Fourteen, past.

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Diversos carros passavam na minha rua naquele dia, parecia que o mundo se mantinha mais agitado que o normal. Era estranho ao meu ver, mas deixei de lado. Naquele dia passaria um desenho que eu queria ver e como já havia feito a atividade da escola, minha mãe ia deixar. Eu via ela andando de um lado a outro em nossa casa, queria perguntar a ela o que estava acontecendo mas ela sempre dava um jeito de não me responder.

- Ei, Sung. - a mais velha chama a minha atenção, ajoelha-se e eu olho para ela. Seus dedos delicados faziam carinho no meu rosto e eu sorrio. - Parece que vamos ter vizinhos novos, vamos dar uma olhada, hum?

Sorrio amplamente quando ela dá essa ideia e balanço várias vezes a cabeça em sinal de concordância. Levanto-me com uma evidente animação, eu gostava quando pessoas novas vinham morar perto de mim pois assim talvez eu tivesse amigos mais próximos. A maioria morava tão longe de mim que isso me deixava bem chateado, porém eu já havia me acostumado.

Antes de sairmos mamãe me deu um pirulito, tudo porque aceitei ir com ela sem reclamar e isso me deixou bem feliz. Bem mais do que eu já estava. Um sorriso se fazia presente em meu rosto quando fomos falar com os novos vizinhos, normalmente eu era bem tímido para conversar com novas pessoas e nesse caso não foi tão diferente.

A senhora Lee era tão amável, ela pareceu se dar muito bem com a minha mãe. Até a chamou para tomar um café, e olhe que as coisas ainda estavam em um processo de mudança. Achei ela bem legal, disse a mim que também tinha um filho e ele devia estar olhando o novo quarto dele.

- O nome dele é Minho. - falou a mim naquele dia. Tentei diversas vezes falar o nome dele, podia parecer até fácil mas eu só errava e isso me deixava chateado por não conseguir. - Pode chamar ele de Lino se achar mais fácil, com o tempo você vai se acostumar, tenho certeza.

A mulher preparava um café quando disse que ia chamar o seu filho. Mamãe me olhou sorrindo, sorrio de volta e dedico um tempo ao meu doce.

Instantes depois ela vem acompanhada de um menino bem mais alto que eu. Nossa altura era bem óbvia e considerável, ele tinha cabelos castanhos e olhos de mesma cor. O seu sorriso era bem bonito, e quando ele praticava esse ato, seus olhos conseguiam virar alguns risquinhos.

- Filho, este é Jisung. Jisung, este é Minho. - a senhora nos apresenta. Indica que seu filho deva segurar minha mão e eu faço o mesmo.

E aquele foi o dia que eu conheci Minho, ou como eu mesmo chamava boa parte de meu tempo, Lino.

[...]

Nossas idades não eram tão próximas mas também não eram distantes. Era cerca de três anos, se não me engano. Quando minha mãe tentou explicar eu via algum desenho animado na televisão e não entendi com exatidão, crianças se distraem com muita facilidade, às vezes.

- Jisung! - minha mãe me chamou da cozinha, já haviam se passado uns três dias desde a vinda família Lee. Antes de chegar até lá eu tropeço sem querer em meus próprios pés e caio no chão. - Filho? Oh, meu deus. Você está bem?

- Tô, eu acho. - falei assim que consegui me sentar no chão, minha cabeça doía um pouquinho e mamãe beijou minha cabeça para que eu melhorasse. Me leva até a uma das cadeiras e me sento ali. - O que foi?

- A senhora Lee ligou e perguntou se o filho dela podia dormir aqui. - contou a novidade toda sorridente. - E eu disse que sim, vou buscá-lo ainda hoje.

- Lino vem para cá? - tombei minha cabeça em uma perfeita confusão, mamãe balançou a cabeça em sinal de negação e explica:

- Lino não, Lix. Lembra-se que esses dias ele faltou a escola por estar doente? Então, ele melhorou um pouco e sua mãe concordou em deixar ele vir aqui.

Como hoje era sexta então amanhã poderíamos brincar sem problemas, mesmo que eu quisesse que Minho pudesse vir, a companhia de Felix também era boa. Concordei com o que ela havia dito e sorrio, eu sentia falta de Felix.

[...]

A primeira coisa que ele fez ao me ver foi me abraçar bem apertado e deixou beijos pela minha face e, por fim, na minha testa. Naquele momento eu não ligava se ele ainda estava meio doente ou se poderia ficar igual a ele. Eu só queria estar na companhia dele, apenas.

- Você tá mesmo melhor?

Perguntei enquanto íamos sentar no sofá. Ele deita a cabeça no meu colo e eu mexo nos fios de seu cabelo.

- Eu tô, mamãe anda me dando alguns remédios para que eu melhore. E isso tem funcionado, mas eles têm gosto ruim. - reclama fazendo uma careta.

Quando eu conheci Felix ele mal falava coreano, era bem difícil para que ele acertasse a língua e quando não conseguia o coreano, ele falava aquele inglês embolado dele. Eu fui de grande ajuda para ele aprender a língua nativa e de quebra fui aprendendo inglês.

- Mamãe fez um doce bem gostoso, vem comigo e me ajuda a pegar ele.

Vejo a expressão de Lee mudar, parecia querer sorrir e ao mesmo tempo, não.

- Mas não é errado? Tipo, vai que sua mãe briga com a gente? Têm momentos que ela me assusta.

- Deixa de ser medroso. Vai dar tudo certo.

Ok, não deu tudo certo. Não quando caímos da cadeira na busca da comida, na verdade, eu caí e Felix se desesperou. Eu sorri forçado para minha mãe quando ela surgiu na cozinha e mantinha as mãos na cintura.

Eu tinha machucado o pé direito, foi necessário uma pequena ida ao hospital pois minha mãe era preocupada com essas coisas. Como disse, não tinha sido uma coisa tão séria porém aos olhos da mais velha, era, sim, uma coisa bem ruim.

- Veja pelo lado bom, agora eu vou poder cuidar de você! - Lix diz todo feliz ao meu lado na cama.

- Pelo menos você vê lado bom, Lix, pelo menos.

[...]

Minho não me deixava mais chamá-lo de Lino, dizia que isso não ia fazer bem para sua imagem. Eu sei que ele é bem bonitinho, contudo, não entendi o que ele queria dizer. Era apenas um apelido bem carinhoso, que mal havia nisso?

Ah, meus oito anos - quase nove - não me permitiam ver com exatidão o significado. Talvez a idade mais avançada de Lee pudesse explicar isso, logo ele que estava com seus onze anos, em média. Quando ele pediu para que eu fosse até sua casa, fui todo animado. Sua mãe me tratou bem, me deu até uma bala e permitiu que eu fosse até o quarto espaçoso dele.

- Você tá bem?

Perguntei sentando na sua cama. Ele me olhou com certa curiosidade, havia dúvida ali e eu não entendi.

- Eu tô ótimo. Ei, Sung. - chama minha atenção. Se senta ao meu lado na cama e me olha atentamente. - Eu posso fazer uma coisa?

- Fazer o que?

- Te beijar. - disse a frase bem baixinho com medo de que alguém pudesse ouvir. Eu apenas lhe olhava, não sabia o que podia representar aquele pedido. Vendo que eu estava com uma dúvida bem evidente ele começa a explicar o que íamos fazer. Ele viu em alguns programas e ficou curioso sobre, a questão é que ele decidiu fazer isso estando comigo.

Não sabíamos as definições exatas do que éramos, rótulos não me prendiam e quando eu aceitei isso, sabia que poderia ser um pouco mais diferente. Eu estava prestes a beijar um menino e só tinha medo de sua mãe bater a porta.

Foi uma coisa até que delicada, só se tornou estranha porque Minho tentou mais coisas que eu não conseguia acompanhar e paramos minutos depois. Beijos são estranhos e tenho dito.

Mal sabia eu que tempos depois teria o pior dos vícios: o vício de desejar beijar os lábios de Lee Minho.

Your Kisses Addicted Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora