Capítulo nove

1.8K 128 41
                                    

Keith corria para cima e para baixo no trabalho, esfregando as mãos no avental branco que usava por cima da roupa, enquanto ajudava a servir as mesas, estas estavam lotadas pelos alunos das fraternidades próximas. Vantagem e desvantagem de se trabalhar em um local grande como aquele, tão popular que, de vez em quando, mal tinha tempo para respirar.

Sexta-feira era o pior dos dias, não em termos de money, afinal era quando mais conseguiam juntar lucro, o movimento não era um dos problemas, pois, até mesmo os professores e reitores costumavam visitá-los, estressados ou não tinham costume de puxar papo e reclamar – como se ali fosse um barzinho de quinta, onde você se embriaga e conta tudo, depois esquece, mas ao invés de álcool, o que lhes dopa é o açúcar das viciantes sobremesas, tão prazerosas que perdiam o limite –, hora ou outra, estavam ali, degustando cheio de gracejos as refeições e afirmando convictos que falavam aos seus alunos durante as aulas, recomendações gratuitas sempre eram bem vindas.

Anna nunca reclamaria, não quando era a mais beneficiada, estavam lhe pagando e mantendo o sustento do seu café. No entanto, mais pessoas apenas lhe ajudavam na questão financeira, os gastos com serviço prevaleciam sendo altos, mais horas abertas igual a menos dinheiro no caixa – contas e carteiras trabalhistas para pagar.

O número excessivo de pessoas nas últimas semanas era inconveniente para os empregados, para os da cozinha principalmente, estes mal possuíam tempo para respirarem direito, acabava fornada precisavam pensar no que preparar a seguir, coisas que não fossem sobrar e ser desperdiçadas. Tudo tinha que ser em medidas exatas e extravagantes, de forma que agradasse Romelle e Anna, as palpiteiras mais detalhes que haviam no lugar, críticas quanto ao serviço.

Naquele dia, em específico, estava uma bagunça completa, até mesmo o ar precisar ser poupado. Os funcionários mal paravam quietos ali, não tinham tempo e, infelizmente, a maioria deles estava com atestado por causa de doença.

Maldita época de gripe e vacinas ruins que não estavam tendo efeito, só podia ser um lote ruim, não tinha outra resposta possível.

Estava acabando com todos, mesmo com os mais fortes, os derrubando ao ponto de mal aguentarem ficar de pé ou saírem de suas camas. Todos passando no centro comunitário da Universidade e conseguindo suas liberações para as classes e empregos do dia.

Keith, no entanto, nem cogitou a ideia de ir ver um dos ajudantes do curso de enfermagem ou médicos locais. Tinha mais coisas para se preocupar do que a própria saúde, com a semana de provas adiada tinha mais tempo livre para descanso, mas sua mente ficava a mil por qualquer bobagem, então não se concentrava — embora seus maiores esforços fossem voltados a isso.

O moreno se sentia um pouco febril, o corpo estranhamente quente enquanto o resto do mundo parecia estar prestes a enfrentar uma nova era glacial. Saíra de um quase resfriado fazia poucos dias e não se sentia absolutamente curado, na verdade, tinha a vaga noção de ter piorado, mas ignorava esse detalhe, fingindo que estava bem. Precisava lutar contra a vontade de sentar em algum lugar e cair no sono — o que, sem dúvidas, iria acontecer caso resolvesse testar, estava sem força física e compensa na força de vontade, ao menos tenta, claramente.

Ainda faltavam duas horas para que fosse liberado, sem conta que precisaria fazer hora extra já que certo cubano não dera as caras naquela manhã e não teve cara de pau de mandar nem uma mensagem.

Keith foi liberado mais cedo da faculdade por Shiro, justamente por estar aparentemente pálido demais como diversos outros alunos que também foram liberados, pois, não queriam que houvesse chances de espalhar os germes e derrubar os professores.

As faltas do moreno seriam contadas, como de todos os outros que não foram para a faculdade, porém, estava com atestado, não que fosse fazer alguma diferença, ele estudava mais em casa do que em qualquer outro lugar, poderia muito bem recuperar aquele dia em uma noite. Além disso, tinha a vantagem de poder pegar matéria com algum dos seus colegas mais tarde, eles lhe deviam tantos favores que não se importariam, até mesmo no final de semana.

𝘉𝘦𝘤𝘢𝘶𝘴𝘦 𝘐 𝘩𝘢𝘥 𝘶 - 𝘒𝘭𝘢𝘯𝘤𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora