Leão

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Alguns meses depois...

 
O período de transição sugerido pelo Conselho Real durou cerca de três meses. Nesse intervalo, Madu, ou melhor dizendo, Rainha Maria Eduarda, não teve descanso. Quando não estava envolvida nas questões governamentais, Madu cuidava de sua mudança. A garota precisou voltar a Nova Iorque duas vezes para encerrar o contrato de seu antigo apartamento e cuidar da transferência de seus objetos pessoais para o Palácio Real.
 

Quando estava em Ursal, sua ocupação maior era estudar e aprofundar seu plano de governo enquanto buscava alternativas para começar a realizar seus primeiros objetivos. Em seu tempo livre dedicava-se as atividades esportivas como caminhadas a beira mar ou andar de patins, na maioria das vezes acompanhada de Anahí. Madu e Anahí não tinham uma conversa sólida sobre a relação mantinham, mas o romance entre as duas continuava de vento e polpa. Sempre saiam juntas aos finais de semana e após as aulas de Anahí, onde fechavam a escola e se permitiam trocar carícias mais ousadas que não trocavam em público.
 

Além da professora, Madu também teve uma estreita aproximação com Inácio, Fátima, Leão, Augusto e Marcela. Os cinco se revelaram grandes amigos, embora Augusto e Marcela ignorassem seu romance com Anahí. Juan Batista e Juanito entraram em uma espécie de trégua com a futura rainha. Maria Eduarda sabia que aquilo era temporário e teria algum custo mais para frente, mas resolveu aceitar a trégua de bom grado, por estar muito ocupada com tantos preparativos.  

 
Em meio a tanta correria, finalmente o grande dia havia chegado. 31 de dezembro de 1977. Essa seria a data de sua posse. O ano de 1978 seria o primeiro de uma nova era em Ursal. A era Maria Eduarda.
 

- Nem dormi esta noite... – Madu confidenciou a Fátima quando a mesma foi acordá-la e encontrou já desperta. – Parece que há borboletas em meu estômago.

 
- Só basta descobrir se é ansiedade ou se foi a borboletinha que eu vi sair daqui logo que o dia raiou. – Fátima gracejou. Havia acordado cedo e viu Anahí saindo do Palácio às escondidas por volta de cinco da manhã. A professora havia levado Madu em casa como uma amiga que dá carona a outra, por volta da uma da manhã, quando os guardas relaxaram, ela voltou ao Palácio e seguiu para o aposento de Madu que já estava a sua espera. Maliciosa. – Ela estava com cara que não dormiu...

 
O rosto de Madu estava rubro, Fátima sabia como deixá-la sem graça.
 

- Pois a borboletinha só dormiu aqui, pois sabia que eu estava ansiosa e que ao lado dela fico mais tranquila. – Madu se justificou. – Aliás, vou pedir para Augusto resolver isso. O tal de Peste Rubra não era um gênio do crime não, essa guarda que é mole, se até Anahí consegue invadir meu quarto...

 
- Peste Rubra... Tinha até me esquecido do danado... Você mal o encontrou e se lembra dele.
 

- Digamos que ele é alguém inesquecível... – Madu comentou com um sorriso nos lábios. Jamais esqueceria da noite que a criatura de vermelho invadiu seu quarto e devolveu sua medalhinha em troca de um beijo.

 
Fátima não escondeu sua surpresa.
 

- Você fala de um jeito estranho, como se quisesse dizer algo...
 

- Quem sabe eu quero? – Madu brincou. – Bom, vamos deixar a conversa para lá. Me diga, há muito o que fazer?
 

- O dia só está começando, Rainha!
 

De fato, Fátima estava certa, as horas pareciam curtas para tanta coisa que precisava ser feita. Apesar das reivindicações de Maria Eduarda em manter a cerimônia de posse o mais simples possível, era preciso seguir o protocolo real com a cerimônia de posse e a festa de gala para apresentar a nova Chefe de Estado a sociedade. Madu considerava aquela festa um desperdício de dinheiro, afinal o reino não estava em condições de esbanjar com algo supérfluo, no entanto não cancelou o evento para não gerar reclamações dos mais tradicionalistas.
 

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