Capítulo três

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Chegava a ser irônico a forma como o destino teima em colocar seres na sua vida, ele não dá nem a chance para fugir e você se sente obrigado a conviver com aquelas pessoas, querendo ou não. Se essas pessoas de alguma forma lhe gerarem algum tipo de interesse é muito bom, principalmente se for um jovem de aparência exótica e sorriso largo.

"Vai na cafeteria do centro, você não vai se arrepender, as doses lá são na medida certa e o gosto é muito bom."

Importar-me com a opinião alheia ou conselhos de colegas da universidade não eram a minha cara, nem combinava comigo ser assim, mas pela primeira vez, me vi tentado a conhecer o lugar, ele não, ele não havia sido o único e então fui logo, assim paravam de encher o saco e aproveitava para experimentar um café novo - que, por acaso, tem umas bebidas que são uma delicia.

Eu não esperava adentrar no estabelecimento e me encontrar com o Lance atrás do balcão, sua expressão comum e alegre se direcionando a mim, o semblante ficando sério e confuso por alguns segundos, sendo que nem o mesmo pareceu notar isso. Como eu disse, o responsável era o destino que talvez eu estivesse começando a acreditar que existia mesmo. Foi uma surpresa, não muito boa, descobrir que ele trabalhava naquele estabelecimento e isso me irritava, principalmente por me sentir tão estranho, as palavras pareceram sumir naquele momento e só consegui focar no quão irritantemente bonito ele ficava com aquele uniforme estranho, não que eu fosse dizer isso em voz alta para ele, jamais teria essa ousadia. A indiferença, contudo, havia dominado minha expressão e fiz de tudo para não ficar preso em seu olhar, não encará-lo mais do que o necessário.

Aquela não era a primeira vez que nos encontrávamos na vida, o que me provocava um estresse maior.

Por mais que ele não parecesse saber - provavelmente nunca me notara, o campus era enorme e um cara como eu não passava percebido aos olhos de pessoas como ele - nós fazíamos faculdade no mesmo lugar. Não era o mesmo curso e muito menos as mesmas cadeiras, na verdade, nunca havíamos conversado por lá e, mesmo tombando um com o outro algumas vezes, sempre seguíamos nosso caminho, não nos conhecíamos e/ou nos não importávamos o suficiente.

Não é como se ele não despertasse meu interesse, longe disso aliás, um jovem de pele exótica, olhos ávidos e um comportamento agitado, tagarela com os amigos pelo que posso notar, destaca-se bastante no meio da multidão ao contrário de mim que normalmente tento passar despercebido. No entanto, não me intriga o suficiente para que eu quisesse ser seu amigo, o máximo que me permitia sentir era uma leve atração por ele que não foi saciada por termos apenas nos beijado, fez foi crescer ainda mais.

Meu plano, entretanto, não era encontrar com ele em seu lugar de trabalho. O moreno pareceu não se lembrar do que aconteceu na festa, o que me deixou chateado, mas não surpreso. A dose de álcool em seu organismo era alta e ele não tinha uma resistência a bebidas como eu tinha, deu para perceber que estava embriagado, notar pela expressão boba que fazia e como cambaleava ao tentar flertar e dançar.

Dá mesma maneira, não estava nos meus planos beijá-lo, porém nunca fui de dar para trás depois de uma provocação. Atrevimento tinha limites e ele cruzara todos sem notar.

Só Deus sabe o quão foi complicado não perder totalmente a cabeça, afastar-me e ir embora assim que o deixei em casa. Uma parte de mim realmente queria ter entrado quando o Lance perguntou se eu queria subir com ele, já o meu lado sã negou essa ideia de primeira, sem nem pensar em quais os problemas que aquilo se tornaria ao amanhecer.

O que acontece bêbado não volta a acontecer. Perde a oportunidade tinha sido um caminho sem volta e por mais me sentisse um pouco decepcionado, estava terrivelmente satisfeito por minha decisão. Pelo rumo que as coisas tomaram, era bem capaz de eu ter saído de fininho ao amanhecer e ele não fazer ideia de com quem dormiu.

𝘉𝘦𝘤𝘢𝘶𝘴𝘦 𝘐 𝘩𝘢𝘥 𝘶 - 𝘒𝘭𝘢𝘯𝘤𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora