Twenty two, peace.

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Sempre que era possível - e acessível, claramente - Minho ligava para mim. A verdade é que ele saiu apenas uma semana depois da sua ligação a mim, ainda estava de repouso e sob supervisão de seus pais. Segundo o relatório médico feito, a pancada na cabeça de Minho resultou no seu corpo apagado por um tempo. Por sorte ele não sofreu mais nada, apenas alguns arranhões no rosto - segundo ele próprio - e algumas deslocações no processo do acidente.

Eu prestava bastante atenção em cada palavra que saía de sua boca quando ele ligava para mim. Fazíamos o horário bater para podermos ter uma conversa longa e agradável, ele sabia que eu devia acordar cedo nos dias seguintes e afins, e por conta disso a ligação sempre acabava num horário acessível para mim. Assim eu não acordaria tão cansado para começar mais um dia na faculdade.

A primeira vez que fizemos chamada por vídeo deu tudo certo e tudo errado. Dentre todas as cartas que mandei a Minho, poucas citavam Hyunjin e ele parecia não ligar tanto para a presença dele ou algo assim. Mas pelo visto ele ligava, e muito.

Eu me mantinha estudando para a faculdade, bebia um pouco de água e fazia esse ciclo a cada cinco minutos mais ou menos. Foi quando o meu celular tocou e eu tentei descobrir onde o havia deixado, acabei achando ele na minha prateleira de livros e percebi ser uma ligação de Minho. Arrumo meu cabelo para que fique apresentável, sorrio antes de atender e meu coração batia mais rápido.

Atendo enquanto buscava pelo fone de ouvido o achando sobre a escrivaninha.

- Oi, desculpe a demora. - falei assim que ajeitei tudo. Naquela telinha pequena se mantinha um Minho sorridente, tanto em sua testa quanto nas bochechas haviam pequenos cortes. Sento-me em seguida na cama cruzando as pernas na posição de índio, ele balança a cabeça minimamente e eu continuo. - Estava pegando o fone.

- Tudo bem, Jisung. - ele fala calmamente. - Não me disse que tinha pintado o cabelo de azul.

- Ah, achei que tivesse dito. Como pode ver eu pintei, aquele preto precisava de uma nova mudança. - conto para ele, mantendo um sorriso no rosto.

Começamos a falar sobre as nossas faculdades, se havia alguma novidade de ambos os lados e por aí foi. Eram palavras tão boas de serem ouvidas, daquelas que sempre aquecem o coração só de serem escutadas.

- Sung, vamos sair hoje? O clima está bom para um passeio.

A fala foi proferida por um Hyunjin entrando em meu quarto, provavelmente tinha batido e eu nem escutei. Acabo por me virar para o olhar com mais atenção, retiro um dos fones do ouvido e dou uma pequena atenção a ele.

- Claro, só preciso pegar uma roupa para quando voltarmos, e aí, sim, podemos ir.

Geralmente o clima de tarde beirava o ameno, às vezes aumentava e nesses dias eu reclamava de calor. Contudo existia finais de noite que eram bem frios, e se eu esquecesse do casaco, era um erro horrível de se cometer. Isso acabou acontecendo nos primeiros dias quando me mudei para cá.

- Jisung, ainda está aí? - escuto a voz de Minho chamar meio distante, brigo mentalmente comigo por o deixar de lado e volto a lhe olhar.

- Sim, só estava resolvendo um negócio aqui, nada de mais. - o tranquilizo sorrindo amável.

Ele não dizia mas eu via em seus olhos. Era aquela faísca que pessoas chamavam de ciúmes, onde quando sua atenção se perde por alguns instantes, o outro sente coisas levemente negativas. Em um belo resumo: pelo visto, Minho não gostou de ver Hyunjin tão perto de mim, porém, eu não deixaria de estar com o outro só porque o menino não gostou.

- Ei. - chamo sua atenção. - Por mais que eu veja ciúmes em seu olhar e saiba que você não agiu assim antigamente comigo, fico feliz em saber que você realmente se importa comigo. Mesmo que seja demonstrando ciúmes, mas deixando claro, você não precisa disso, está bem? - digo em um tom reconfortante. - Eu sei o devido lugar das coisas e sei que o posto que você tem é bem maior do que o Hyunjin ocupa. São amores diferentes, amo Hyunjin como um irmão e amo você como um namorado. Entende?

Silêncio. Eu analisava suas feições, ele nada esboçava. Foi quando um sorriso fez parte de seu rosto, seus olhos conseguiram virar dois riscos - ou pelo menos se assemelhava a isso -, ele pediu uma pequena pausa e na sua tela mostra um em espera. A ligação retorna com um Minho sorridente e com uma flor em mãos.

- Eu não pude me levantar, então pedi para minha mãe pegar. Não importa quanto tempo ela dure, nosso amor durará mais. - me diz. - Não sou o maior dos poetas, é verdade, mas posso ser o poeta que ganhou seu coração. Aquele que mesmo com erros, falhas, um coração quebradiço superou todos os problemas e se tornou melhor para você. Posso não ser o melhor dos melhores mas vou ser o melhor para ti. - confessa. Em alguns instantes eu abaixava o meu olhar e logo voltava a lhe olhar. - O que achou?

- Eu acho que você foi ótimo e que eu te amo de um modo tão único que as coisas sempre se superam. Um passo de cada vez, ok? Agora vá descansar que eu tenho de estudar um pouco.

Falamos algumas palavras e a ligação é encerrada. Recosto-me na parede ao deixar o objeto de lado, era inevitável não sorrir diante do que aconteceu.

- Agora. - Hyunjin novamente entra em meu quarto e dessa vez sem bater, coloca as mãos na cintura e sorri. - Vamos sair e você vai me contar direitinho tudo que aconteceu.

[...]

Nós dois andávamos pela cidade sem pressa alguma de voltar. Víamos o movimento ocorrendo bem na frente de nossos olhos, uns mais rápidos que outros, e alguns mais lentos. Contei a Hyunjin tudo que ocorreu naquele espaço de tempo, dedicou muita da sua atenção a pequena estória que contei.

- Pelo visto vocês dois estão bem ajeitados, isso é bom. - disse-me naquele instante, concordo com a cabeça e ele continua: - Agora vamos comer algo antes de voltarmos para casa.

Compramos alguns salgados numa barraca que se mantinha próxima dali e por conta do horário, decidimos voltar para o conforto da casa. Opto por dormir cedo naquela noite e antes de dormir vejo se há algo para mim no celular.

Minho: Eu te amo, está bem?
Se cuida e dorme bem.

Acabo lhe deixando sem resposta pois estava bem cansado, mas quando o dia amanhecesse, o responderia. Com pensamentos bons referente a Minho, acabo dormindo.

[...]

um capítulo calmo comparado aos próximos que vamos presenciar. não tenho mais nada a dizer, é isso aí.

Your Kisses Addicted Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora