Uma Breve Despedida

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Depois de quase uma vida, finalmente o ultimo cap está portado! Esperamos que todxs tenham gostado dessa breve aventura, nós nos divertimos muito com todos os personagens e o processo de escrita dessa história foi bastante significativo para nós por n's motivos. o Sentimento agora é de dever cumprido e antecipada saudade.

Obrigada pela companhia e boa leitura <3

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- Perdão, majestade.
Madu estava tão concentrada na fuga antecipada que, só percebeu o esbarrão após o pedido de desculpas vindo de Clara, a expectativa era tanta que o jovem casal mal se dava conta dos que estavam ao redor. Madu deu de ombro e sorriu para a professora em seguida para a Fatima que estava ao lado da ruiva e o braço entrelaçado com a mesma. A confusão na face da Rainha era explicita. Fátima e a professora estavam na saída do festejo, os braços dados, pareciam que iam embora juntas. Madu já havia percebido a afinidade entre as duas, mas a surpresa fora maior que sua discrição.
- Não há necessidade de tanta formalidade entre nós, Clara. Me chame de Madu, é o suficiente, já a considero como uma amiga e acredito que Fatima também. - Olhou sorridente para a amiga que se mostrava um tanto acanhada, sem motivo aparente. - Fátima sempre teve uma percepção quanto a índole das pessoas, se é amiga de minha amiga, a considero como tal.
- Palavras como essas vindas da Rainha e com tamanha receptividade só me deixam lisonjeada.  Fatima é realmente uma pessoa muito especial... E encantadora.
Madu concordou com um manear de cabeça e o rubor no rosto da jovem secretária se intensificou com as últimas palavras de Clara. Fátima sentia-se pega no flagra, mesmo que não estivesse fazendo nada demais.  Apenas acompanhava uma amiga, em outras épocas já havia saído antes da festa de San Valentin acabar. Mesmo sem entender o motivo a jovem estava extremamente constrangida, mas disfarçava como podia, talvez não tenha disfarçado tão bem, pois Robin percebeu de cara o quanto a mais nova estava embaraçada, mesmo que sua postura se mantivesse altiva.
- Vocês querem uma carona? –  Robin perguntou na intenção de acelerar as despedidas, sua urgência era bem disfarçada, mas existente. – Já que todos vamos para o lado Norte, acredito eu...

As intenções da medica não era apenas libidinosa, tinha um quê de altruísta nisso tudo, pois o inusitado encontro entre as quatro mulheres na saída do festejo fez com que Robin percebesse que os olhares trocados e afinidade entre as duas mulheres a sua frente era mais do que uma simples amizade. Elas ainda podiam não ter descoberto, mas Robin tinha certeza disso.

- Nós não vamos! – Fatima disse de forma apressada, recebendo um olhar confuso de Clara. Sem saber o porquê a jovem secretaria achou melhor que Madu e Robin não soubessem que estava de saída com a professora. Em uma nota mental, Fátima se convenceu que depois contaria a amiga sobre o ocorrido, no entanto, não seria naquele momento. – Obrigada, Robin, você é muito gentil.

- Por nada...

Por um dado momento, o quarteto ficou apenas encarando-se por ínfimos segundos. Madu quase imaginou a dupla a sua frente como um casal, mas logo dissipou aquela ideia, andava romântica demais nos últimos dias. Formar casais não estava em sua incumbência real, mas não poderia negar que Clara e Fatima seriam um lindo casal.
Enquanto Madu divagava, Fatima procurava um buraco para se esconder, Clara estava mais perdida do que cego em meio a um tiroteio. A única que, surpreendentemente, estava captando todo o acontecimento em sua volta era Robin, a médica que costumava ser desatenta estava mais alerta do que nunca. Mais uma vez resolveu intervir.

- Podemos ir, Madu?
- Ó, claro, queri...Do, podemos sim! – A forma carinhosa que Madu falou com Robin na frente das duas fez com que Robin abrisse um sorriso contente. – Estou indo para casa de Robin, se perguntarem por mim, vocês não me viram. – Disse de forma travessa para amigas que a olhavam cumplice.

Aquela noite seria destinada a fuga e descoberta de ambos os casais. Após rápidas despedidas, Madu e Robin seguiram em direção ao carro da médica que estava um pouco afastado do local. Fatima e Clara ficaram observando as duas se afastarem até se perderem de vista e apenas nesse momento Fatima respirou de forma aliviada.

- Você quer voltar para a festa? Parece um pouco apreensiva? Se não estiver a vontade...

A interrogação de Clara fora captada por Fátima como um desafio, instigando a jovem a mostrar uma coragem que naquele momento não tinha, mas não permitiria que a ruiva percebesse.

- Não! – Fátima disse. Clara não conseguiu esconder um olhar desapontado. Fátima se explicou mais claramente. – Não quero voltar para a festa. Eu apenas não queria atrapalhar Madu e Robin...-  A justificativa caiu como uma luva, sendo prontamente aceita por Clara que concordava que o casal parecia empolgado para aproveitar a noite longe de toda aquela movimentação. Apesar do medo, ela também estava animada para estar a sós com Clara. - Eu só preciso tomar alguma coisa antes de irmos, tudo bem?

Ainda de braços entrelaçados, as duas mulheres caminharam em meio à multidão. Fatima se afastou assim que vislumbrou um garçom e em um gole só tomou a bebida, aparentemente estava com mais sede do que imaginava e pegou uma segunda taça da bebida fraca para molhar a garganta e amenizar todo o frisson que se alastrava por seu corpo.

- Tudo bem, Fátima? Podemos ir? – Surpreendida com o toque em seu corpo. Fatima quase se engasgou com azeitona que estava no fundo da taça, mas por sorte conseguiu engolir e tragédias maiores foram evitadas.

A mais jovem percebeu que a ruiva parecia um pouco contrariada e de pronto interrogou-a.

- Aconteceu algo? Eu fiz algo errado?
- Você não fez nada, meu anjo. Eu só não suporto pessoas enxeridas e fofoqueiras... - Por alguns segundos, Fatima acreditou que os goles rápidos da bebida já estavam fazendo efeito, pois não tinha entendido metade do que Clara havia dito. A professora percebendo a confusão estampado no rosto da outra, procurou explicar os detalhes do motivo de sua exasperação. – Meia dúzia de beatas estão fofocando sobre a saída de Madu e Robin. Sinceramente, para quem não sai da igreja e só vive de reza, precisam de outras ocupações, pois a forma maledicente como elas estavam futricando a vida dos outros nem novena dará jeito!

Fatima não pode deixar de concordar, assim como não conseguiu conter a vontade de apertar a bochecha da outra que ficava uma graça com as bochechas coradas em meio a sua revolta. Em um gesto de consolo, acariciou os dedos da ruiva e, por fim, sorriram uma para outra e caminharam rumo a mesma direção ao qual o casal de amigas havia tomado.

(...)

