Capítulo 2 - Souls that meet

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Nem tudo que acontece é possível ser explicado. Quando há o encontro de duas almas, apenas acontece. Não se sabe o porquê, não se sabe como, não se sabe quando. Apenas acontece. E foi assim naquele instante. Duas almas que se procuravam mesmo sem saber que faziam isso. Duas almas destinadas a se encontrar, e a amar. O que ninguém explica também é que nem sempre esse caminho será fácil, depois do encontro existe uma estrada, existem obstáculos, existe o mundo, existem fatores.

Imersos na intensidade daquele beijo, daquele encontro de corpos, os dois só sabiam sentir. Mais nada no mundo importava, nem mesmo o ar fazia falta, pois era como se um fizesse isso pelo outro. Respirasse. Mas nem tudo são flores, e aquele momento, infelizmente, embora eles desejassem muito, não duraria pra sempre. O telefone dele começou a vibrar freneticamente, e por um longo tempo foi ignorado, até que ficou impossível não atender.

Que porra você acha que ta fazendo que não atende a merda desse telefone? – a voz masculina do outro lado da linha parecia entrar na cabeça dele.

- Estou tentando fazer o que queria que eu fizesse. – disse virando de costas para Anahí.

- Puta merda, você ta transando? – ouviu-se uma gargalhada. – Cara, me desculpa, mas você precisa me ajudar, eu meio que... Me meti em uma roubada, preciso de você, to falando sério.

- Me diz que você ta de brincadeira. – passou a mão nos cabelos virando de volta para Anahí, que o observava quieta..

- Eu juro que não Fons, só vem até a entrada. – ouviram-se algumas vozes. – Preciso desligar agora. – sem esperar uma resposta a chamada foi encerrada.

Anahí: Algum problema? – ela se aproximou, sondando-o. Ele suspirou.

- Eu, preciso ir. – evidentemente frustrado. – Droga, eu não queria sair daqui. – colocou a mão entre os cabelos dela novamente, tentando abrir a fita que prendia a mascara, mas ela o parou.

Anahí: Vá, vamos nos ver de novo, eu sei disso. – sorriu, aproximando-se e beijando os lábios dele, logo se afastando. – Ele continuou parado, ainda hipnotizado pelos olhos dela, como se fosse impossível sair daquele magnetismo. – Vá.

Ficou ali mais alguns segundos a observar aqueles olhos azuis, memorizando cada detalhe dela. E então sumiu entre os outros, ficando somente a sensação de que precisavam estar pertos mais uma vez.

Anahí se sentiu sozinha e vazia. O efeito do álcool se tornando ainda pior e vindo com força contra ela. Sentiu as pernas bambearem e a cabeça girar, a tontura se fazendo ainda mais evidente do que antes. Se apoiou no parapeito da sacada, tentando recobrir os sentidos, respirando fundo o ar que parecia escasso demais. O vazio pesou e mesmo sem saber o que aquilo significava, sentiu falta do corpo que antes a abraçava entre beijos. O cheiro, o toque, os olhos verdes... A luz daqueles olhos. A última coisa que pensou foi nele, depois tudo escureceu, pareceu perder o chão, pouco ar e... Silencio. Desmaiou

~

Alfonso sentiu tudo girar e a luminosidade excessiva do dormitório o incomodou. Mal conseguiu abrir os olhos e uma dor latejante na cabeça o invadiu sem pudor algum. Flashes da noite anterior lhe vinham à mente... Sam... Uma briga... Um cruzado de direita bem no olho... Olhos... Aqueles olhos azuis... Um beijo. Ignorando a dor ele abriu os olhos rapidamente. Sentia o coração pulsar mais rápido do que deveria e percebeu que estava suando. Lembrou-se da menina, do beijo, da intensidade em que as coisas aconteceram e da forma como ela o encarava. A luz dos olhos dela. Era como se ela tivesse impregnada nele, como se suas mãos ainda o tocassem.

Vamos nos ver de novo, eu sei disso lembrou a voz dela, e ai também lembrou que não sabia o nome dela, nem o curso que fazia, nem uma amiga, telefone, alojamento. Nada. Vazio.

Luz dos Olhos TeusOnde histórias criam vida. Descubra agora