desconheço.

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Desconheço

"Que mundo é esse?
Em que me encontro agora
Mergulhado em águas espessas
Turvas, nebulosas

Será que algum dia sairei?
Serei capaz de entender?
Não sei, não sei

Tudo para mim é confuso
E eu estou desesperado
Indo cada vez mais para o fundo
Ficando cada vez mais perturbado

Por favor alguém me ajude
O que farei agora?
Se não sei onde estou nesta hora"


Normalmente, poucas coisas na vida me deixam verdadeiramente incrédulo.

Não que eu esteja me vangloriando de tal fato, na realidade este é apenas mais um ponto divergente de minha personalidade em relação ao senso comum. Apenas mais ponto que me mantém afastado de todo o resto. Todavia, eu não me incomodo a respeito desse fato, diferentemente de como eu costumo me remoer quando o tema central são os sentimentos desconhecidos por minha mente e corpo leigos. Eu sou apenas indiferente a isso. Se algo será capaz de me chocar ou não, que seja, a frequência da ocorrência desses espantos beira o nunca, contribuindo em níveis extrapolantes para minha personalidade fria e um meio metódica.

Os fatores não tão extraordinários de minha vida maçante também contribuíram para tal sentimento de indiferença. Exemplos excelentes de tal podem ser pontuados por minha mente e alma consumidos pelo espírito selvagem e, em partes, assassino da metrópole urbana de Busan, com a constante demonstração da crueldade e egoísmo humano e meu núcleo familiar um pouco distante, com um pai policial e mãe médica — sim, eu era bem privilegiado e não me arrependo de ter abandonado minhas raízes por isso. Contudo, o ponto de maior peso (assim como é para boa parte da minha vida e convicções) foi o caminho poético que eu trilhei e continuo a trilhar, com o trabalho constante nas regiões mais melancólicas de minha mente e a represália contínua de sentimentos e emoções, além de me obrigar a tomar decisões que exigem muito de uma mente concentrada e fria, alheia a demais emoções nauseantes.

Por conseguinte, devido a essa vida habitual e história marcante, eu, dificilmente, me espanto com a forma que alguns casos tomam.

No entanto, ainda existem as exceções que conseguem intrigar minha mente bem trabalhada e me deixar perplexo em níveis que eu nunca soube serem capazes de serem atingidos.

E eu posso afirmar que, neste exato momento, eu estou incrédulo enquanto caminho, sob o véu do frio do outono, em direção à casa dos Kim, para o funeral do peixe dourado da mãe de Taehyung.

O soar da ridiculisse da situação é tão astronômica que eu simplesmente não tive palavras o suficiente para descrever a indignação que senti assim que meus ouvidos foram recebidos pela voz pesada de Taehyung, interrompendo minha discussão ferrenha contra Namjoon sobre comida — o mais velho insistia em dizer quem o kimbap de seu namorado, Seokjin, humilharia o kimchi deliciosamente perfeito de Taehyung —, proferindo a história de como o falecido animal se foi e me convidando para a cerimônia de funeral e sepultamento do peixe dourado — por favor, coloque bastante ênfase nisso.

Minha mente logo foi bombardeada por teorias desesperadas, amedrontado pela hipótese de o rapaz ter seus sonhos despedaçados por alguma ocasião desconhecida. Será que voltaram atrás com a decisão?, foi o primeiro pensamento que me ocorreu, e eu confesso que me desesperei um pouco. Já começava a trabalhar em inúmeras palavras de conforto para o rapaz e eu até mesmo juntava minhas coisas, pronto para ir à casa de Taehyung e exercer minha função de amigo e estar presente para ajudá-lo a superar aquela dor. Mas assim que ele me esclarecera que Goldie, o peixe dourado da Sra. Kim, havia morrido eu imediatamente senti meus músculos relaxarem, um por um, se livrando da tensão e o medo que transbordavam meus membros. Foi um alívio absurdo e eu percebi meus pulmões se livrarem de um ar que eu não me recordava de estar prendendo.

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