Madu e Robin trocavam carinhos durante o trajeto até a casa da doutora. A bolha romântica que estavam envolvidas era tão resistente que as fofocas e comentários maldosos ditos na festa não faziam importância alguma ao casal. A Rainha, sempre mais afoita, instigava a médica com toques mais ousados do que o código de transito ursaleiro permitia, sendo repreendida vez ou outra por Robin que nervosamente trocava as marchas e acelerava o máximo que podia, não ultrapassando os limites, pois queria chegar inteira em casa para satisfazer todas as vontades reais. Madu era a Rainha daquela ilha e, como boa súdita, Robin faria questão de servi-la.
- Chegamos, chegamos, chegamos!-  Robin avisou aliviada em estar em frente à sua casa e não ter causado nenhum acidente no caminho enquanto Madu beijava seu pescoço e espalhava mordidas nada inocentes por sua pele durante o trajeto.- Finalmente! Podemos descer...

Divergindo das palavras da médica, Madu se manteve dentro o carro ainda com a boca colada na pele de Robin, em seguida colocou-se no colo da médica para aprofundar as carícias, fazendo a mesma suspirar sofregamente. A casa já havia sido esquecida e o carro mal estacionado parecia ser o lugar ideal para dá início à noite, mas Robin não queria que fosse de qualquer jeito, queria que aquela noite, a primeira noite da duas, fosse especial.
Mesmo a contragosto, Madu saiu do carro pelo lado do motorista esbarrando em tudo que tinha direito, até mesmo no molho de chave que estava na ignição e de uma hora para outra resolveu se esconder em algum lugar do carro. Sem perceber o pequeno incidente, Robin saiu do carro e fechou a porta, se dando conta que estava sem a chave quando colocou a mão na maçaneta da porta.
O sorriso que estava alojado no rosto da medica se desfez assim que se deu conta do fato. A chave do carro e, consequentemente, da casa havia sumido. Sorte que haviam esquecido de travar as portas do carro e conseguiram abrir a porta do automóvel sem maiores problemas.

- Robin... Encontrou as chaves? – Madu praguejava até o vento pela falta de sorte, Robin embrenhava-se entre os estofados para procurar o molho de chaves.
- Eu sei que eu trouxe... Estão por aqui, em algum lugar... – “Lógico que estão", Madu calculava. Sem as chaves, Robin não teria como dirigir até lá. A médica vasculhava tudo em volta. – Eu já vou encontrar! Eu já sei! – Robin saiu do carro animada. – Eu tenho uma lanterna em casa! Com a lanterna fica mais fácil...
- A lanterna está dentro da casa que perdemos a chave, Robin? – Madu questionou com raiva. Se não estivesse com seu corpo implorando pelos beijos de Robin, não pensaria duas vezes em dar na cara de sua adorável, porém lerda, doutora.
-Sim... – Robin disse com um sorriso amarelo, envergonhada por sua falta de raciocínio. - Eu vou encontrar essa chave nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida!
- Não, você tem muita coisa ainda para fazer nesta vida, principalmente nesta noite porque eu não saio dessa casa sem... – Sussurrando promessas nada castas no ouvido de Robin, a Rainha se afastou aos poucos com beijos provocativos.– Agora vai encontrar essa chave!

Mordendo os próprios lábios, a Rainha demonstrava que suas palavras não eram apenas promessas, tinham um que de expectativa e ordem. Mandona em sua postura imponente.

- Eu vou encontrar essa chave!

Determinada e esbaforida, Robin se jogou para dentro do carro ficando apenas com as pernas para fora. Se Madu não estivesse tão apreensiva em entrar na casa da médica, com certeza teria um ataque de risos da cena que presenciava. A Rainha, como boa estrategista que era, acendeu o fogo da médica para motivá-la. Robin estava tão nervosa com a situação que não percebeu quando o molho de chaves foi parar no chão do carro e o objeto parecia ter caido em algum lugar bem escondido, como se pregasse uma peça no casal.

- Aqui! Aqui! – Robin tirou Madu do silêncio. Em um movimento digno de atleta, pulou para fora do carro e fechou a porta do veículo. Balançou as chaves no ar. – Achei! – Robin, ainda cansada de todo o movimento, tomou a frente de situação e destrancou a porta para alívio de Madu. – Pronto... – Madu pôs-se a caminhar em sua direção. – Espera... É sua primeira vez aqui... Primeira noite... Tem que ser especial...
- Robin, não precisa, eu...
- Eu faço questão! – Robin afirmou. A médica tentou tirar Madu do chão. Seu plano era carregar a Rainha como se estivessem em lua de mel, mas acabou não dando certo. Estava cansada por conta de toda aquela procura. Precisava de alguns minutos. Tentou mais uma vez. – Madu, longe de mim querer ser grosseira, mas o que você comeu durante a festa, porque...
- Ai, ai Robin. Se você quer algo especial, deixa que eu cuido disso, meu bem...

Em uma atitude impensada, a Rainha ergueu a franzina médica. Não de maneira romântica. Apesar do esforço de Madu, Robin era pesada para ela, quando a médica deu por si, Madu a carregava como se tivesse segurando um saco de batatas jogado nos ombros. Para piorar a situação, no meio do caminho até o sofá, Madu sentiu uma fisgada nas costas e acabou tropeçando. Por sorte, Robin caiu no sofá da sala e Madu caiu por cima de si.
Ansiedade e pressa, como eternas inimigas da perfeição, fizeram seu trabalho. Apesar de serem mulheres experientes aquela era a primeira vez que Robin e Madu, de fato, ficariam juntas. Já haviam passado algumas noites na companhia uma da outra, mas Madu estava tão atarefada com os preparativos da festa e com os problemas do reino que preferiam não passar de beijos ousados e abraços carinhosos. Ela queria que sua primeira noite com a médica fosse tão especial quanto o sentimento que as envolviam e por isso Robin também não tinha pressa em fazer da Rainha sua mulher.
Passada a festa, o desejo falava mais alto a ponto de não se aguentarem e fugirem da comemoração para finalmente ficarem sozinhas. Com o intuito de impressionarem, o nervosismo tomava conta das duas, o que levou aquela cômica situação que se encontravam. Robin esmagada no sofá contra o corpo de Madu que lamuriava. Para infelicidade de ambas, não eram lamúrias de prazer.

- Ai... – Madu colocou a mão sobre a costela que doía.- Dei um mal jeito... Mas tudo bem... Estávamos aqui, não é? – Sua boca buscou a de Robin. Ela envolveu as mãos em seu rosto. Robin interrompeu o beijo no meio. – O que foi?
- Você está machucada... É melhor eu te examinar...
- Não precisa... – Madu provocava Robin com beijinhos no pescoço que arrepiava os poros de sua pele. Livrou-se do terno que a outra usava. – Eu estou ótima...
- Madu... – Robin respirou fundo. Enquanto seu pescoço era explorado, as mãos da monarca tratavam de desabotoar sua camisa branca. A mulher perdia o juízo com as mãos e os beijos de Maria Eduarda, mas a médica profissional tratava de procurar resquícios de sensatez na cabeça de Robin.  – Madu, capaz de você ter se machucado sério...
- Eu não sinto dor alguma... – Madu mentiu. Os botões da camisa haviam a acabado. Um sutiã branco, no estilo tomara que caia, encobria os pequenos seios de Robin. Sua barriga, definida a base de exercícios físicos, subia e descia indicando a respiração acelerada da médica. Madu não conseguia tirar os olhos de seu abdômen. As pontas de seus dedos tocaram o corpo negro. Contornou o desenho do músculo. – Está tudo perfeito, Robin...

Sentada sobre o colo da médica. Madu inclinou-se e voltou a buscar seus lábios. Trocaram um beijo lento e intenso. Robin, envolvida, deixou que suas mãos passeassem pelo corpo da monarca. Na altura das costelas, fechou sua mão para juntar o corpo da Rainha ao seu e ouviu um gemido de dor. Separou-se dela.

- Madu, melhor eu te examinar... Você pode ter fraturado alguma costela...
- Não tem problema... – Madu tentou voltar ao beijo. Robin estava decidida. – Eu tenho outras costelas, uma talvez nem faça diferença...

Apesar dos argumentos da Rainha, Robin não cedeu aos seus pedidos e fez que Madu se levantasse para ser examinada. Após uma série de procedimentos, a médica chegou à conclusão que as dores eram apenas um mau jeito. Nada que um relaxante muscular não resolvesse. Madu não gostava de tomar remédios, mas acabou tomando um comprimido oferecido a Robin para diminuir o incomodo.

- Demora para fazer efeito?
- Não muito... – Robin afirmou. – Acha que consegue subir as escadas?
- Devagarinho sim... – Madu se levantou um tanto frustrada. – A gente esperou tanto para passar essa festa, por essa noite...

Com auxílio de Robin, Madu chegou ao segundo andar da casa. Já tinha dormido ali uma vez, no quarto de hóspedes, na companhia de Mariele, logo quando Robin abrigou a garota. Nunca tinha estado no quarto de Robin. Era espaçoso e arejado como o restante da casa. Muito limpo e arrumadinho. Madu logo identificou alguns objetos pessoais da doutora. Livros de medicina em cima de uma mesa de estudos, junto de uma máquina de escrever, revistas. Entre seu guarda roupa e a parede, o violão sobrevivente de uma noite chuvosa. Um livro sobre a cômoda ao lado da cama, uma porta que devia ser o banheiro. A Rainha sorriu.

- O que foi?
- Seu quarto tem a sua cara... – Madu comentou.
- É? E isso é bom?
- Acho que sim... – Brincou. Deu um selinho em Robin. – Eu gosto dessa sua carinha linda
- Fique à vontade. Eu esqueci um negócio lá embaixo, eu já volto...
- Esqueceu o que?
- Curiosa...

Após roubar um beijo da monarca, Robin saiu do quarto, Madu ouviu seus passos se afastarem e concluiu que ela desceu até o primeiro andar. Alguns minutos depois, Robin voltou ao quarto com o que procurava. Um vidro de óleo corporal caseiro. Era de Antônia, por isso que estava guardado no banheiro de baixo.

- Eu fui pegar um óleo de amêndoas que tia Tonha sempre usa, ela diz que é muito relaxante... Eu vou passar na onde você machucou...
- Não é preciso, Robin... – A médica apagou as luzes do quarto e acendeu a luminária da cômoda rente a cama e da mesa de estudos deixando o ambiente com um ar mais intimista. - Daqui a pouco o incômodo passa... – Robin se desfez da camisa de botões que já estava aberta, tirou os sapatos, meias e a própria calça. O cabelo da médica não estava tão arrumado como costumava ficar, fato que mexeu com os hormônios de Madu. A ideia de ter Robin, apenas em trajes íntimos, lhe massageando a agradou bastante. – Mas já que você insiste...

A Rainha foi surpreendida com a risada de Robin no pé de seu ouvido. Em um movimento rápido, Robin encaixou seu corpo nas costas da monarca. Entre um riso e outro, a médica deixava beijos entre o pescoço, nuca e o pé da orelha de Maria Eduarda. Ao sentir os lábios salientes de Robin sobre sua pele dourada, a respiração tão próxima de seu ouvido, e o corpo magro envolvendo o seu por trás, Madu sentiu seu sangue esquentar e as pernas estremecerem. Pelo jeito que Robin conduzia a situação, Madu compreendeu que a médica devia ter passado por muitas mulheres.
A experiência da outra não lhe causou ciúmes nem nada do tipo. Ao contrário, sentia-se mais segura. Robin tirava qualquer tipo de peso de suas costas. Em todo o território de Ursal, era ela que comandava, era a mulher mais poderosa da ilha, mas na cama queria apenas ser uma garota qualquer transando e Robin a compreendia muito bem. A doutora tinha bem menos pudor e cerimônias do que aparentava ter e Madu se sentia bem com esse fato.
Sem hesitar, Robin desceu o zíper que ficava nas costas do vestido de Madu, afastou as alças da peça com as mãos e arrastou sua boca até a cervical da Rainha. Mordeu suavemente a nuca de Madu que agora estava mais exposta devido aos cabelos mais curtos e foi descendo a cada pedaço de pele revelada. Suas mãos tomavam o mesmo rumo que os lábios e desciam pelo corpo de Madu auxiliando a Rainha a se livrar do vestido que caia pelo chão.
Madu sentiu uma pontada na barriga quando os dedos de Robin encaixaram sobre seu busto, mas o golpe fatal foi quando uma das mãos da médica desabotoou a fivela de seu sutiã preto. Ela não podia ver a médica, pois Robin ainda explorava suas costas, mas sentiu a respiração da médica acelerar quando seu vestido amarelo caiu embolado no chão e Robin se desfez de seu sutiã. Beijos molhados tocaram seu dorso. O ombro foi atacado por mordidas e chupões e o pescoço sugado de forma sedenta. Para completar o ato, Robin enterrou a mão em seu cabelo, mordeu o lóbulo de sua orelha e ordenou:

- Deita!

