Cap 27 - Na Superfície

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Vejo Gabrielle sorrir incrédula, com um misto divertido de sentimentos no olhar, mas vejo passear em seu olhar algo que me faz segurar ela pela mão impedindo de subir mais um degrau encaro seus olhos castanho vejo sua alma.

- Gabrielle não... Faça assim.. - digo com tristeza

- O-o que-e.. - ela se enrola nas palavras com vergonha - San?

- Feche os olhos. - perço minha voz é suave com a brisa, ela me obedece devagar.

Navego em seus pensamentos, vejo sua incredulidade.

- Onde está Gabrielle? - pergunto gentil - Está no meio do oceano pacífico, está abaixo da superfície... - aponto com cuidado. Deixo que ela sinta o movimento da água em sua pele.

- O que isso significa? - Gabrielle pergunta com medo de olho fechado

- Estamos subindo uma escada certo? - digo movendo minha mão na sua.

- Pode se dizer que sim. - ela fala com um sorriso divertido, recomeço a subir a conduzindo.

- Você... Consegui ver?

- Não.

- Mas pode sentir. - começo - Não pode ver por isso muitos dizem não existir... Como você no primeiro degrau.... Mas quem sente, tem a certeza que existe, que é real, isso é real Gabrielle não se deixe levar pela duvida... Ou pela logica humana. - continuo olhando para Gabrielle - É um passo de fé.

- Fé?

- Sim, é a certeza que algo existe, mesmo sem ver, mesmo que muitos digam que não existe.

- Quem diz que não existe?

- Muitos, que não conseguem sentir.

- E por que não sentem?

- Porque não querem aceitar a verdadeira verdade, preferem ficar com suas meias verdades. - enquando falava Gabrielle e eu sabíamos a escada devagar, ela era bem íngreme - A maioria das pessoas que não acreditam que esse caminho existe, é porque não querem aceitas as condições, os requisitos necessários para andar nele.... As pessoas querem as coisa na hora que pedem... E não na hora que eles precisam delas.

- Como o que?

- Seu pai... Por exemplo.

- Meu pai?! - Gabrielle interrompe e para de andar assustada.

- Heitor. - olho para ela, e perço para continuar andando. - Um dia - falo devagar - Quando ele era muito jovem... Pediu para me falar com ele, responder como ele queria... Ele estava irritado comigo, por algo que não fiz... Ele me culpou pela dor dele... Eu falei com ele, mas ele não pode ouvir.

- Como ele não te ouviu?! Se você falou?! O que aconteceu depois?! - Gabrielle falava rápido ela questionava com o cenho franzido, não conseguia entender

- Ele não pode. - falo com tristeza - Não conseguiu entender, ele não era, e não é sensível a minha voz, ele não sabe me ouvir, e não sabe aprender sozinho...

- Por que não ensina para ele?

- Ele não me deixa... - falo - Claro que tentei, claro que tenho um plano para fazer ele me ouvir, - sorriu aberto. - Mas ele não me conhece... Mas você Senhorita Polo pode ajudar.

- Ajudar?! Como?

- Aprenda aqui, tudo que puder... E depois eu explico como pode ajudar seu pai, sua familia... O mundo... - riu pela expressão de pânico da Gabrielle, - Quem anda nesse caminho aprende a mudar vidas.. Porque muda a vida delas.

- E para onde leva esse Caminho?

- Para cima, sempre para cima. - aponto para a nossa frente, os raios do sol já se podiam ser visto, cortando as águas.

- Para cima literalmente?

- Também, - sorriu - Mas para cima também no sentido de um nivel superior, um estado melhor, com uma visão aperfeiçoada.

Já estávamos próximo da superfície, aos poucos formos submergindo das águas, estávamos em alto mar. Gabrielle olhava todo aquele lugar assutada, o fim da escada era afinal acima da água, mas o mar estava tão calmo, que parecia congelado, um piso plano, límpido com o reflexo do céu azul acinzentado.

- Você disse que falou com meu pai... No dia que ele pediu... - Gabrielle falava ainda boquiaberto por tudo a sua volta - O que falou para ele?

- Falei que... Iria ensinar ele a amar mais... A sorrir mais... - enquando falava lembrei daquela madrugada, a dor que Heitor sentiu foi muito grande para ele. - Eu ia ensinar ele naquele instante... Mas ele não ouviu, e se fechou para mim.

Eu aponto para o mar calmo, onde estámos, e começo a caminhar em direção um barquinho a remo que estava a muitos metros a nossa frente, Gabrielle estava calada, ela me acompanha sem questionar.

- Tudo aqui não parece morto? - Gabrielle diz me surpreendendo com sua pergunta.

- Morto? Por que não tem movimento?

- É, sem vida. - ela dar de ombro.

- Diz isso porque você ainda não entende... Imagine esse mar como uma pessoa, uma pessoas com seus sonhos, medos, loucuras, inspirações, gostos, desgostos, afetos... Você está na superfície, você a conhece superficialmente, sabe o básico... Mas isso não é o suficiente o superficial não pode existir no meu caminho - digo cansado - Meu Caminho é profundo, vai descobrir Gabrielle que meu Caminho tem vida, tem gostos, sabores, aromas ele não é rígido, ele tem vontade própria ele faz escolhas expõe opiniões Eu te perço para conhecer profundamente essas vontades essas verdade não de forma superfície e fria. - respiro fundo -  Gabrielle quero que pare - fico de frente para ela - Feche os olhos - ela obedece

- Por que sempre me mada fechar os olhos? - Ela pergunta curiosa

- Quando se fecha os olhos sua atenção instintamente corre para sua audição, tato... - digo rápido - O que escuta?

- Nada.

- Preste atenção... Deixe seu corpo relaxado... Entre em sintonia com tudo a sua volta... - Digo - Está na superfície das águas. Mas também está na superfície deste conhecimento...

Gabrielle inspira e expira algumas vezes devagar, Gabrielle começa a sentir a água em baixos de seus pés se movendo lentamente, o aroma sútil daquele lugar a envolve gentilmente, o clima frio a abraça.

- Ainda pensa que esse lugar está morto? - falo vendo a sua reação ao sentir tudo que julgava não existir. - Mesmo quem se recusar a si aprofundar no meu conhecimento... Mesmo na superfície se der um pouco de atenção que seja pode ter um deslumbre... Um gostinho do que existe lá em baixo... Mas profundamente.

- Como é possível? Não sentia nada.. Depois... - Gabrielle disse impressionada

- Tem coisas que é necessário ter mais atenção para simplesmente sentir... Minha voz é uma destas coisas, meu caminho também.

Gabrielle fica em silêncio, ela anda comigo pelo mar calmo, enfim eu entro no barquinho a remo e ela faz o mesmo. Ela se senta na proa, enquando em pego os remos nas mãos.

Gabrielle olhava as águas agora tão liquida, os remos entravam no mar de forma precisa e delicada, Gabrielle chorou em silêncio, se eu perguntasse a ela o por que das lágrimas, ela não saberia responder.

Mas ela chorava com um misto de dor, desamparo, culpa e arrependimento, Gabrielle sentia de alguma forma que não foi justa com Heitor, mesmo sem saber como.

O que sinceramente é bom, ela está disposta a repará um erro que julga ter feito. Eu deixei Gabrielle chorar.

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