Cap 22 - O que acontece?

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Gabrielle agora que se convencia que tudo ao seu redor é real, olhava para todos os lados, não queria perder nada daquele lugar.

Estamos sentados no alto do monte, lá em baixo se via uma casinha em um campo aberto com árvores longe uma das outras, uma vegetação rasteira.

O céu esta carregado de nuvens negras sendo cortadas por raios.

- Olhe. - Eu aponto para um raio caindo sobre uma árvore enorme, que cair com força no chão, ela começa a pegar fogo, mas logo é apagado pela chuva.

A chuva se aproximava da gente como uma cortina, deslizando em alta velocidade seu som é ensurdecedor.

- É melhor sair da chuva. Ela está quase chegando. -Gabrielle olha para me como cenho franzido.

- Observe a chuva, Senhorita Polo. - Sorriu de lado, para ela. - Veja como ela é calma, simplória e forte.

A chuva está um minuto de nos molhar, eu levanto minha mão, e crio ali um espécie de barreira, impedindo as águas de prosseguir no seu percurso natural. Gabrielle não consegue entender o que fiz, mas não pergunta nada, vejo que ela ficou inquieta, assutada.

- Gabrielle responda - falo tirando ela dos seus pensamentos, - O que é a chuva? - Eu quero fazer ela pensar, focar em algo natural.

- É.... Água? - Gabrielle responde sem jeito, sua atenção está em me agora.

- Não está errado, mas esta muito generalizado... O mar é água, os rios são águas também... O que mudar é a formação. Responda novamente a mesma pergunta.

- Bom, a chuva é formada pelo vapor.

- Como funciona?

- Primeiro a chuva cair, ela fica armazenada nos rios, ou lagos, depois com o calor do sol, essa água é evaporada.... E esse vapor forma as nuvens, e quando esfria se torna água líquida de novo.... Um.... Ciclo. - ela termina com um dar de ombro.

- Certo. - eu digo - Você diria então que a chuva é uma consequência? - Aponto a nossa frente, onde uma tempestade reina com toda a sua majestade.

- Sim - Gabrielle acena com a cabeça ponderando.

- Ela é boa? Uma consequência boa?

- Claro. - responde rápido.

- Mas tudo que o que pode acontecer durante uma tempestade é bom?

- Como assim? - ela pensa um pouco antes de falar - o que acontece?

- Tudo pode acontecer na verdade. - aponto para tempestade, que tinha ficado esquecida, o som era menor onde a gente está - Se for uma chuva fraca mas por muito tempo, pode causar alagamentos das estradas, o que leva a acidentes.... Agora se for uma tempestade… - a olho com um sobrancelha erguida - pode ser uma destruição.... Aqui no campo muitas árvores que ainda teriam muito tempo de vida, podem ser atingida por um raio, as plantas menores podem ser arrancadas do solo pelos ventos.... Você diria que isso é ruim?

- Sim. - Gabrielle responde categoria.

Eu sorriu para ela, estava no ponto onde queria chegar. Eu me levanto rápido, chamando Gabrielle para me acompanhar, a tempestade ainda está com força no campo, atrás de onde estávamos sentados, tem uma trilha que descia o monte com cordas como um corrimão.

Eu ando rápido, com Gabrielle em meu encalço.

- Aonde estamos indo? - ela pegunta quando me acompanha, já cansada pelo esforço da descida do monte.

- Lembra que concordou que a chuva é uma consequência?

- Lembro.

- E que chegou a conclusão que não é tão boa? Porque coisas ruins podem acontecer?

- Aonde quer chegar?

- Ali no meio, vem... -  olho em direção o campo aberto, em meio a tempestade.

- Você quer ir lá?!

- Sim.
- Ficou louco?! E a tempestade?

- Ela não é o problema. - eu estendo a mão, em um gesto clássico do meu convite.

- O quê? Eu não vou! - Gabrielle dar um passo para atrás, recusa.

- Se não for... Ela vem até você - falo rindo, olhando o descontentamento divertido nos olhos da Gabrielle. - Vai está comigo... Ela não vai nem te molhar.

Gabrielle olha de me para a tempestade, olha do monte onde estávamos antes para mim... Analisando seus riscos.

- Tudo bem... Então. - Gabrielle fala com um sorriso mínimo do medo.

Andando lado a lado, sindo Gabrielle tensa. Como prometido, a chuva não nos molha, coloquei uma espécie de redoma sobre a gente, podíamos sentir os ventos, o cheiro da terra molhada, não havia sol, o ambiente estava com pouca luz, deixando o campo lindo aos meus olhos, mas nos da Gabrielle é terrível.

A chuva parecia se desviar da gente enquando caminhavam até o centro, onde tinha uma enorme árvore sento chicoteada pelos ventos.

- Olhe além do medo - falo perto dela - Quer saber o por que fiz questão de vir aqui? - falo apressando esse momento de tensão por ela.

Gabrielle acena com a cabeça olhando para mim.

- Quero que veja o medo, mas sinta que está segura. - continuo - É normal sentir medo.... Mas não pode deixar que ele influência seus pensamentos, seu conceito de certo e errado.

- Por que estávamos aqui? A tempestade parece que nunca vai parar. - Gabrielle fala olhando a árvore que se movia freneticamente pelos ventos.

- Disse bem... Parece... Não quer dizer que não vai acabar. - vejo a árvore que Gabrielle olhava com atenção, ela parecia dançar sem musica, já que Gabrielle e eu só sentíamos o vento. - Pense que essa árvore, que se chama carvalho, é uma pessoa, normalmente ela tem uma vida dita "Normal", mas hoje ela chegou no trabalho dela assim. - aponto para a árvore que se movia - o que diria que essa pessoa está passando?

- Não sei. - ela balança a cabeça em negação

- Vamos Senhorita Polo, pense um pouco. - digo tentando fazer ela interagir.

- Tá.... Certo, um momento difícil.

- Como o quê?

- Não sei... É algo que atinge ela sem dar chance de se defender, como uma.... Surpresa ruim.

- Bom... Algo que ela não esperava. - termino o raciocínio por ela. - Mas agora que você sabe que ela, essa pessoa, está enfrentando algo ruim, que ela não tem como se defender, o que faria para ajudar?

- Não sei o que faria... - Gabrielle olha para os pés - Talvez se ela tivesse passando por uma situação que eu já tenha enfrentado, poderia até compartilhar algo que me ajudou... Mas não sei o que ela, essa pessoa, está enfrentando se… eu não… a… conheço.…

- Essa resposta é muito boa... Mas tem situações que não se repetem em duas vidas... Só quem criou tudo e viveu tudo pode ajudar essa pessoa

- Mas então como eu... que não vivi a mesma coisa, posso ajudar essa pessoa? Mesmo que esteja perto de mim? Eu estaria de mãos atadas? - Gabrielle pergunta, se sentindo injustiçada, pela impotência.

- Você pode indicar um médico, mesmo não sendo um.
Gabrielle absorve as minhas palavras com o cenho franzido, sua mente trabalhava para entender o que falei.

Gabrielle era como uma criança, seus sentimentos definiam o certo e o errado, se algo doía era errado, ruim. Se acabava com a dor rápido era certo, bom.

Mas nem tudo que causa dor é ruim. Quando se sabe o motivo.

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