Sem cerimônias e sem pedidos de por favor. Uma palavra sussurrada destruiu qualquer barreira de Madu. Não pensou duas vezes em obedecer a Robin. Subiu na cama de joelhos e se deitou de bruços permitindo assim que a outra tivesse acesso completo as suas costas. Alguns segundos depois que se deitou, Madu sentiu algo pingar em sua pele. O produto era quente como cera de vela. Tratava-se do óleo de amêndoas caseiro, com propriedades anti-inflamatória. 
Uma mistura de ervas fazia com que composição farmacêutica esquentasse em contato com a pele. Seu corpo já estava quente por todo o clima que as cercavam, o óleo a deixou em estado quase febril. Robin, em uma sutil gesto  de provocação sentou-se sobre seu quadril, praticamente encaixando o sexo sobre suas nádegas e passou a massagear suas costas com suas habilidosas mãos de médica.
Madu já havia esquecido o motivo que fez Robin massageá-la. Em sua cabeça só passavam dois pensamentos: Primeiro, como foi capaz de não dar uma chance a Robin antes? A médica mal havia tocado nela e já deixava sua calcinha em estado vergonhoso. Segundo, será que o paraíso era tão quente quanto o inferno? Aquele quarto parecia que ia entrar em estado de combustão a qualquer momento, no entanto sentia que Robin a levava para as nuvens. A única dor que sentia naquele instante era o fato da boca de Robin estar longe da sua, mas a situação logo foi resolvida. Quando Robin aproximou para deixar um beijo em sua orelha, Madu a puxou pelos cabelos e caçou seus lábios envolvendo em beijo tórrido e forte, aproveitou para se virar de frente e trocar de posição com a médica fazendo Robin se sentar na cama. Sentou-se sobre as pernas negras podendo assim beijar Robin a vontade. Suas mãos desenhavam riscas por toda coluna de Robin enquanto a médica massageava seus seios. Em um dos beijos, antes de se separar, Madu mordeu os lábios de Robin como se quisesse deixar sua marca.

- Aiiii... – Robin levou a mão a boca sem entender. - O que eu fiz?
- Me fez de besta com essa cara de boa moça quando na verdade você é bem esperta na hora de... – Robin riu, mas Madu não estava para brincadeiras. – Eu não aguento mais... Eu quero ter um orgasmo agora, senão te mando para a guilhotina ou aiii... – Madu se cortou ao sentir as mãos firmes de Robin estapearem e encaixarem sobre suas nádegas. – Eu...
- Você fala demais, majestade!

Foram as últimas palavras que Robin disse antes de tomar os lábios de Madu com intensidade. Uma de suas mãos subiu até os cabelos de Madu e puxaram para trás fazendo ela erguer seu queixo dando abertura para que a médica explorasse sua garganta. Robin desceu com a boca e mordeu seu busto pouco se importando com um futuro hematoma. No fundo até queria que ficasse algum para Madu se lembrar durante um bom tempo em que circunstâncias foram feitos. Explorou os seios, cada um deles, Madu pensou em dizer qualquer coisa, mas perdeu qualquer tipo de raciocínio quando Robin sugou seu seio esquerdo.
O toque da médica não era afoito ou rude, Robin sabia dosar o seu desejo com o prazer de Madu e levar a Rainha ao delírio com sua língua e os lábios se perdendo entre seus seios de forma única, em toques precisos. Madu sentia que seu coração estava prestes a sair por sua boca. Por sorte a casa estava vazia, seus alaridos de prazer pareciam não ter fim e quando as mãos de Robin desceram e desfizeram de sua calcinha de renda Madu sentiu que estava perdida.
Robin a fez encostar suas costas no colchão. Os dedos não seguiram direto para o sexo, primeiro Robin contornou a marca de sol desenhada em sua virilha. Só tinha visto Madu de biquini uma vez, no primeiro dia daquele ano. Ao ver a Rainha em trajes menores, Robin pensou em como seria bom tirar aquelas duas peças e meses depois tinha Madu como desejava, nua em cima de sua cama, sob seu corpo. Assistiu cada poro da Rainha se arrepiar com o toque de seus dedos sobre a marca de sol.
Cuidadosamente, para não machucar Maria Eduarda, Robin penetrou seu indicador na leve penugem que cobria o sexo da Rainha e aprofundou o toque. Demorou certo tempo para se adaptar ao prazer de Madu, quando achou o ponto e movimento correto, Madu a puxou para um beijo. O intuito de Madu era abafar o som de seus gemidos, sem sucesso.
Apesar da boca estar ocupada, um gemido ou outro acabava escapando. Naquele momento Robin tinha achado seu ritmo ideal e enlouquecia com suas habilidades. Os dedos da médica massageavam o clitóris e entranhas da Rainha de maneira prazerosa. Com o passar dos minutos, Madu se movia insinuantemente. Sugava gostosamente a língua de Robin e sentia a médica imprimir o mesmo ritmo com os dedos em seu sexo. De certa maneira, Robin permitia que Madu controlasse o ritmo do ato.
Os corpos, levemente suados, faziam esforço para não se desgrudarem em um arremate perfeito. Robin percebeu o clitóris da outra inchar em contato com seus dedos e acelerou o ritmo imprimindo mais intensidade nas mãos e nos beijos que trocavam. Querendo prolongar mais um pouco, Madu decidiu trocar de posição e sussurrou no ouvido da médica.

- Deixa eu ficar por cima...

Em seguida envolveu os lábios da médica de maneira apaixonada e fumegante. Robin estava sentada sobre o colchão e Madu por cima da médica. A Rainha jogava o corpo sobre os dedos da outra. Seus seios eram tocados de maneira prazerosa enquanto ouvia palavras desconexas soltas pela mulher de cabelos curtos. Robin encaixou a mão direita sobre sua anca e ajudava Madu a se movimentar. O toque firme da médica aumentava o prazer da Rainha que agora estava pronta para se deixar levar. Incentivava Robin com palavras ao pé do ouvido e arranhões sobre suas costas.
Quando estava prestes a ter seu orgasmo, Robin retirou os dedos. Apenas não agrediu a médica, pois estava sem fôlego. Abandonou qualquer instinto violento quando entendeu o que a doutora queria. Robin substituiu os dedos pela boca. E que boca... Sua língua quente e macia, os lábios fartos eram muito bem utilizados pela médica. Sem saída, Madu entregou-se ao prazer jogando sua virilha contra o rosto de Robin, a médica a chupava de maneira arrasadora. Em minutos Madu sentiu suas vistas se confundirem e o ar faltar. Puxou os cabelos da médica e em um último ato de sanidade avisou que iria gozar. Robin foi presenteada com uma série de orgasmos intensos e calorosos que tiraram quase todo o folego de Madu.

- Meu Deus... – Madu conseguiu murmurar. - Robin...

Também faltavam palavras a doutora. A imagem de Madu chamando por seu nome enquanto chegava ao ápice era um registro que ela não esqueceria tão cedo. O sexo com Madu era muito mais intenso do que poderia imaginar. Seu corpo também queria chegar ao clímax. Sem pudor algum, Robin colocou a mão dentro da própria calcinha e penetrou dois dedos na própria cavidade para manipular seu clitóris enquanto trocavam olhares. Madu já tinha transado com mulheres, mas nunca tinha visto nenhuma buscar prazer de forma tão despudorada como Robin fazia na sua frente. Aquela cena, que por si só já era excitante, e a simbologia de liberdade imposta nela, reacenderam o corpo de Madu.
Sem saber como, Madu teve forças para erguer as costas do colchão e deitar Robin sobre ele. Desfez da calcinha da médica e sem cerimônia alguma, encaixou seu sexo umedecido  pelo gozo ao da doutora. Robin não resistiu e puxou a Rainha pelo quadril intensificando o encaixe. Madu rebolava sobre seu sexo, tomou a boca de Robin de maneira envolvente e quando sentiu que a médica começava a gozar, transformou o beijo em uma carícia tórrida mordendo seu lábio. Seu corpo deu sinal que teria mais um orgasmo. Deixou o corpo tombar e pesar contra o de Robin ao chegar ao ápice.
O ato foi tão forte que não tiveram força para se mover. Com o passar dos minutos, os corpos se encaixaram de maneira automática enquanto descansavam sobre a cama. Madu deitou sua cabeça sobre o peito da doutora e sentia seu coração bater acelerado. O dela não estava em ritmo diferente. Suas mãos acariciavam a barriga torneada da médica.

