Atenção, esse capítulo contém um vídeo *e atualizações*, favor verificar.Alexander
Corações partidos em uma festa de arromba. Daria uma boa música.
Eu não estava tão chateado quanto pensei que estaria. Minha mãe dizia que quando você está cansado de um relacionamento, sofre o que tem que sofrer durante o declínio e a decisão de terminar. Depois não muito, só vem o alívio.
Eu me sentia aliviado, em partes. Mas eu não conseguia me entender e era por isso que eu estava chateado, não pelo término. Terminei minha margarita. Aparentemente o problema era eu, o meu jeito intenso de lidar com as coisas. Ou o meu dedo podre. Não sei o que seria pior.
Será que eu me dedicava demais e não sabia receber aquilo de volta? Ou eu era um egoísta perdido nas minhas próprias crises existenciais a ponto de não conseguir manter um relacionamento? Elas foram incompreensivas ou eu que era impossível de lidar?
- Você tem que parar de ficar bebendo aqui e só olhar as pessoas se divertirem – disse Jamie, virando uma caipirinha na boca. Era uma bebida muito interessante.
Um casal começou a cantar Total Eclipse Of The Heart no andar debaixo. Ri um pouco da escolha de música ousada, mas eles eram bons. A garota estava com uma camiseta da banda. Definitivamente eclética. E bonita.
- Eu estou me divertindo – respondi – gosto dessa música.
- Vá cantar, dançar. Falar com umas meninas interessantes.
Bufei.
- Sinceramente, Jamie. Não sei se quero fazer isso agora, dar um tempo seria bom. Além do que, você já me viu dançando.
Ele assentiu e ficou em silêncio, com um meio sorriso. Não um silêncio de reprovação, mas um silêncio de espera. Ele sabia que algo chamaria minha atenção cedo ou tarde. Ou alguém.
Acendi um cigarro enquanto observava as pessoas abaixo. A menina da Bonnie era realmente interessante. Matt e Nick já tinham falado com ela e não houve surtos.
Eu odiava os surtos, mais do que tudo. Somos pessoas, não deuses e eu só queria que todos entendessem isso. Evitava presenciar qualquer indício de surto, por isso, atendia os fãs e saía rapidamente. Caso quisessem pirar, pelo menos eu não presenciaria. Nós já tínhamos passado por situações bem constrangedoras e até éramos criticados por sermos "distantes" dos fãs, mas preferíamos assim do que ter problemas maiores.
A música acabou e o casal se aproximou de Nick e Matt, junto com uma moça loira. Percebemos uma conversa.
Jamie riu:
- Matthew é muito rápido.
- Não está errado – expirei a fumaça e me aproximei do beiral do mezanino para ver o desfecho.
O cara sentou-se ao lado de Nick, a loira ao lado de Matt. A morena se sentou ao lado da colega e acendeu um cigarro.
Se fossem um casal, provavelmente não se sentariam separados.
Bufei mentalmente para mim mesmo.
Que se dane.
- Vamos lá, Jamie – falei pegando uma margarita da bandeja ao lado e descendo as escadas.
Quando estávamos chegando no sofá, a morena se levantou e começou a caminhar, um martini em uma mão e o controle do karaokê na outra.
Pelo menos tem bom gosto para bebidas.
Acelerei e pedi para o Jamie me alcançar. Já que ela queria cantar, nós poderíamos cantar.
A amiga dela seria o par e já estava em pé, com o microfone na mão... A morena estava com os olhos fixos no telão, escolhendo uma música e eu dei um tapinha no ombro da loira, pedindo o microfone. Fiz sinal para ele fazer silêncio. A morena continuava olhando a tela, os dedos impacientes no controle.
QUE INFERNOS EU ESTOU FAZENDO?
Lembrei daqueles programas em que o pessoal conhece o ídolo numa surpresa. O que soava idiota.
Eu deveria ter bebido menos.
De perto ela era ainda mais bonita. Seus cabelos ondulados eram negros como a noite, quase até a base das costas. Estava toda de preto, batom vermelho. Óculos de sol formando um decote na camiseta. Ela escolheu a música e eu não consegui ver qual seria, porque ela me olhou e eu percebi que seu sorriso seus olhos eram uma preciosidade nesse mundo de caos, mesmo naquela luz azul pálida. Cheirava a flor de cerejeira e martinis.
O sorriso dela se dissolveu num "o" e eu sorri involuntariamente, talvez porque aquela tinha sido a mudança de expressão mais rápida que eu já tinha visto. Os olhos dela brilharam e ela olhou para a amiga loira que levantou os polegares, como aqueles tios que vão ver nossas apresentações na escola fazem para nos incentivar.
A música carregou e o título apareceu no telão. Dessa vez eu gargalhei: era Hysteria, do Def Leppard. Def Leppard era referência em Sheffield em quase tudo, achei interessante o fato dela gostar deles. Olhei em direção ao sofá e vi Matt e Nick rindo, Jamie se sentando ao lado da loira, os olhos arregalados como quem me dizia "o que está fazendo, Al?".
Se essa era a pergunta, eu não sabia a resposta.
A música começou e eu tive que fazer a primeira parte porque ela simplesmente ficou parada, alternando entre me olhar e olhar a amiga. Olhei fixamente em seus olhos e ela entendeu que seria melhor cantar, afinal, as pessoas ao redor observavam atentas.
Pela primeira vez em anos, eu não liguei para a plateia. E eu não sabia por que estava fazendo aquilo, mas estava me sentindo bem, principalmente quando ela começou a se soltar e cantar com menos vergonha.
Eu deveria ter bebido menos.
Mas estava muito divertido. E era o que eu queria: diversão. Eu não tinha por que não aproveitar aquela festa, eu não tinha por que me conter ou me policiar.
Terminei minha margarita e pedi mais uma com um aceno para o garçom.
Nota:
*Oh, babe, hysteria when you're near! Def Leppard é uma banda glam metal dos final dos anos 70. Já vendeu mais de 100 milhões de cópias, sendo consagrada como uma das maiores bandas do gênero no Reino Unido e assim como os Arctic Monkeys, eles são de Sheffield :)*
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Love Is A Laserquest - Alex Turner Fanfiction (Arctic Monkeys)
RomanceAriana é uma jovem adulta muito centrada e responsável, muito mais do que gostaria de ser, pois a vida lhe obriga a agir assim. Apesar de sua seriedade e planejamento, vê sua vida virada do avesso pela pessoa que ela mais gostaria que a notasse: mas...