Marielle

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- Princesinha Maria Eduarda! - Exclamou Marielle do lado oposto da sala.

- Madu... – Disse a professora em um sussurro.

Quando todos da sala perceberam que realmente era a princesa, instalou-se um burburinho. As crianças ficaram eufóricas. Olhavam para Maria Eduarda como se avistasse uma artista de cinema. Madu achava aquela situação curiosa, as crianças estavam em polvorosa, mas ao mesmo tempo com receio de se aproximar. Marielle, o serzinho mais espevitado do reino, levantou-se de sua cadeira e aconchegou a princesa em um abraço. Madu enterneceu-se com o ato da menina que a fitava com extremo carinho.

- Princesinha é você! – Maria Eduarda disse estalando um beijo na testa da menina.

Como que autorizando a proximidade de todos, a princesa deu mais alguns passos em direção ao centro da sala. Ela sorria aos alunos que aos poucos se aproximavam e retribuíam seu sorriso. Um círculo de crianças aguçadas se formou em torno de Madu e elas queriam saber tudo sobre sua vida de princesa.

- Por que você não usa coroa? – Um dos garotos questionou. – E por que você não usa vestido que nem todas princesas usam?

- O seu sangue é azul mesmo? – Uma menina perguntou.

- Você mora em um castelo? – Um terceiro aluno questionou.

- Você faz xixi que nem todo mundo? – Um engraçadinho quis saber arrancando risos de toda a sala, inclusive de Madu. Anahí ralhou com o garoto.

- Rubinho! – O garoto baixou a cabeça querendo rir. Anahí estava sem graça. – Desculpe, Madu.... Esses meninos...

- São adoráveis. – Madu disse com um sorriso no rosto. Olhando para as crianças que a rodeavam, continuou. – Nem toda mulher usa vestidos, calças são bastante confortáveis e temos que usar o que nos faz sentir bem... Por isso eu não uso uma coroa. Não, o meu sangue é vermelho. Sim, eu moro em um castelo e sim.... Eu faço xixi igual a todo mundo. – Falando fazendo a classe rir. – Eu estou gostando de ver, turma.... Vocês sabem que a gente só aprende as coisas assim... Perguntando, questionando, indo atrás de respostas. Certo? Perguntar não é feio não, perguntar faz a gente pensar. Estou muito feliz em ver uma criançada tão interessada quanto vocês! – Madu comentou. – Vamos combinar o seguinte, eu respondo mais coisas, mas um de cada vez e tem que levantar a mão quem vai perguntar.... Combinado?

- Combinado! – A sala respondeu em coro.

- E quem quer perguntar?

Quase toda a sala levantou a mão para divertimento de Madu. Aquela recepção de crianças com sede de saber lhe tocou muito mais o coração do que qualquer cerimônia pomposa e cheia de salamaleques de boas-vindas.

Anahí olhava de longe a cena e deixou-me levar pela emoção com as crianças maravilhadas ao verem pela primeira vez uma princesa tão de perto e tão acessível a eles.  Alguns tocavam na ponta do cabelo diferente, outros não se atreviam a se aproximar muito, como se tivessem medo de macular a realeza que parecia tão delicada. A unanimidade entre eles era o brilho de encantamento em seus olhos infantis.

Próximo a professora estava Mari. Madu percebeu que com a proximidade das outras crianças a menina se afastou e fechou a cara, sorriu para a menina que fingiu ignorar o gesto da princesa.  Aparentemente alguém estava enciumado.

- Bem, eu não posso ficar muito tempo com vocês porque não quero mais atrapalhar a aula da professora Anahí... - Olhou para a professora que a olhou encabulada. As crianças não perceberam. Estavam ocupadas lamentando o encerramento da sessão de perguntas. – Mas eu pretendo voltar outro dia para fazemos um piquenique, prometo trazer várias coisas gostosas!

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