- Peste Rubra é um ladrão... - Madu comentou aleatoriamente. Robin a encarou confusa. – Roubou meu coração. – Robin não conseguiu não rir. – Eu devia mandar ativar de volta a guilhotina e te mandar pra lá, ou te manter preso.
- Por roubar seu coração? – Robin questionou carinhosa.
- Também... – Madu começou a beijar o busto da médica. - Por jogar esse seu charme de Robin Wood latino e se aproveitar de mim... – Beijou seu pescoço. -  Por me enganar com essa cara de boa moça e no fundo ser a maior conquistadora do pedaço... – Beijou seu queixo. – São tantas acusações... Você não precisa nem de julgamento. Nada de Peste Rubra Livre.

Robin envolveu Madu em um beijo calmo e carinhoso.

- E agora... Estou perdoada?
- Acho que vou precisar de uns cem mil desses, no mínimo... Entre outras coisas.
- Nossa... – Robin deixou um beijo sobre os cabelos de Madu. – Cem mil é muita coisa... Que meta...
- E quando chegarmos na meta, o plano é dobrarmos a meta... – Madu brincou fazendo Robin rir. Puxou Robin para mais um beijo. – E você está só no inicio de sua sentença...
- Não esquece que amanhã precisamos acordar cedo para viajar... – Robin comentou com Madu entre um beijo e outro. – Não podemos perder a hora...
- Então é mais seguro a gente nem dormir, assim não corremos o risco de perder a hora. – Madu se sentou sobre as pernas de Robin. – A noite está apenas começando, doutora...

Robin recebeu a notícia com alegria. No fundo compartilhava da ideia de Maria Eduarda. Não sentia a mínima vontade de dormir durante as próximas horas.

(...)

- Como é a frase mesmo? – Fátima perguntou entre risos. – Minha vó tem quantas joias...

Clara riu. As duas estavam levemente alcoolizadas. Antes de saírem da festa de São Valentim, a mais velha ainda conseguiu surrupiar da dispensa da igreja uma garrafa de vinho que foi consumida por ambas durante a madrugada. A festa era tradicional na Ilha, mas estava um tanto tediosa e desagradável para Clara. Muitas pessoas comentavam sobre seu recém desquite. Ela decidiu sair mais cedo e Fátima resolveu acompanhá-la, também não tinha muito interesse no festejo religioso. Durante o retorno para casa, Clara comentou com Fátima que durante aqueles dias andava fazendo muito calor em Ursal e a secretária era de pleno acordo.

- Pena que quase não temos tempo, mas eu adoraria um banho de mar para refrescar...
- Tenho tanta saudade de quando era mais jovem... Eu não saia da praia. – Clara comentou. – Bons tempos que não voltam mais...
- Bobagem, Clara... A praia está bem aí e você continua jovem... Duvido que tenha perdido seu espírito aventureiro. Só precisamos nos organizar melhor para irmos a praia.
- Irmos? – Clara se interessou. - Trata-se de um convite...

Fátima deu os ombros.

- Se você aceitar... É...
- Vamos agora?

Fátima parou de caminhar.

- Agora? Já passou das duas da manhã...
- A praia está vazia... A noite está quente... Eu adoraria ver o nascer do dia...
- Meu pai é pescador, quando eu era pequena, ás vezes, ele me levava para trabalhar com ele... Eu acabava vendo o sol nascer da praia... É uma imagem encantadora...

Clara sorriu.

- Quando eu era adolescente, as vezes eu aprontava das minhas... Fugia de casa para as noitadas e no final sempre íamos para a praia... Não era você que estava falando sobre ter espírito aventureiro... Cadê o seu?
- Talvez esteja dormindo porque são duas da manhã, garota sapeca... – Fátima brincou empurrando o ombro de Clara. A mais velha abriu a bolsa e retirou a garrafa de vinho. – Que é isso?
- Vinho... Eu peguei na igreja... Doaram muitos e deve sobrar bastante... Meu plano era ir para o meu apartamento e tomar sozinha... Mas se isso for despertar seu espírito aventureiro eu aceito dividir...

Fátima estava corada e morrendo de vontade de rir.

- Clara, você é doida... Roubar a igreja...
- Depois me acerto com Deus. – Disse jogando uma piscadinha marota a Fátima que riu. – E então? Vamos? – Aproximou-se de Fátima. – A noite está linda e está quente demais para ficarmos trancadas em nossos quartos... Você não acha?

A secretária estava pronta para negar o convite, mas ao se deparar com os olhos azuis da outra, desistiu da ideia. Os olhos de Clara a confundiam, pareciam revirar sua cabeça e estômago, entretanto não conseguia dizer não a eles. E mais uma vez não disse.

- Eu devo estar ficando doida por seguir uma ideia dessas... – Clara riu festejando a decisão de Fátima. – Vamos!


E assim as duas amigas foram parar na praia de madrugada. Apesar do escuro, Fátima não teve medo. A mão de Clara segurava a sua e ruiva caminhava de forma segura. Pelo jeito Clara conhecia aquele caminho muito bem. Devia ter feito muitas vezes. Mesmo depois de algumas goladas na garrafa de vinho, a professora não hesitou sobre o trajeto durante momento algum.

Ao chegarem na faixa de areia, Fátima internamente agradeceu pela ideia de Clara. O céu estava estrelado e a brisa tão fresca e agradável que seria um pecado não aproveitar-se daquele presente. Ela não era muito chegada a bebidas alcoólicas, mas até que o vinho estava de seu agrado. Tinha o gosto da uva e não parecia alterar seus sentidos.

- E então? Fizemos bem em vir? – Clara quebrou o silêncio. Ela tinha flagrado o olhar de admirado de Fátima em direção ao mar e ao céu estrelado. – Valeu a pena?

Fátima sorriu.

- Seu ego orgulhoso precisa ouvir que sim, não é? – Fátima debochou fazendo Clara rir. E admitiu. – Você estava certa... Seria um desperdício não aproveitar essa noite... – Clara desfez de sua blusa. – Ei, o que está fazendo?
- Não quero encharcar minhas roupas no mar... – Deixou a blusa ao lado das sandálias que já havia tirado antes de pisar na areia. – Você vai entrar de roupa?
- Você vai mesmo entrar na água? Nesse horário?
- Detesto perder oportunidades. – Clara abriu a bolsa para procurar algo para prender os cabelos. – E você?

Fátima se derretia de calor. A ilha já estava quente e a visão de Clara se despindo na sua frente piorava a situação. Detestava a sensação de suor. Adoraria dar um mergulho, mas não achava que devia.

- Eu fico por aqui... Não sei se é uma ideia você mergulhar. – Fátima comentou. – Tomou vinho.
- Vinho de igreja... Isso é praticamente suco de uva, não tem quase nada de álcool...
- Já que insiste em entrar no mar, não seja imprudente... Vá que olharei suas coisas...

Clara sorriu.

- Obrigada... – Deixou um beijo no rosto de Fátima em agradecimento. A mais nova chegou a tremular com o contato. Antes de seguir para a água, sussurrou no ouvido da garota. – Quando você me conheceu, eu estava usando bem menos roupa que isso... Não precisa se intimidar...

De vermelha, Fátima passou para vinho. Todas as emoções que faltaram no beijo com Inácio estavam sobrando naquela praia. Assistiu a ruiva entrar na água e chocar seu corpo alvo contra as ondas calmas. Clara devia gostar mesmo de praia pois parecia muito feliz em seu reencontro com o mar.
Se as ondas do mar estavam calmas, dentro de Fátima faziam uma verdadeira revolução. Tratavam-se de ondas de calor e de confusão. O beijo em Inácio não saia de sua cabeça e nem era por um bom motivo. Porque seu coração não podia palpitar com beijo de Inácio como palpitou com o beijo no rosto que ganhou de Clara?
Ela era uma mulher. Uma mulher mais velha. Experiente. Fátima não conseguia ver alguma forma daquela história dar certo, no entanto estava cada vez mais próxima de Clara. No mar, a professora brincava despreocupada. Fátima resolveu dar um gole no vinho para tentar relaxar. Sentou-se próximo dos objetos de Clara. A ruiva foi mais a fundo e mergulhou. Não apareceu mais causando aflição em Fátima.

- Clara... -  Fátima murmurava para si. – Eu falei pra você não entrar... Aparece...

A ruiva não atendeu ao seu pedido. Próximo de onde estavam haviam pedras. Será que havia batido a cabeça ou prendido o corpo em uma das pedras? Preocupada, Fátima despiu seu vestido e correu para o mar. Como filha de pescador, sabia mergulhar muito bem. Até em alto mar. Emergiu e nem sinal da ruiva. Após alguns segundos colocou a cabeça para fora da água. Desesperada olhou para os lados a procura de algum vestígio da professora. Começou a chamar por seu nome.

- CLARA! CLARA!
- Ainda bem que você está falando... – Clara disse entre risos. No mar percebeu que Fátima não tirava os olhos dela. Mergulhou e por debaixo da água contornou as pedras. Saiu escondida e ficou atrás das pedras, observando Fátima. – Se cantasse eu jurava que era uma sereia tentando me seduzir... – E ainda fez referencia a lingerie que Fátima usava. – Você fica muito bem de preto.

Depois que Fátima entrou na água, Clara esperou ela mergulhar e então foi para o raso, a sua espera. Fátima ficou aliviada ao ver a ruiva estava bem, mas não ficou feliz. Voltou para o raso tentando estapear Clara que corria se divertindo com  a reação da outra. Na movimentação, Clara pisou em falso e caiu, Fátima estava logo atrás dela e também acabou caindo.

- Aiii... – A mais nova levou a mão ao pé. – Aiii...

Clara rapidamente correu para junto da garota.

- Você machucou? Desculpa pela brincadeira idiota eu não devia...

Antes de terminar sua frase, Clara foi atingida por uma porção de areia molhada na barriga. Olhou para a Fátima sem entender. A garota se divertia.

- Acha que é a única que sabe pregar peças, espertalhona? – A secretaria disse entre risos por conta da surpresa e indignação de Clara. – E já que você gosta de mergulhar, acho que vai precisar mergulhar de  novo pra tirar toda essa sujeira... – Disse jogando mais areia molhada sobre Clara.
- Pois se prepare, menina... Pois terá retorno...

Fátima ficou de pé.

- Você não se atreveria. - Antes que pudesse completar a frase, Fátima teve uma de suas bochechas sujas por areia molhada. Clara sujou o próprio dedo com areia e a “pintou". Esperta, nem esperou a reação de Fátima e correu em direção ao mar. A mais nova logo a seguiu enquanto vociferava ameaças. – Me aguarde, dona Clara...

Passaram um bom tempo na água. Ninguém levaria suas coisas já que a praia estava vazia. Brincaram, limparam-se e aproveitaram bem o raro momento de descanso. Depois seguiram para a faixa de areia. Ambas estavam cansadas de toda a correria, mas não permanecia caladas. Tudo era assunto. Falaram da festa, Fátima comentou sobre seu beijo em Inácio e Clara sobre as maledicências que ouviu por estar desacompanhada.

- Esse povo é muito ingrato... Deviam te agradecer e muito. Se não fosse por você, eu queria ver onde os filhos dessas pessoas estudariam.
- Todos colaboraram no mutirão.
- Mas você trabalhou muito e ainda cedeu o galpão sem obrigação alguma. Devemos muito a você, Clara e assim que eles te pagam? Fazendo fofocas! Devíamos era abrir o jogo e dizer a verdade para todos. Quem sabe assim te dão o devido valor...
- Não, nosso trato permanece em sigilo... Ficarei aborrecida se você contar algo. – Clara afirmou. Fez uma pausa. – E como educadora eu sinto que não fiz mais que a minha obrigação. Deixar um monte de crianças sem aula, sendo que eu posso ajudar...

Fátima sorriu.

- Você ama dar aulas, não é?

Com um sorriso tímido, Clara confirmou.

- Eu acho que eu amo aprender e virei professora para continuar aprendendo para sempre...
- É difícil estudar e trabalhar ao mesmo tempo, mas eu também gosto muito de aprender coisas novas... – Olhou para a ruiva. – Se você não fosse professora, teria que profissão?

Clara pensou um pouco.

- Gostaria de ser astrônoma...
- Astrônoma... Que estuda o céu?
- O céu, as constelações, planetas... O universo... Imagina quantas coisas tem para descobrir... Clara comentou olhando para o céu. – Pra gente aprender...

Fátima sorriu.

- Eu nunca conheci ninguém que entendesse sobre isso... Na escola aprendi um pouco, mas confesso que nem lembro direito da ordem dos planetas...
- Vou ensinar uma frase que você não vai esquecer mais a ordem dos planetas: minha vó tem muitas joias, mas só usa no pescoço.
- Que?- Fátima perguntou surpresa.
- Minha vó tem muitas joias, mas só usa no pescoço. – Clara repetiu e começou a explicar. – Minha começa com M, M de Mercúrio. Vó começa com V de Vênus. Tem, começa com T de Terra. Muitas, M de Marte. Joias, J de Jupíter. Mas você pula. Só de Saturno. Usa começa com U de Urano. No começa com N...
- De Netuno e pescoço com P de Plutão. – Fátima compreendeu o raciocínio. Cada palavra começa com a letra de um planeta. Mercúrio, Venus, Terra, Marte, Jupíter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão... – Riu. – Como é a frase? Minha vó tem quantas joias...
- Não... Minha vó tem muitas joias, mas só usa no pescoço. – Clara sorriu. – Foi um professor muito antigo que me ensinou esse truque.
- Você deve ser ótima professora... – As duas estavam deitadas, admirando o céu. – E você as estrelas por nome... Essas coisas...
- Algumas constelações eu consigo identificar... Hoje o céu está bem limpo, está bom pra gente observar... Aquelas três estrelas que brilham forte são as Três Marias.

Fátima apontou com o dedo.

- Aquelas ali?
- Não aponta senão nasce uma verruga no deu  dedo. – Clara brincou abaixando a mão de Fátima. – São aquelas... Elas fazem parte da constelação de Órion... Elas podem ser vistas tanto pelo hemisfério norte quanto pelo sul.
- Órion é um nome diferente...
- É uma constelação muito antiga... Você quer saber a história...

Fátima fez um gesto afirmativo e Clara então começou a explicar o que sabia sobre a constelação de Órion e outras constelações. Pelos olhos de Clara, Fátima achou astronomia bem mais interessante do que nos tempos que frequentava. De estrelas passaram a falar sobre outros planetas, galáxias até chegar a Star Wars e vida inteligente fora da Terra.

- Então você acha que é possível? – Fátima questionou.
- Com certeza... E civilizações muito mais avançadas que a nossa... Esses computadores da Nasa, eles devem ter um pra cada um deles e deve caber no bolso da calça. Tipo um telecomunicador. – Clara comentou em tom divertido fazendo Fátima rir de suas viagens. - Um dia a gente descobre...
- E você tem vontade de descobrir?
- Outros povos? Lógico! Você não tem curiosidade, por exemplo, de conhecer marcianos...
- Seria legal, mas... – Fátima olhou nos olhos de Clara. Tomou coragem e então disse. – Tem muita gente interessante que está mais perto de mim que eu tenho bem mais interesse em conhecer...

As palavras pegaram a ruiva de surpresa. Fátima estava bem próxima dela. Assistiu o rosto da jovem se avermelhar como se tivesse insegura do que falou. Devia estar. Clara abriu um sorriso para tranquilizá-la. Em um gesto automático buscou pela mão da jovem, Fátima percebeu que a ruiva ia se aproximar, mas o movimento de Clara foi interrompido por vozes. Deviam ser pescadores chegando para trabalhar. Clara soltou sua mão.

- Melhor a gente se vestir...
- Claro... Melhor mesmo...

Em pouco tempo, Clara e Fátima estavam devidamente vestidas. Quando os pescadores apareceram, resolveram se afastar para assistirem o nascer do sol sem ouvir gracinhas ou coisas do tipo. Foram embora pouco depois das seis da manhã em um silêncio confortável. As manchas de umidade sobre as roupas e os cabelos ainda molhados denunciavam que passaram a noite lado a lado. O fato não passou despercebido pela mãe de Fátima. Assim que a garota entrou em casa, percebeu algo estranho com a filha. Fátima então confessou que passou a noite na praia.

- Mas sozinha? Não é perigoso, não?
- Eu não estava sozinha... – A mãe da menina a fitou surpresa. Não era uma mulher conservadora, mas sabia preservar bem sua filha. Ao perceber que falou demais, Fátima consertou. – Estava com os anjos... A senhora não vive falando pra eu rezar para o meu anjo da guarda? Então... Ele está sempre comigo. - Espreguiçou-se. – Agora vou dormir... Aproveitar que hoje é meu dia de folga...
- Está certo, minha filha. Só quero que você tome cuidado, mas conversamos sobre isso depois. Eu preciso trabalhar... – Fátima agradeceu. Estava com o corpo moído implorando por sua cama. A mãe lhe deixou um beijo na testa. – Sonhe com os anjos... E que eles coloquem juízo na sua cabeça. Bom dia.

Fátima sorriu com a inocência da mãe. Mal poderia imaginar o anjo que sua filha gostaria de sonhar.

- Obrigada, mamãe. Tenha um bom dia!

(...)

Um leve ronronar foi o despertador da médica naquele dia. Robin nem havia dormido na verdade, a madrugada foi longa e os primeiros raios de sol ainda se mostravam tímidos. O cansaço acabou nocauteando as duas mulheres que enrolavam-se em meio ao lençol fino e aproveitavam as últimas horas na ilha. Em breve teriam que partir e não poderiam aproveitar a maciez da cama por mais que ela parecesse extremamente atrativa.
Robin mantinha os olhos fechados. Aproveitava o toque do corpo junto ao seu e o silencio que facilitava a percepção de qualquer movimento que Madu fazia. Naquele instante, a médica constatava que havia amado cada momento desde a chegada em sua casa, Madu foi e continuava sendo uma grata surpresa em sua vida, desde os momentos mais luxuriosos, até aqueles em que borboletas faziam festa em seu estomago e sentia o peito esquentar em um sentimento ainda inominado.
O silencio foi cortado por um estrondo no primeiro andar da casa, barulho esse que fez Madu resmungar e mudar de posição na cama. Robin só pode rir da cena em que Madu se encolhia e fazia uma careta, mas não dava sinal algum de que iria acordar. Sem outra alternativa, Robin deixou um beijou sobre o ombro desnudo de Madu, vestiu-se adequadamente e desceu para conferir o que acontecia. A medica já estava acostumada com pessoas zanzando por sua casa, Leão era um dos que não marcava hora e aparecia do nada, não se surpreenderia nada se fosse o amigo.
Ao pôr os pés no último degrau da escada constatou que na sala de sua casa não havia ninguém, mas pode ouvir sussurros em direção a cozinha e para lá marchou de forma tranquila, conhecia muito bem cada uma daquelas vozes.
- Que invasão é essa? –  Robin exclamou com a intenção de assustar, mas não tão alto a ponto de acordar Madu no segundo andar.
Assustadas, as três invasoras encararam Robin. Tratava-se de Antônia, Heloísa e Mari de olhos arregalados. A menina ficou tão surpresa que escondeu-se atrás da saia de Antônia por ter sido pega no flagra. A cozinha estava um tanto revirada e um cheiro bom saia das panelas.
- Ai Robin, me coração é fraco, não faça isso. –  Antônia dramatizou com a mão no peito, sua mulher riu com a cena e recebeu uma cara emburrada como resposta.
- Desculpem-me, mulheres de minha vida, prometo que não farei. Mas o que estão aprontando uma hora dessa?
Robin abraçou as duas mães em uma despedida silenciosa, seriam apenas alguns dias, mas já sentia os efeitos da saudade. Desde que adotou Mari, suas mães estavam lá e sentia como se sua família finalmente tivesse tomado forma, faltando apenas Julinha. Em seguida Robin se aproximou e suspendeu a menina que considerava filha e a abraçou, Mari sorriu com o ato e sorriu para as avós que admiravam a cena.
- Vou morrer de saudades, pai...Por isso viemos fazer uma surpresa!
- O que você disse? – Perguntou a medica emocionada.
- Não podia falar da surpresa...- Sussurrou a menina logo tapando a própria boca, se auto repreendendo pelo deslize.
- Não tem problema, eu prometo guardar segredo... – Cochichou Robin de forma cumplice enquanto olhava para a menina de forma abobalhada.
As mães de Robin, nada diziam diante da cena, ambas não esperavam por aquele singelo, porem importante acontecimento, as duas haviam premeditado aquele café da manhã por dois motivos, mas o ato totalmente espontâneo da pequena Marielle tornou aquela manhã que seria apenas de despedida e uma pequena comemoração muito mais especial.
- Eu chamei o senhor de pai. Eu ainda posso?
- Claro que pode, você é minha filha e nasceu daqui. – Sem perceber a medica vertia finas lagrima de felicidade enquanto apontava para o próprio peito. – Do meu coração. Só não quero que me chame de senhor que eu não sou velho...

Essa foi a cena que Madu presenciou ao adentrar na cozinha, por sorte havia se vestido com algumas peças de Robin antes de descer. Um tanto confusa, a Rainha manteve-se parada apenas observando o desenrolar da cena que parecia ser importante, com as duas mais velhas chorando silenciosamente e as mais novas se abraçando. Madu chegou a conclusão que aquela era uma das cenas mais bonitas que já havia presenciado, mesmo que não soubesse o que estava acontecendo, podia sentir todo o amor que estava explicito em cada olhar.
- Princesona! – Exclamou Mari logo que a viu para na entrada da cozinha. Em um ato inocente a menina secou um das lagrimas que escorria pelos olhos de Robin e sorriu para ela. – Sabe como eu chamo agora o tio Robin? De pai!
Sem esperar qualquer resposta a menina surpreendeu a rainha com sua exclamação e emocionou e a todos naquela cozinha mais uma vez. Apesar de esperta Mari ainda era uma criança e seu estomago faminto precisava ser saciado e logo a atenção da menina mudou para todos os quitutes que suas avos preparavam, agora com a ajuda de Robin e Madu.
- Eu vou sentir saudades de vocês igual sinto da tia Anahí e do Peste Rubra. – Mari murmurou verdadeiramente triste, as últimas perdas geraram um certo trauma na menina que tinha um medo latente de ser abandonada. – Vocês prometem que voltam?
- Claro meu amor! – MAdu tomou a frente ao perceber que Robin não sabia o que dizer. - É apenas uma viagem para resolver algumas questões do reino, mas assim que acabar nos voltaremos rapidinho. Não quero ficar longe de você e tenho certeza que seu pai não aguentaria ficar longe.
- Isso mesmo. – Robin afirmou. – Não vamos demorar.
- Prometem? – Perguntou a menina desconfiada.
- Prometemos sim! –  Robin confirmou apertando a bochecha agora rechonchuda da menina. – E tem mais, um dia desses, eu falei com Peste Rubra. – Mari abriu a boca perplexa com a informação, a menina havia até parado de comer. – Ele tinha machucado o braço e eu sou medica...medico... Então ele disse que logo, logo ele volta.
Apesar dos olhares reprovadores que recebeu das mães por estar mentindo para a filha, Robin ficou feliz por saber que Mari o admirava mesmo e sentia saudade, mesmo que indiretamente, já que a medica era Peste Rubra. Madu ria com a cena e feliz e constatou que não se sentia deslocada diante daquela interação familiar.
- E para confirmar nossa promessa, deixarei minha medalhinha de Princesa Berta com você, você sabe que ela já me curou e que Princesinha Berta me protege para onde quer que eu vá. Eu tenho muito apreço por ela, mas ficará com você até eu voltar. Combinado?
Mari nada respondeu de imediato e olhava para as outra de forma espantada, as mãozinhas menina escondendo a surpresa e o sorriso que aos poucos brotavam no rosto respondia qualquer dúvida. Mari sentia que aquele pequeno objeto logo as traria de volta, pois era um dos bens mais preciosos da Rainha, por isso logo esticou o pescoço para a Rainha colocar e em seguida poder abraça-la. Um rápido olhar entre Antônia e Robin foi trocado de forma rápida, Madu ainda abraçada a Mari não percebeu o mal-estar que se instalar entre as duas.
As horas se avançavam e a viagem se aproximava, Mari brincava com Batman na sala, Madu se trocava no quarto da medica com uma das roupas que encontrou na mala que tinha sido entregue há poucas horas. Robin já estava pronta, assim como todos os outros preparativos para a viagem. As duas haviam planejado tudo com antecedência para que nada desse errado, seria a primeira viagem que fariam e junto com as malas, elas carregavam expectativas de que não seria um passeio qualquer.
A despedida entre as mães e a filha foi no porto que não ficava muito longe da casa da medica, Madu abraçou uma a uma se demorando mais em Mari, enquanto Antônia se afastava com a filha para uma última conversa.
- Eu sei que você não suporta essa data e fugiu ontem o dia todo de mim e de sua mãe, mas agora você não me escapa. – Cada palavra era sussurrada no ouvido da medica, mesmo que o tom fosse de repreensão, as palavras eram carregadas de carinho e Robin sabia disso. - Mesmo que tenha acontecido muitas tragédias, você é um presente para mim e em todo dia de San Valentin e aniversario de Princesinha Berta quem ganha o presente sou eu...
- Sua filha está ficando velha e não deixa de ser chorona, Dona Antônia.. – Disse Robin de forma humorada em meio a soluços.
O abraço aos poucos foi desfeito e as mãos unidas assim como os olhos que trocavam significativo afeto. Madu observava de longe acompanhada de Heloisa e Mari que agora chupava um picolé.
- Para mim,  você vai ser sempre aquela menininha curiosa e corajosa, que queria cortar o cabelo porque sentia muito calor. – A mãos macias de Antônia apertaram mais um pouco as mãos de Robin. Tinha mais uma coisa para falar e sabia que sua filha precisava ouvir. – Você precisa contar a verdade para Madu, se você a ama, precisa contar toda a verdade sobre seus pais e o Juan Batista!
- Mas eu nunca disse que eu....
- Você precisa dizer nada, sou sua mãe e sei...Agora vá! – Selou mais um beijo na testa da filha. – Que todo universo continue lhe protegendo, minha Princesa Berta!

FIM...

Somos imensamente gratas por cada apoio através de leituras, comentarios, abraço amigo e credibilidade quanto a nossa arte. Nos vemos na proxima temporada, com Ravena&PesteRubra, Madu, Robin, Mari, Anahi e toda a apopulação da ilha de Ursal.

Até a proxima temporada ^^

Os MonarcasOnde histórias criam vida. Descubra agora