Invasão ao Covil

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Hermione se sentou ao meu lado cruzando os braços.

– O que foi? – eu perguntei, escondendo o livro embaixo do travesseiro. Ela se deitou e ficou encarando o teto, parecendo frustrada.

– Oliver tem uma namorada. – Houve um momento de silêncio em que eu não sabia como reagir. Por dentro, eu estava dançando o break-dance da felicidade loucamente, mas, por fora, não queria magoar Hermione, principalmente agora que eu sabia que ela era minha alma gêmea.

– Sinto muito. – eu disse, me contendo ao máximo. Hermione virou a cabeça pra mim, e riu.

– Não sente nada! Você o odeia! – ela pegou o travesseiro e bateu em mim. Nisso, ela percebeu a presença do livro "A Bela e a Fera", e me lançou um sorriso presunçoso. – Draquinho! Não acredito que você estava lendo um romance trouxa! Nossa, estou orgulhosa!

– Sim, acho que você já sabia. Comprei quando conhecemos a Emily testa de tartaruga. – eu senti minhas bochechas queimarem, pensando quando seria a hora ideal para dizer a ela minha teoria. Afinal, pensando bem, Hermione também havia se tornado minha melhor amiga.

A garota começou a rir ao se lembrar da Emily cara de tartaruga ninja. Rimos por bastante tempo, até ficarmos sem fôlego.

– Obrigada, Draco. – ela disse finalmente, se levantando. – Perdi meu tempo com Oliver, quando deveríamos estar nos preocupando com você.

– Como assim se preocupando comigo? – eu perguntei, mas imediatamente entendi do que ela falava. E novamente senti minhas bochechas queimarem. Ela se referia à maldição. – Ah, sim.

– Você está bem, Draco? Está agindo meio estranho. – Hermione perguntou, antes de sair do meu quarto.

– Eu estou ótimo. – eu respondi.

Na hora do café da manhã do dia seguinte, eu tive um plano. Comecei a contá-lo a Hermione, enquanto ela comia rosquinha.

– Então você pretende invadir a casa da Olívia e roubar um dos milhares de livros de maldição que ela tem para tentar quebrar a sua maldição? - ela perguntou depois de tudo o que eu falei. Quando eu concordei com a cabeça, ela continuou: - Mas como? Não sabemos onde ela mora, nem que livro é!

– Nossa, Hermione! Você, dentre todas as pessoas, achei que entenderia! - eu respondi rindo, enquanto ela jogava uma rosquinha em mim. - Primeiro de tudo, Olívia é sobrinha do Prof. Slughorn, e como o pai dela morreu, ela deve estar morando com o professor. - Hermione ainda estava com cara de que nada daquilo fazia sentido. - Se eu não me engano, você me disse uma vez que antes das aulas começarem, Dumbledore levou Harry para a casa do Slughorn. - a verdade deu um tapa invisível na cara de Hermione, finalmente.

– Sim! Precisamos perguntar a Harry onde é a casa do prof. Slughorn!

Depois de uma hora tentando achar a última caixa de Pó de Flú que havia em casa, jogamos o conteúdo dentro da lareira, e Hermione enfiou a cabeça no fogo, literalmente. Era estranho vê-la encurvada dentro da lareira, conversando calmamente enquanto pegava fogo. O Pó de Flú sempre me deixou intrigado. Mas, esperei a garota conversar com o Potter Cicatriz pela lareira da sala, cuidando das minhas cutículas.

Quando ela finalmente tirou a cabeça de lá, e o fogo se dissipou, eu perguntei:

– Conseguiu o endereço?

– Sim, mas vamos precisar aparatar.

– Aparatar com dezesseis anos não é ilegal? - no momento eu pareço confuso, tento contar mentalmente há quanto tempo tenho dezesseis anos, e faz menos de dois meses, o que é bem decepcionante.

– Eu posso aparatar. Lembra que tivemos aulas no começo do ano? Eu fiz o teste depois e agora posso aparatar legalmente. - Eu quase cuspi na cara dela.

– SÉRIO? MERLIN! - eu estou estupefato, e com certa inveja, o que nunca irei admitir. - Que... Incrível.

– O que estamos esperando? - Hermione estendeu a mão para eu segurar, e a visão daqueles olhos lindos cor de chocolate, sorrindo pra mim (metaforicamente, óbvio), me fez congelar por um segundo. Mas eu segurei a mão dela, e senti o desconforto e aquela ânsia de vômito típica da aparatação.

– Uau, a casa dele é muito bonita. - Hermione comentou, quando finalmente paramos em frente à pacata casa do Professor Horácio Slughorn. Ela parecia vazia, mas nunca se sabe. Hermione tomou a liberdade de se aproximar da janela para saber. - Harry me disse que na verdade ele não tinha ido a essa casa com o Prof. Dumbledore. Naquela época, Slughorn estava se escondendo dos Comensais da Morte. Esta casa aqui deve ser onde Olívia está morando, mas o Professor continua em Hogwarts, por segurança. - Hermione sussurrou.

–Será que Olívia está aí? - eu perguntei aos sussurros também, me inclinando para observar através da janela. Hermione apertou a campainha. - Sua louca varrida! O que você tem na cabeça? - eu perguntei, arregalando os olhos, e me abaixando.

– Se ela estiver em casa, ela vai atender a porta.

– Ou jogar uma macumba na gente! Pensou nessa possibilidade? - eu praticamente gritei, ao que Hermione respondeu apenas com uma expressão de terror. Depois de quinze minutos, a porta ainda não tinha sido aberta, e a casa parecia deserta.

– Acho que deu certo. - ela disse, e eu bufei.

Depois de várias tentativas para arrombar a porta sem usar mágica, entramos.

A sala de estar estava escura e sombria, cheia de móveis velhos e conservados. Havia uma cozinha depois de uma porta de vidro, mas não chegamos a entrar lá. Nosso objetivo era achar a biblioteca de Olívia. Subimos a escada revestida de mogno e entramos em todos os quartos. Então, o último quarto do corredor.

Era impossível ser tão enorme, mas com a mágica que conhecemos tudo é possível. Eu vi Hermione abrir a boca surpresa com a quantidade de livros que havia ali. Ela devia estar se coçando para fuçar em todos os livros - ler todos se ela pudesse -, ao contrário de mim, que agora suspirava ao pensar no tempo que demoraria em achar o livro sobre a minha maldição.

– Você começa por lá, e eu vou vendo os dessa estante. – Hermione disse imediatamente, os olhos brilhando de euforia. Eu apenas os revirei e me arrestei até o outro lado do quarto, já me sentindo cansado.

Perdi a noção das horas passando. Li tantas capas de livros que até confundia os nomes: Maldições para Domesticar sua Vassoura, Maldições para Lubrificar seu Dragão, e assim por diante. Eu encontrei tantas banalidades e nada relacionado a amor verdadeiro.

– O que você esperava, Malfoy? "Como Fazer uma Pessoa Morrer em Um Ano"? Não deve estar tão na cara assim... – Hermione comentou, enfurnada entre as prateleiras enquanto eu massageava meus ombros e soltava um lamento. Eu vi no meu relógio que já eram quase cinco horas da tarde e não havíamos achado nada.

Hermione, ainda eufórica, soltou um gritinho e, segurando um fino livro de capa azul, correu até mim.

– Olhe! Pode ser o que estamos procurando! – ela mostrou a capa para mim, que li: "Maldições e Pragas sobre Rejeição". Eu fiz uma cara indignada para ela, que, revirando os olhos, leu em voz alta a orelha do livro:

"Neste livro está reunida uma coletânea de maldições e pragas que podem ou poderão ser usadas em favor de um indivíduo que sofreu rejeição de alguma forma..." Ela parou para respirar, e me fitou ansiosa.

– O que tem isso a ver com a minha maldição? – eu perguntei, passando a mão pelos cabelos. Hermione fez um muxoxo.

– Ora, Olivia só fez isso porque ficou com ciúmes de você, e, naturalmente, se sentiu rejeitada. Aqui está dizendo que o conteúdo do livro é para pessoas que sofreram rejeição; isso não se assemelha ao caso de Olivia? – ela perguntou, quase afirmando. Eu cocei a cabeça, tentando encontrar sentido. De repente, a porta se abriu, e ninguém menos do que a própria Olivia Slughorn entrou.

– Alguém me chamou?

A Maldição Dos MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora