Um Príncipe em Apuros

Capítulo 1

Em pleno século XXI, ainda é possível encontrar homens cavalheiros, que roubam rosas pelo caminho para entregar a sua amada, que sempre guarda em seu bolso um lenço para socorrer o choro de sua dama, mas, Mia não acredita nessa história de homens bons. Depois de sair do Brasil aos 10 anos, após seu pai abandonar sua mãe, para ela todos eles são maus, e depois de ir morar com sua tia em Londres, conviveu com as piores espécies até aquele momento. Por ser uma competente Investigadora Criminal, já teve os mais variados casos em suas mãos, de um simples roubo que acabou em morte até um serial killer que pensava que seu crime era perfeito, mas, até os crimes mais perfeitos tem erros na execução, assim ela pensava.

– Mia? Quando vamos conhecer um namorado seu? Você já passa dos 25 anos e eu quero morrer feliz em conhecer meu sobrinho-genro. – Madalena provocava durante o jantar.

– Não tão cedo, não espere isso com urgência. Já faz cinco anos trabalhando na Scotland e lá conheci todos os mais variados tipos de homens, não quero amanhecer morta ou descobrir que ele matou toda minha família. – trabalhar naquele setor havia tornado Mia uma mulher fria e desconfiada, não deixando de ter sentimentos, mas aprendeu a guardá-los.

– Credo Mia! Nem todos são iguais. – seu tio Marcus se pronunciou. – Pergunte a sua tia.

Os tios dela eram casados a mais de 20 anos. Madalena era irmã de sua mãe, que acabou falecendo após uma profunda depressão, a tristeza do abandono e a dificuldade de enfrentar o mundo com uma criança pequena acabou destruindo sua vida, Mia nunca a culparia por todas as vezes que ela tentou fugir, sabia que sua mãe fez o que pôde para sobreviver, mas aquela batalha estava muito pesada para ela sozinha, então Rute acabou tirando sua própria vida em uma tarde logo depois de deixar a filha na escola. Madalena é uma mulher de coração enorme, que não teve a oportunidade de ter filhos devido um grande mioma que havia em seu útero, o que resultou na retirada daquele órgão e após a morte de sua irmã mais velha, descobriu que também poderia gerar filhos em seu coração, pois para ela, sua sobrinha havia nascido de lá. Marcus é Inglês, apaixonado pela sobrinha, sempre sonhou em ser pai, então quando sua esposa falou sobre a ida dela para Londres, não pensou duas vezes para recebê-la de braços abertos. Apoiaram imensamente a escolha dela em fazer parte da corporação policial, mesmo com a apreensão dizendo para que fizessem o contrário e para o alívio deles, ela se tornou um exemplo, muito requisitada no seu meio.

Mia se levantou e foi para seu quarto após o jantar, apesar de não se sentir bem com o assunto ela sempre sorri e se sente grata com o acolhimento, por ter eles como pai e mãe. Quando chegou a seu quarto foi direto para o computador, precisava iniciar mais um trabalho, desvendar mais um crime, dessa vez, alguém havia envenenado algumas pessoas, em um restaurante muito bem requisitado no centro da cidade, às vezes ela tentava imaginar o que se passava pela cabeça desses criminosos? O que levariam eles a cometerem coisas como essas? Haveria uma explicação? Sempre havia e quando não era possível haver, encontravam um motivo. Passou a noite toda tentando encontrar alguma pista com fotos, depoimentos e uma resma de papéis.

Ao acordar pela manhã, ela encontrou uma carta de seus tios sobre sua cômoda, nela estava escrita a seguinte frase:

"Estaremos fora o dia todo, deixamos seu almoço na geladeira, coloque apenas no micro-ondas. Obs: Não coloque fogo na casa, apenas aperte o botão e tudo ficará bem.

Beijos da titia Mada!"

– Obrigada por terem me deixado sozinha em plena segunda-feira, agora ficarei com fome, pois meu salário já acabou e eu não tenho um tostão furado em meu bolso. – ela falou ao sair pela porta e bater o pé irritada. – Vamos trabalhar! Desvendar logo esse mistério do envenenamento e tentar fazer alguma coisa para comer quando chegar em casa. – nesse momento ela sorriu, esperava não se envenenar com o que faria para comer, sabia que seu humor era estranhamente frio, não havia verdadeiramente uma graça, mas ela conseguia rir de coisas como essas.