Sangue Ruim - Taekook

2- A Identidade do Desconhecido

Taehyung passou o resto daquela noite em claro. Quando voltaram para o quartel já era quase 5 da manhã, e ainda haviam ficado outros soldados explorando e verificando a área, enquanto ainda tentavam deter o fogo que queimou uma área de quase 20 quilômetros, e havia chances de que chegasse até a cidade, essa era a maior preocupação.

Quando chegaram ao quartel, o capitão deu cerca de duas horas para que seus soldados dormissem, tinham até 7 da manhã para isso. Depois disso, todos já sabiam o que viria, a repreensão, a punição e as anotações no histórico do militar.

Talvez alguns novatos já perderam o sono e estavam com as pernas bambas só de pensar no capitão gritando para os pelotões. Não era a toa que seu apelido entre os soldados era "cachorro louco". Mas essa era a menor de suas preocupações, outro motivo havia tirado o sono do Kim.

Aqueles olhos vermelhos eram diferentes de tudo que ele já tinha visto, simplesmente não sabia explicar. Taehyung já havia topado com muitos outros vampiros, que pela aparência deixariam aquele da noite passada parecendo um gatinho indefeso, mas nenhum tivera aquela resistência, aquela habilidade de cura, aquela furtividade e aquela velocidade.

Tae se lembrou daquela sensação de estar sendo seguido, de olhos vermelhos observando cada um de seus movimentos, e mesmo sabendo que estava acontecendo não conseguia encontrar de onde vinha, onde os olhos vermelhos se escondiam, e principalmente, por quê aquela sensação era tão forte e diferente de tudo que já tinha vivido. O sentimento de quase morte que passava por seu corpo, e  passava a sensação que 70% de seu sangue era composto por adrenalina.

Só por lembrar daquela perseguição, o ar se fazia ausente, as mãos suavam, arrepios contantes passavam por seu corpo e seu peito subia e descia rapidamente, como se estivesse tendo uma crise asmática.

Tudo isso em conjunto com o que o infectado havia dito. Fez Taehyung pensar em tudo, rever seus princípios não era algo de seu feitio, mas o vampiro havia conseguido essa proeza. E refletindo sobre todo seu contato com os monstros até hoje, ele diria que o que estava fazendo era certo. Afinal, tinha visto o poder assassino e temível dos mesmos, desde criança, até às incontáveis vítimas que via pelos becos das ruas, e nas macas de alumínio geladas dos necrotérios. O que já viu era mais do que suficiente para incriminar os vampiros, declara-los como inimigos desprezíveis de sangue frio e então caça-los. Tudo justificado, coerente e compreensível, então porquê?!

Por quê sentia esse pesar em relação ao que o infectado disse?

E o pior, o infectado estava certo. Por quê hesitou? Por que não conseguiu matar aquela garotinha a sangue frio?

Se perguntava se por algum motivo, uma parte de si sabia que era errado, digno de ódio e desprezo. E pensando bem, ele sentia que se atirasse naquela garota, não seria melhor do que os monstros que destruíram tantas vidas, inclusive a sua.

Esses pensamentos lhe roubaram suas únicas 2 horas de sono. E sem que percebe e o tempo passando, logo viu alguns raios de sol entrando pelas janelas estreitas e pequena que ficava no alto da parece, tornando impossível uma olhada lá fora por sua altura. Mas ainda podia ver que já estava claro no pátio, e em cerca de alguns minutos o sargento apareceria dando golpes fortes na porta de ferro do quarto.

Então já sem sono, Taehyung levantou se sentando no colchão de baixo da beliche. Ele tinha escolhido a beliche de baixo justamente por isso, pois havia noites em que tinha insônia e se levantava para esfriar a cabeça, e preferia o fazer sem acordar ninguém.

Colocou os pés descalços no chão gelado e sentiu um arrepio percorrer sua perna e uma leve formigamento no solado do pé, até que se levantou por completo. Quando tentou dar seus passos sentiu o peso de uma noite mal dormida, ou melhor, não dormida, e tombou um pouco para o lado. Esfregou os olhos, abrindo-os em seguida.