A Boia de Jacaré

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– Pode abrir! – eu disse para minha mãe, tirando as mãos de seus olhos. Ela deixou um sorriso escapar, mas quando ela abriu os olhos, seu sorriso foi substituído por uma expressão de desprezo.

– Filho...? – Narcisa se virou para mim, me encarando como se aquilo fosse brincadeira. – Achei... Achei que você tivesse chamado a Pansy... – ela murmurou, seus olhos exigindo uma explicação.

Enquanto isso, Hermione olhava para os pés, vermelha como um tomate. Eu comecei a me envergonhar com a reação da minha mãe. Ela era mais compreensiva que o meu pai, como assim? Levei minha mãe para um canto afastado, e começamos uma conversa afetiva via sussurros.

– Draco! Quem colocou essa sua ideia de levar uma sangue-ruim para casa? É inaceitável... Seu pai vai ficar furioso... – ela sibilou, apertando seus dedos frios no meu braço.

– Mãe, eu avisei que seria inusitado! Mas ela é minha amiga agora...

– Amiga?! Do que você está falando? Se não me engano, eu e seu pai lhe ensinamos a não se misturar com... – ela se virou rapidamente para fitar a sabe tudo. -... Ralé.

– Mãe! Não fale assim dela! Pelo menos conversou com ela? A senhora precisa ver como ela é culta e inteligente...

– Nada de enrolar! Não vou levar essa garota para casa, pode ir esquecendo... – ela disse, franzindo o cenho. Eu tentei várias vezes dizer “mas, mãe...”, porém, ela me interrompia e me silenciava com um “shhhhh!” azedo.

– Se levarmos ela para casa... Se... – eu comecei a gritar, até ela parar e bufar. – Se levarmos Hermione, papai não vai poder enxotá-la pra fora! Seria falta de respeito, levar a garota até lá, para ter que ir embora à toa. – minha mãe abriu a boca para protestar, quando eu levantei a voz mais uma oitava. – Além do mais, seria uma baita humilhação, não seria? Os vizinhos ficarem sabendo, ou pior, o Profeta Diário!

Não faz o menor sentindo sair no jornal que expulsamos Granger de casa, mas convenci minha mãe com esse argumento sem nexo, e ela aceitou. Sorri para Hermione, e a chamei para se aproximar. Aparatamos.

Logo que senti o cheiro de pinheiros e umidade, soube que estava em casa. Olhei para frente, e vi minha mansão de três andares e um sótão reluzente, à minha espera. Cercada por pinheiros, um gramado verde e úmido do orvalho vespertino, e compridos portões de ferro negro cercando o perímetro: Esta era minha casa!

Olhei pelo canto do olho, e percebi que Hermione estava com o queixo caído. Ela olhava para todos os lados – até para o céu, o que foi inesperado -, e depois olhou para mim, sorrindo impressionada.

– Vamos entrar? – minha mãe perguntou secamente, com os olhos brilhando de preocupação. Eu entendia seu medo: Meu pai poderia matar alguém se visse Hermione. Culpei a mim mesmo por ter falado tanto dela durante cinco anos.

Com um gesto de mão, Narcisa abriu os enormes portões de ferro, e entramos. Andamos pelo caminho de paralelepípedos que nos levava até a porta de entrada, enquanto Hermione olhava para todos os lados, vendo as árvores bem podadas, e o jardim que minha mãe tanto prezava. Ela abriu as portas brancas, que nos levaram para a sala de estar. Hermione ficou ainda mais boquiaberta – se era possível -, e seus olhos brilhavam com a magnitude da minha enorme casa.

Minha mãe nos ignorou e subiu as escadas, provavelmente preocupada demais para testemunhar o escândalo que meu pai faria. Comecei a sentir meu estômago se revirar dentro de mim. Hermione sentou em todos os sofás e poltronas, e rolou no tapete felpudo em frente à lareira. Eu rolei com ela, para não deixá-la desconfortável, mas o meu medo crescia assustadoramente.

A Maldição Dos MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora