olhos refletindo com empatia.
- Sinto muito, Ana. - ele passou os dedos com delicadeza sobre seu rosto, limpando suas lágrimas.
Ele enrubesceu, percebendo o quão perto estava dela. Conseguia sentir seu calor, seu cheiro, e sua respiração contra seu pescoço. Ele não tinha ideia do que estava fazendo. Nunca teria feito algo assim, em circunstâncias normais, ou qualquer circunstância. E o que ele queria fazer era ainda mais impulsivo. Sua respiração acelerou, o coração batendo loucamente ao peito. Ana arregalou os olhos, sentindo o rosto queimar. Ele estava muito perto dela. Ela encarou os olhos dele, perdida no verde e o castanho perto da íris, e colocou a mão sobre seu antebraço, a outra mão entrelaçada com a dele. Quando se deu conta, Lucas já tinha se inclinado, surpreendendo ainda mais a si mesmo, selando os lábios com os de Ana. Eletricidade percorreu seu corpo, adrenalina solta em suas veias. Ana estendeu os braços, sentindo uma necessidade súbita de toca-lo, passando as mãos pelos ombros e costas dele, sentindo os músculos se tensionarem ao seu toque, e ele segurou a nuca dela, enrolando os dedos nos cabelos de Ana. Seus lábios estavam febris contra ao outro, e Lucas se perdeu em Ana, apenas voltando a si mesmo quando uma buzina soou ao longe, assustando os dois. Eles se afastaram, ofegantes.
- Hã, eu preciso me acalmar um pouco.- ele disse, nervoso, respirando profundamente.- Desculpe, eu realmente não sou assim normalmente, eu não sei o que deu em mim...- ele corou ainda mais, tropeçando nas palavras. - Você está bem?- Lucas perguntou, o semblante preocupado.-Sim...- Ana respondeu. Como ele podia ficar preocupado com ela, por causa de um beijo? Meu Deus, ela tinha se descontrolado completamente também. Ela não sabia nem o que falar. Esqueceu de tudo por algum tempo, seu sofrimento, o sofrimento do irmão...Será que ele cresceria para sentir o que Ana estava sentindo? Novas lágrimas e um sentimento de culpa afloraram em seus olhos, e Ana nem sabia como, mas Lucas percebeu.
- Não posso afirmar que seu irmão ficará bem, mas você está fazendo a coisa certa Ana. Ás vezes o melhor jeito de se lembrar de alguém amado é sendo gentil. Acredite, eu entendo.- ele a abraçou, e quando Ana olhou para seu rosto, uma lágrima rolou por sua face.
Ele ergueu o punho, tentando limpar o mais rápido possível as lágrimas que insistiam em surgir, mas Ana o impediu, segurando o rosto dele entre as mãos.
-Lucas, não peço que me conte tudo agora. Nós temos tempo para nos conhecer. No entanto, a única coisa que peço a você é que por favor não esconda seu sofrimento de mim, e muito menos suas lágrimas.- Ana passou os dedos por bochechas úmidas dele, sentindo o calor de seu rosto.
-Ana, seria estranho se eu te dissesse que é como se eu te conhecesse a vida inteira?- ele disse quase em um sussurro, com uma expressão hesitante.
-Lucas, seria loucura se eu concordasse com você?- ela disse, encostando a testa com e dele. Ele sorriu, um sorriso que naquele momento ela soube que já amava.
................................
Oie gnt!! Tudo bem com vcs? Espero q tenham gostado!
Obrigada por terem lido mais um capítulo!
Amo vcs❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor à primeiro toque
RomanceLucas era uma criança comum até sofrer um acidente que muda completamente seus dias. Seis anos depois, redescobre um motivo para continuar com sua paixão pelo piano, começando a trabalhar como voluntário em uma ONG, tocando para crianças . Dois ano...