5- Para à Capital

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Dentro do carro, tudo parecia demasiado quieto. Seria uma viagem de quase dois dias inteiros, e por não quereriam fazer paradas desnecessárias, já haviam se abastecido com comida e água.

Na maior parte da manhã, dirigiram por dentro das florestas, até realmente chegar na estrada aberta, rodeada por campos de agricultura dos próprios moradores de uma pequena cidade que não ficava muito longe dali.

O único motivo dos moradores poderem ir cultivar um pouco afastado de sua cidade eram os pequenos acampamentos militares que rodeavam a área fazendo patrulhas e protegendo a população, do contrário ninguém teria coragem de arriscar a vida apenas por alguns grãos de trigo e um salário de merda, apesar de que de vez em quando se espalhava rumores de ataque a fazendeiros. Mas eles realmente não tinham opção, uma vez que aquele era o único terreno fértil mais próximo, tudo por conta do desgaste do solo em suas fazendas internas, resultando em uma grande crise de falta de alimentos três anos atrás, e por isso houve a mudança para uma área que era mais perigosa.

Naquela parte, o sol não tinha pena, e o calor caia sobre todos impiedosamente. O carro totalmente fechado, sem entrada ou saída de ar por ser blindado, podia ser facilmente comparado com um forno, e os soldados, presos em suas fardas negras e de tecido grosso, eram literalmente cozidos ali dentro. Mas não ouvia se uma única reclamação por parte deles, todos sempre mantinham a postura firme, e o máximo que os via fazer era puxar o colarinho em busca de uma respiração mais livre, um ato de desespero porém deveras inútil.

Houve uma pequena pausa durante a tarde, apenas para todos comerem e se hidratarem depois de longas horas no calor escaldante. Mas logo a jornada se reiniciou, pois não poderiam perder muito tempo. Como deveriam dar uma volta para se desviar da área onde era mais provável de se encontrar infectados, o caminho se tornava maior, e consequentemente demorariam muito mais. Uma vez que essa era uma missão de urgência, quanto mais rápido chegassem ao local, mais eficiente seria a operação.

Após mais algumas horas de estrada sem pausa, ele entraram em uma nova floresta, mas essa tinha características diferentes em seu bioma. As árvores eram mais robustas, os galhos mais extensos, troços mais escuros, e toda a folhagem  era muito bem aglomerada. Tudo ali parecia ser extremamente calculado para o ataque de predadores. Mas tiveram a sorte de que quando o céu começava a dar sinais de que o pôr do sol seria em breve, já estavam bem próximos de sair da floresta, que era conhecida popularmente entre o exército como a "Armadilha Perfeita", seja para caçar ou para ser caçado. E Taehyung pode jurar ter ouvido barulhos de alguns animais pela floresta, mas nem se preocupou, talvez fosse só algum lobo a procura do jantar.

O esquadrão dirigiu ainda durante a noite e madrugada, o motorista de cada veículo foi trocado no mínimo duas vezes, e as únicas pausas foram feitas para isso. O cansaço tomava conta de todos ali presentes, mas os mesmo ainda se negavam a mostrar fraqueza, mantinham a posição como se estivessem preparados para o ataque a qualquer momento, mas só anceavam por uma comida que não fossem embalada em diversas camadas de plástico, sem o maldito gosto artificial que grudava na garganta e perdurava até a irritação, sem os tecidos grossos tecendo e imobilizando cada movimento seu, e talvez sem a companhia das náuseas por pelo menos trinta minutos.

Mas de onde estavam ainda faltava no mínimo 12 horas para chegarem. E acreditem, nada de especial aconteceu nessas horas, nenhuma palavra era proferida e nenhuma ameaça atravessou o caminho.

Quando estava com uma distância de mais ou menos duas horas da capital, Tae escutou um som nostálgico vindo de fora do carro, mesmo sendo abafado, ele nunca confundiria esse assobio com qualquer outro. O som de um grupo de andorinhas que brincava voando entre as árvores espalhando minúsculas folhas pelo ar, assim como uma amelodia leve e contagiante.

Sangue Ruim - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora